quarta-feira, 24 de maio de 2017

Os trabalhos mineiros no Castanheiro (I)


Para além das três concessões na proximidade dos Carris, a Sociedade Mineira dos Castelos pretende iniciar também a exploração da concessão do Castanheiro localizada a cerca de 4 km a Sudoeste das concessões principais.

No plano de lavra datado de 3 de Julho de 1943 e elaborado por Francisco da Silva Pinto, Director Técnico da concessão, é referido que a concessão se situa nos limites do lugar de Lapela, freguesia de Cabril, e que o ponto de partida para a sua demarcação é o centro geométrico de uma casa denominada ‘Casa da Cabana’ localizada no sítio do Castanheiro, estando o ponto de partida devidamente ligado à rede geral de triangulação nacional por intermédio das pirâmides geodésicas de Lamas, Cerdeira e S. Bento. Tal como acontece nos altos serranos, a topografia do local é bastante acidentada com terrenos baldios, sem culturas e não apresentando aspectos especiais ao nível da geologia. Na área estava reconhecido um único filão volframítico, mas supunha-se poder ocorrer o aparecimento de mais filões pois as características dos filões já reconhecidos noutras concessões apontavam sempre para a presença de vários filões paralelos semelhantes ao que havia sido reconhecido.

O filão do Castanheiro apresentava-se em veios de quartzo com impregnações de volframite, pirites e óxidos de ferro, tendo uma direcção geral de Nordeste e inclinação vertical. A sua possança era variável, apresentando-se em bolçadas mais ou menos extensas com uma possança média de 0,20. Na altura da apresentação do plano de lavra, o filão estava reconhecido em cerca 350 metros não havendo na altura reconhecimento de aluviões por não terem sido realizados trabalhos de reconhecimento com esse intuito.

Tal como aconteceu com várias concessões, os trabalhos realizados na mina do Castanheiro constavam de uma série de sanjas ao longo do filão com uma profundidade média de 5 metros e com uma largura de 2 metros. Estes trabalhos haviam sido realizados pelo proprietário anterior que haviam sido suspensos, estando na altura a Sociedade a proceder a trabalhos de entivação e aterro de modo que os trabalhos pudessem ser executados “segundo as regras da arte de minas.” O plano de lavra previa a divisão do filão em maciços de desmonte que seriam limitados por galerias e chaminés segundo o filão. Para a obtenção do maior número de frentes de trabalho, estava prevista a abertura de galerias em direcção aos níveis 1060 m, 1080 m, 1100 m e 1120 m. As galerias dos 1060 e 1100 eram consideradas de circulação e extracção e teriam secções trapezoidais com base de 2,00 X 1,50 metros e altura de 2,00 metros, sendo as restantes também em secção trapezoidal com base de 1,50 X 1,20 e altura de 1,80 metros. As chaminés teriam 1,00 X 1,00 metros de secção. As galerias e chaminés seriam protegidas por paredes e pilares naturais que não seriam desmontados. Os desmontes seriam sempre feitos de baixo para cima pelo sistema de degraus investidos, tal como era utilizado na concessão do Salto do Lobo, e só seriam iniciados quando houvesse 3 a 4 maciços definidos, isto é, haveria sempre pelo menos um maciço pronto para desmontar entre o avanço da mina e os trabalhos de desmonte. A extracção e circulação seriam feitas pelas galerias em direcção e sempre pelo nível inferior. O sistema de traçagem apresentado seria suficiente para proporcionar uma boa ventilação da mina e o esgoto seria feito através das galerias.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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