quarta-feira, 31 de maio de 2017

Gerês Rock'Fest 2017


De inegável impacto socioeconómico para a região, terá lugar a 28 e 29 de Julho de 2017 o denominado Gerês Rock'Fest 2017.

Porém, e apesar da opinião que foi emitida pelo próprio Parque Nacional da Peneda-Gerês sobre o assunto (Um festival de rock às portas do Gerês? Sem problemas, diz Parque Nacional), ninguém pode negar o impacto negativo que este evento terá para aquela área protegida. Realizado foram dos limites do PNPG, o festival terá lugar dentro da área da Reserva Natura 2000.

Segundo a notícia do PÚBLICO "A mata é uma das áreas de protecção integral do PNPG, mas a distância a que o evento se realiza deixa descansado o director do parque, Armando Lacerda, que, num primeiro contacto do PÚBLICO, desconhecia, oficialmente, a realização deste festival. Por estar fora das fronteiras do PNPG, este não carece de qualquer tipo de autorização desta entidade, mas Adriano Pereira garantiu que a organização tinha todo o interesse em articular iniciativas de âmbito ambiental, esperando também aconselhamento sobre formas de minimizar eventuais impactos de um afluxo de pessoas fora do habitual."

Penso que um evento desta dimensão, com milhares de pessoas a afluir aos limites e ao PNPG, deveria ter sido melhor estudado juntamente com os serviços do Parque Nacional e analisados os impactos reais que terá sobre o ambiente e a área protegida.

Em termos pessoais, é um evento que me levanta muitas dúvidas...

Fotografia © Gerês Rock'Fest 2017 (Todos os direitos reservados)

A obtenção do minério nas Minas dos Carris


Os trabalhos de obtenção do minério nas Minas dos Carris eram semelhantes ao que decorriam em muitas outras minas no país.

No interior da mina o minério (tout-venant) era desmontado por meio de explosivos e transportado por vagonetas, subindo o poço de extracção interior, e daí, novamente por vagonetas até à lavaria. Aí, o tout-venant era britado, calibrado, escolhido manualmente, moído e concentrado em gigs "Pan America" e mesas "James", obtendo-se pré-concentrados "Miúdos" e "Finos". Este produto era então transportado num jeep para as instalações de flutuação e separação electromagnética para ser submetido a crivagem e moagem, ficando com uma granolumetria de cerca de 0 – 1,5 mm, que passava por uma mesa "Holmes" de concentração e flutuação (inicialmente os pré-concentrados, antes de passarem pelas separadoras, eram ustulados num forno anexo às instalações de flutuação e separação electromagnética, mas como o processo originava fumos e compostos de arsénio, passou-se a fazer uma secagem simples sobre chapas de ferro), obtendo-se, além do rejeito, um pré-concentrado de volframite, scheelite e cassiterite, arseno-pirites e molibdenite que após secagem em forno passava por separadoras electromagnéticas, obtendo-se um concentrado de volframite e um misto de scheelite e cassiterite que era vendido para uma oficina de concentração no Porto, sendo a volframite vendida para exportação. A recuperação era maior que 3,5 kg por tonelada e tout-venant .

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Ponte da Misarela: Uma caminhada dos Diabos!


Entre Ruivães e Ferral (freguesias de Vieira do Minho e Montalegre, respectivamente), ergue-se, com 13 metros de vão,um monumento medieval, sobre o Rio Rabagão. A ponte da Misarela, fonte de histórias, lendas, segredos bem guardados e penedos endiabrados, tem em si e em tudo o que a rodeia, uma beleza inigualável temperada de mística, cultura e demonstrações de força e coragem das gentes locais.

Esta caminhada, organizada em parceria pelo Projeto Raízes e pela Junta de Freguesia de Ferral, tem o apoio da Associação Amigos da Misarela, do Município de Montalegre e do Ecomuseu de Barroso - Centro Interpretativo das Minas da Borralha.

Inscrições obrigatórias até dia 7 de Junho através de:
Telemóvel: 932950458 ou 935471883

terça-feira, 30 de maio de 2017

Paisagens da Peneda-Gerês (CLXXXI) - Lagoa em sépia


Tendo por fundo a imponência invernal da Serra do Gerês, uma paisagem em sépia de Lagoa.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Visita às Minas dos Carris a 3 de Junho


Parque de Campismo de Cerdeira vai levar a cabo uma caminhada guiada às Minas dos Carris.

Designada por "Caminhada aos Carris", esta actividade tem como objectivo realizar uma visita guiada às minas com explicação dos aspectos mais importantes da actividade mineira na altura da II Guerra Mundial. A caminhada é feita ao longo do Vale do Homem.

A próxima actividade terá lugar a 3 de Junho.

Para mais informações e datas, consultar aqui.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Estrada da Albergaria a necessitar de reparações... de novo!


Duraram pouco os remendos no pavimento em parte da estrada que liga a Portela de Leonte à Portela do Homem, Serra do Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Incêndio no PNPG


O Parque Nacional da Peneda-Gerês, e nomeadamente a Serra do Gerês, foi mais uma vez fustigado por um incêndio florestal que deflagrou pelas 20:00 do dia 25 de Maio de 2017 na zona do Vidoal.

O incêndio foi dado como extinto pelas 24:00 ficando no local um piquete do ICNF de vigilância a fazer o rescaldo.

Ao contrário do que referi anteriormente, e segundo testemunhos visuais, o incêndio poderá ter sido causado pela trovoada.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Paisagens da Peneda-Gerês (CLXXX) - Conho


O Prado do Conho é uma visita quase obrigatório na Serra do Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Os trabalhos mineiros no Castanheiro (II)


O reconhecimento da mina do Castanheiro só seria executado em 1946, já com a Sociedade regida por uma Comissão Liquidatária nomeada pelo Governo, e com o respectivo relatório a ser escrito a 12 de Novembro de 1946. Na altura o estradão de acesso à mina do Salto do Lobo estava já consolidado através do Vale do Alto Homem, sendo por essa razão que o relatório refere que “um caminho de pé posto de cerca de 4 km põe esta mina em comunicação com as instalações da mina ‘Salto do Lobo’, onde chega um estradão construído pela requerente, que liga com a Portela do Homem, a 9 km daquela mina.” O relatório continua referindo que o jazigo ficava “encravado na mancha granítica do Norte do país e é constituído por um filão quartzoso, vertical com a direcção média Norte – 70º – Nascente e com uma possança média de 0,15 mineralizado pela volframite. Além deste existem vários filetes de diferentes direcções, mas ainda insuficientemente reconhecidos.” 

(A imagem em cima mostra os primeiros acampamentos mineiros na zona dos Carris antes da construção dos edifícios mineiros)

Em relação aos trabalhos já realizados, descreve-os referindo que “constaram de quatro sanjas e de duas pequenas galerias em direcção, que permitiram reconhecer a regular mineralização e mostrar que a mina ‘Castanheiro’ tem valor para poder ser objecto de concessão.” A demarcação da mina seria feita no mesmo dia da data do seu auto de reconhecimento e seria executada pelo Agente Técnico de Engenharia de Minas Adelino dos Santos Lemos da Circunscrição Mineira do Norte. Ainda na mesma data surge a informação sobre um pedido de reclamação efectuado contra este pedido de demarcação por parte da Sociedade Mineira dos Castelos e feito peça Sociedade Mineira de Cadeiró, Lda. baseando-se na alegação de que estava em posse de um pedido de demarcação denominado ‘Carris de Cima’ e que era baseado em registo mais antigo. A reclamação não foi atendida por parte da Circunscrição Mineira pois o referido pedido já havia sido anulado.

O alvará de concessão provisória 4045 será redigido a 9 de Janeiro de 1948 e seria publicado no Diário do Governo a 11 de Fevereiro desse ano, sendo concedido por um período de três anos. Uma nova demarcação da mina seria feita no princípio dos anos 50.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

quarta-feira, 24 de maio de 2017

"Gerês já tem “marca geográfica”. E pretende-se que funcione como “selo de garantia”"


Notícia pode ser lida aqui.

O Gerês já tem uma marca, um logótipo que apresenta um coração “abraçado” por uma mancha verde e outra azul e que se pretende assumir como uma espécie de “selo de garantia” do turismo em Terras de Bouro.

Fotografia: 24.sapo.pt

Os trabalhos mineiros no Castanheiro (I)


Para além das três concessões na proximidade dos Carris, a Sociedade Mineira dos Castelos pretende iniciar também a exploração da concessão do Castanheiro localizada a cerca de 4 km a Sudoeste das concessões principais.

No plano de lavra datado de 3 de Julho de 1943 e elaborado por Francisco da Silva Pinto, Director Técnico da concessão, é referido que a concessão se situa nos limites do lugar de Lapela, freguesia de Cabril, e que o ponto de partida para a sua demarcação é o centro geométrico de uma casa denominada ‘Casa da Cabana’ localizada no sítio do Castanheiro, estando o ponto de partida devidamente ligado à rede geral de triangulação nacional por intermédio das pirâmides geodésicas de Lamas, Cerdeira e S. Bento. Tal como acontece nos altos serranos, a topografia do local é bastante acidentada com terrenos baldios, sem culturas e não apresentando aspectos especiais ao nível da geologia. Na área estava reconhecido um único filão volframítico, mas supunha-se poder ocorrer o aparecimento de mais filões pois as características dos filões já reconhecidos noutras concessões apontavam sempre para a presença de vários filões paralelos semelhantes ao que havia sido reconhecido.

O filão do Castanheiro apresentava-se em veios de quartzo com impregnações de volframite, pirites e óxidos de ferro, tendo uma direcção geral de Nordeste e inclinação vertical. A sua possança era variável, apresentando-se em bolçadas mais ou menos extensas com uma possança média de 0,20. Na altura da apresentação do plano de lavra, o filão estava reconhecido em cerca 350 metros não havendo na altura reconhecimento de aluviões por não terem sido realizados trabalhos de reconhecimento com esse intuito.

Tal como aconteceu com várias concessões, os trabalhos realizados na mina do Castanheiro constavam de uma série de sanjas ao longo do filão com uma profundidade média de 5 metros e com uma largura de 2 metros. Estes trabalhos haviam sido realizados pelo proprietário anterior que haviam sido suspensos, estando na altura a Sociedade a proceder a trabalhos de entivação e aterro de modo que os trabalhos pudessem ser executados “segundo as regras da arte de minas.” O plano de lavra previa a divisão do filão em maciços de desmonte que seriam limitados por galerias e chaminés segundo o filão. Para a obtenção do maior número de frentes de trabalho, estava prevista a abertura de galerias em direcção aos níveis 1060 m, 1080 m, 1100 m e 1120 m. As galerias dos 1060 e 1100 eram consideradas de circulação e extracção e teriam secções trapezoidais com base de 2,00 X 1,50 metros e altura de 2,00 metros, sendo as restantes também em secção trapezoidal com base de 1,50 X 1,20 e altura de 1,80 metros. As chaminés teriam 1,00 X 1,00 metros de secção. As galerias e chaminés seriam protegidas por paredes e pilares naturais que não seriam desmontados. Os desmontes seriam sempre feitos de baixo para cima pelo sistema de degraus investidos, tal como era utilizado na concessão do Salto do Lobo, e só seriam iniciados quando houvesse 3 a 4 maciços definidos, isto é, haveria sempre pelo menos um maciço pronto para desmontar entre o avanço da mina e os trabalhos de desmonte. A extracção e circulação seriam feitas pelas galerias em direcção e sempre pelo nível inferior. O sistema de traçagem apresentado seria suficiente para proporcionar uma boa ventilação da mina e o esgoto seria feito através das galerias.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

terça-feira, 23 de maio de 2017

Paisagem da Peneda-Gerês (CLXXIX) - Sra. da Peneda


O Santuário de Nossa Senhora da Peneda está situado na Serra da Peneda, freguesia de Gavieira, Arcos de Valdevez.

O Santuário de Nossa Senhora da Peneda, a caminho da vila de Melgaço, tem como data provável de inicio da sua construção, finais do século XVIII, a julgar pela data inscrita na coluna existente ao cimo da escadaria de acesso. Acredita-se que neste local tenha existido uma pequena ermida construída para lembrar a aparição da Senhora da Peneda, cujo culto foi crescendo e motivou a construção do santuário. Este lugar de culto é constituído pelo designado, escadório das virtudes, com estatuária que representa a Fé, Esperança, Caridade e Glória, datada de 1854, a igreja principal, terminada em 1875, o grande terreiro, o terreiro dos evangelistas e a escadaria com cerca de 300 metros e 20 capelas, com cenas da vida de Cristo. A Festa da Senhora da Peneda é anual, tem a duração de uma semana, entre dia 31 de Agosto e oito de Setembro.  Lenda da Peneda A Senhora da Peneda terá aparecido a cinco de Agosto de 1220, a uma criança que guardava algumas cabras, a Senhora apareceu-lhe sob a forma de uma pomba branca e disse-lhe para pedir aos habitantes da Gavieira, para edificarem naquele lugar uma ermida. A pastorinha contou aos seus pais, mas estes não deram crédito à história. No dia seguinte quando guardava as cabras no mesmo local, a Senhora voltou a aparecer, mas sob a forma da imagem que hoje existe, e mandou a criança ir ao lugar de Roussas, pedir para trazerem uma mulher entrevada há dezoito anos, de nome, Domingas Gregório, que ao chegar perto da imagem recuperou a saúde.

Texto retirado de Santuário de Nossa Senhora da Peneda.

"Parques naturais: vigilantes pedem mais meios"


Notícia do PÚBLICO...

A associação dos vigilantes da natureza voltou nesta terça-feira a alertar para a falta de pessoal nos parques naturais e a defender campanhas de sensibilização para turistas, enquanto o Governo garante que, até Julho, haverá mais 20 profissionais.

Fotografia: Nuno Oliveira

Explorando o volfrâmio no subsolo do Salto do Lobo


Com a exploração mineira a ter inicialmente uma maior intensidade à superfície em 1941 e 1942, o filão começa a ser explorado em profundidade durante 1943 na área da concessão do Salto do Lobo. 

Os trabalhos tiveram especial ênfase no seguimento dos afloramentos do filão com os trabalhos de preparação a entrar com galerias que iriam delimitar no futuro os diferentes pisos da mina. Segundo o “Relatório dos Trabalhos Executados até 31 de Dezembro de 1943” elaborado a 2 de Janeiro de 1944, as galerias iniciais (n.º 1 e 2) delimitariam um dos primeiros pisos, enquanto que a galeria n.º 4 iria delimitar o piso à cota dos 1.400 metros. Por outro lado, o poço n.º 1 iria permitir reconhecer o jazigo em profundidade até aos 25 metros, altura em que se procedeu à abertura de duas galerias na direcção do filão para Norte e para Sul, delimitando assim outro piso. Nesta fase, a galeria n.º 1 tinha cerca de 10 metros de comprimento, a galeria n.º 2 tinha 8 metros de comprimentos, a galeria n.º 4 tinha 41 metros de comprimento e o poço n.º 1 uma profundidade de 6,50 metros. Para se proceder ao escoamento de toda a água e para se obter uma ventilação suficiente para os trabalhos que eram servidos pelo poço, procedeu-se à abertura de uma travessa (travessa n.º 1) que cortaria o filão a 20 metros de profundidade. Esta travessa tinha um comprimento de 27 metros em finais de 1943. Neste ano descobriu-se um novo filão a que chamariam ‘O Filão do Paulino’, mais tarde simplesmente ‘Filão Paulino’. Para a exploração deste filão começaram a abrir uma galeria à cota de 1.395 metros, dando origem à galeria n.º 3 que tinha um comprimento de 18 metros a 31 de Dezembro. Na imagem em cima, o esquema que mostra a abertura de uma galeria à cota de 1.395 metros e que daria origem à galeria 3.

Nesta altura, e devido às características do terreno, não existia entivação das galerias nas quais o material era deslocado (tal como no exterior) em vagonetas assentes em linha Decauville. A perfuração era feita utilizando ar comprimido. O poço n.º 1 estava localizado a meio do perfil longitudinal do jazigo, sendo um poço vertical de secção rectangular de 3,20 por 1,80 metros. No poço a entivação era feita por quadros de madeira e era composto por três compartimentos, sendo um de escadas e acessórios e dois de extracção. No interior das galerias encontravam-se escadas posicionadas paralelamente de 3 em 3 metros e com uma inclinação de 70º. No interior existia um sistema de tubagens de ar comprimido para saída de água do poço e dos escapes de gases da bomba de extracção de água no compartimento de baixada. O equipamento exterior era composto por um sarilho de madeira que era armado com um cabo de aço e duas cubas com uma capacidade de 50 litros cada. O equipamento era munido com um sistema de segurança.

Os trabalhos de extracção exteriores concentravam-se na exploração dos aluviões que era feito pelos denominados apanhistas no aluvião da Lama Pequena. Segundo Manuel Lage, “o minério era retirado de buracos a céu aberto e depois de colocado em sacos, estes eram transportados para um local de lavagem que era feito por mulheres que utilizavam gamelas para limpar o minério. Só mais tarde construíram a lavaria que depois passou a separadora.”

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Paisagens da Peneda-Gerês (CLXXVIII) - Paisagem mineira dos Carris


As cicatrizes da mineração do volfrâmio nas Minas dos carris são marcas que ainda irão perdurar por muitos anos na Serra do Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Erótica dança das sombras


Sinto o vento frio no rosto, corta-me a alma... decompõe o ser...
Duas almas que se cruzam na longínqua distância.
Duas almas que choram a dor da mágoa.
Uma chuva eterna turva-me a realidade...
Viajar na brisa suave do final da tarde... abraçar a noite, eterna.
Escutar a elegia da montanha, esconder as lágrimas com que alimento os rios...
Fecho os olhos e vejo-me cair num poço sem fundo... povoado de gritos e lamentos...
Escuto os ecos do choro há muito esquecido.
Por entre a neblina ver-te-ei chegar adornada pelos deuses da neve e do frio...
Como é bela a face da noite, o sabor da tua pele... o toque do teu sangue...
Um fogo que arde nos olhos do anjo caído...
Toleramos a dor pelo prazer, buscamos o prazer pela dor...
Uma vigília eterna, vivemos apartados por um oceano de lágrimas tão grande como a eternidade do próprio tempo...
Sonhamos para além das belezas do mundo como que banhados num glorioso transe por onde o silêncio se move com cada animal.
Choramos o amor perdido, secretamente desejamos o prazer... secretamente escondemos o amor...
No meu último suspiro procuro o teu beijo, sentir o teu abraço...
No horizonte onde todos os caminhos se cruzam espero por ti...
O Inverno do meu ser... lamento as memórias dos tempos perdidos...
Um anoitecer nos sonhos, o leve véu da noite caiu sobre mim...
Durmo nos braços de Atégina, deusa infernal...
O Sol já se pôs... escuto o uivo do lobo à Lua que se ergue...
A dança erótica em torno da fogueira onde vejo a beleza a morrer...
Vejo o teu rosto nas sombras que dançam...
Descanso sobre a mortalha da noite.

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Originalmente publicado como "...sombras que dançam" a 10 de Abril de 2009

Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

domingo, 21 de maio de 2017

250... "Bom, bom... é conseguir amar!"


Minas dos Carris, 20 de Maio de 2017

Com o blogue a ser iniciado por altura da 100ª caminhada às Minas dos Carris, não é que a 250ª visita viesse a merecer uma referência especial. No entanto, e em termos pessoais, não deixa de ser um evento de destaque nesta longa demanda de conhecer a Serra do Gerês.

Perguntarão o que se pode aprender ao fim de tanta caminhada ao mesmo local. Bom, a verdade é que mesmo ao fim de percorrer já milhares de quilómetros por aquelas paragens, há sempre algo de novo a descobrir, quanto mais não seja dentro de nós próprios e isso, por si só, basta!

A caminhada foi feita pelo percurso clássico do Vale do Alto Homem. Se a jornada de ida é sempre reconfortante, já o regresso acaba por ser algo de penoso perante o estado miserável do caminho. Porém, a passagem da Fonte da Abilheirinha, a chegada à Água da Pala ou o vislumbre dos alcantilados graníticos da Bela Ruiva, são sempre paisagens que vale a pena recordar uma e outra vez, em diferentes alturas do ano. Bem como a Corga do Cagarouço ou a imensidão do Modorno já com a Água da Laje do Sino à vista despenhando-se sobre o Rio Homem. É aqui que temos a magnífica paisagem sobre o Vale do Alto Homem com a Serra Amarela a compor, lá ao fundo, um quadro de beleza única em todo o Parque Nacional. Segue-se a passagem pelo Teixo e a chegada às Águas Chocas e Abrótegas, antes de entrarmos na subida final pela Corga da Carvoeirinha. Desta vez, seguimos pelo Salto do Lobo para ter a vista privilegiada da Lavaria Nova no topo da Corga de Lamalonga.

Alguém disse então, "Que bom sentirmos o coração a bater depois de uma jornada destas!", ao que alguém retorquiu "Que bom conseguirmos respirar!" e eu rematei ao dizer "Bom, bom... é conseguirmos amar!" A jornada aos Carris é isto mesmo... em momentos de silêncio como o que se seguiu, conseguirmos compreender o porquê de lá irmos assim tantas vezes.






























Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)