terça-feira, 13 de dezembro de 2016
Um rio de palavras soltas
E por um momento, parar no tempo... contornar a brisa que sinto no rosto
Saltar o raio de luz... fugir do mundo.
Ficar nas entranhas da terra, lá no fundo escuro... junto da torrente fria que lava a pedra...
Ou subir ao ponto mais alto e sentir o frio que enregela a pele.
Matar a saudade que entranha a alma, lembrar o sorriso de outros tempos...
Ficar escondido na sombra, escutar as memórias que passam... o som dos seus passos na erva que cresce por entre a neve.
Procura a luz... Estranhos rostos, familiares encontros... A imensidão dos espaços...
Mirar o infinito, as nuvens que insistem em correr, soltas... enfim, livres...
Saltar a torrente, procurar a solidão por entre as encostas íngremes e agrestes...
Sentir o silêncio do recanto, ao longe o murmúrio das almas que percorrem o vazio... eternas.
Sentir o silêncio e a calmaria eterna do lento passar das eras...
Sentir a montanha, o calor do Sol reflectido num sorriso prometido.
Recolher do chão as lágrimas caídas, o toque no rosto, o beijo que se sente ao de leve...
Abrir os olhos, olhar as serras... montanhas traçadas no horizonte para lá do Homem...
A neve que cai, o vento que sopra... forte, intenso, majestoso...
A saudade que aperta... O salto, a escuridão, os outros que te aguardam... O nada.
A amargura dos tempos idos, dos dias que não chegam, daqueles que custam a passar...
A dor do tempo que nos corrói, a areia que desliza... o vale que cresce... a tempestade no horizonte, o relâmpago que cai, o som que se propaga...
...a saudade que aperta num rio de palavras soltas.
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Escrito a 22 de Abril de 2007, na Corga das Negras (Serra do Gerês)
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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