Cabril é uma freguesia que está inserida totalmente no Parque Nacional Peneda-Gerês, logo todas as aldeias, são aldeias de montanha que sempre viveram e continuam a viver essencialmente da actividade agro-pastoril, por isso não é de admirar que a Serra do Gerês, fosse um importante complemento dessa forma de vida, seja com pastagens, pois os animais também faziam a transumância a partir do dia 1 de Maio até ao 29 de Setembro, assim como no cultivo do centeio e do colmo, este último essencial para a cobertura das casas, o telhado da época.
Por isso grande parte dos currais e das cabanas da serra do Gerês, são pertence das várias populações de Cabril, mas as populações ao contrário da Serra da Peneda e da Serra do Soajo, sobretudo em Castro Laboreiro, concelho de Melgaço, e Soajo, concelho de Arcos de Valdevez, nunca construíram brandas, que são núcleos habitacionais temporários cujo a origem se prende com a necessidade das populações utilizarem os pastos na serra para alimentarem os animais.
As pessoas de Cabril, sempre optaram por ter residência fixa nas várias aldeias, só ficando a viver na serra os vezeireiros, e só na altura da transumância dos animais, esporadicamente algumas pessoas quando iam lavrar e semear os currais e quando era para se fazer a colheita do centeio e do colmo. A única pessoa que teve o que eu vou chamar, uma "mini" branda, foi o "Ti" Secundino.
Ninguém sabe dizer de onde veio o homem, apesar de ainda existir muita gente que o conheceu. Dizem que apareceu em Cabril com uma filha, pois antigamente aparecia assim muita gente que ficava a dormir nos palheiros. Havia muitos pobres, muita gente a fazer esse modo de vida. Ninguém sabia qual era a terra dele, alguns dizem que era de Cabeceiras, outros de Fafe e ainda aqueles que afirmam que era de Celorico. Veio para Cabril como resineiro e acabou por ficar, fixando residência no lugar de Cavalos, no sítio da Balteira e por lá ficou, até que teve a possibilidade de comprar uma parcela de terreno a comissão fabriqueira de Cabril. Porém, o que o pedaço de terreno era muito longe das aldeias, demasiado longe, e estava localizado em Taboucinhas, mesmo no começo da serra. Isso não o desanimou o "Ti" Secundino, que murou o pedaço de terreno, cavou, lavrou, procurou água, fez duas poças, construiu casa.
O homem passou a morar em Taboucinhas, cultivava batatas e milho à época, couves, vinho, tinha árvores de fruto, chegou a criar porcos e galinhas. Apesar de ter a residência na aldeia de Cavalos, o "Ti" Secundino e o seu burro, só desciam quando as condições eram muito adversas.
Com a morte do "Ti" Secundino, tudo em Taboucinhas e na sua "mini" branda morreu. A casa acabou por arder, restam as paredes. As cerejeiras caíram, as vides morreram, as couves e as batatas deram lugar a silvas e tojos e fetos, sinais do tempo.
Texto e fotografias © Ulisses Pereira (Todos os direitos reservados)
Sem comentários:
Enviar um comentário