Após os estudos realizados em 1981 e dos projectos entretanto elaborados por Adriano Barros para a MINREFCO, é feito um novo pedido de suspensão de lavra a 17 de Junho de 1983 para esse ano, sendo evocada a baixa cotação dos minérios volframíticos nos mercados internacionais. O processo de decisão para o deferimento deste pedido complica-se devido ao facto de a sociedade não ter cumprido o que havia sido referido no deferimento do pedido de suspensão de lavra para 1982. Nesse despacho de deferimento havia ficado estabelecido que a concessionária deveria dar cumprimento à circular de 7 de Janeiro de 1982 sob pena de indeferimento de futuros pedidos de suspensão de lavra. Esta informação havia sido transmitida à Sociedade das Minas do Gerez a 28 de Abril de 1982. A sociedade estava obrigada à apresentação de dados sobre o jazigo, estudos realizados, trabalhos existentes e investimentos efectuados. O pedido de suspensão de lavra para 1983 também foi enviado fora do prazo estipulado, aparentemente devido ao facto não oficial de Adriano Barros se encontrar a trabalhar no estrangeiro. Tendo em conta toda esta complicada situação, o pedido de suspensão de lavra é então indeferido. A nota na qual se baseia este indeferimento é datada de 28 de Junho, existindo uma anotação manuscrita de 8 de Julho onde se lê “…é de inferir que não foram as baixas cotações que levaram à paragem da mina.” A Sociedade das Minas do Gerez é informada do indeferimento referindo-se que o facto invocado para a suspensão da lavra não foi aceite como caso de força maior. Esta situação vai-se arrastar durante quatro anos e será reavivada em Março de 1988 a quando de mais um pedido de suspensão de lavra para esse ano, não havendo no entanto registos de pedidos de suspensão de lavra para os anos de 1984, 1985 e 1986 e estando assim as concessões com a lavra suspensa não autorizada.
Durante este período o que restava das instalações mineiras dos Carris e das Minas das Sombras, eram guardadas por um único homem, o Sr. Domingos, mais conhecido por ‘Serrinha’, que estava naquelas instalações desde 1965 / 1966 e ali iria permanecer a maior parte do tempo sozinho, com esporádicas visitas às Caldas do Gerês, até 1984 / 1985, altura em que passaria a residir em Lobios, Galiza. O Sr. Domingos recebia mensalmente o seu ordenado e alguns mantimentos que eram transportados por responsáveis pela Sociedade das Minas do Gerez, tirando partido também dos materiais de ia retirando dos velhos edifícios. Muitas das traves e barrotes de madeira foram retirados das casas para assim ter como cozinhar, pois não tinha um fogão a gás. Foi também testemunha de fortes nevões entre os dias 17 de Abril e 21 de Maio de 1983. Segundo os diários de Miguel Campos Costa, “a neve tapou as casas em Carris (andava-se em cima dos fios do telefone e ele tinha de cavar um buraco e passar pela parte de cima, junto ao tecto, da porta) e que em fins de Junho ainda havia neve em Carris.” Na altura, e devido às suas obrigações nas Minas das Sombras, “um dia tentou ir para as Sombras, mas que voltou para trás logo no início do caminho pois apesar de serem 11h da manha “era mais escuro que a noite mais escura” e ele não via nada e a neve era muita.”
Fotografias © Cedidas por Miguel Campos Costa (Todos os direitos reservados) © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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