A Mina do Castanheiro é uma pequena exploração mineira localizada a poucos quilómetros das Minas dos Carris, tendo contemporânea desta última.
A exploração iniciou-se em meados da primeira metade dos anos 40 do século XX.
Na obra "Minas dos Carris - Histórias Mineiras na Serra do Gerês" é referido que "Para além das três concessões na proximidade dos Carris, a Sociedade Mineira dos Castelos pretende iniciar também a exploração da concessão do Castanheiro localizada a cerca de 4 km a Sudoeste das concessões principais. No plano de lavra datado de 3 de Julho de 1943 e elaborado por Francisco da Silva Pinto, Director Técnico da concessão, é referido que a concessão se situa nos limites do lugar de Lapela, freguesia de Cabril, e que o ponto de partida para a sua demarcação é o centro geométrico de uma casa denominada ‘Casa da Cabana’ localizada no sítio do Castanheiro, estando o ponto de partida devidamente ligado à rede geral de triangulação nacional por intermédio das pirâmides geodésicas de Lamas, Cerdeira e S. Bento. Tal como acontece nos altos serranos, a topografia do local é bastante acidentada com terrenos baldios, sem culturas e não apresentando aspectos especiais ao nível da geologia. Na área estava reconhecido um único filão volframítico, mas supunha-se poder ocorrer o aparecimento de mais filões pois as características dos filões já reconhecidos noutras concessões apontavam sempre para a presença de vários filões paralelos semelhantes ao que havia sido reconhecido. O filão do Castanheiro apresentava-se em veios de quartzo com impregnações de volframite, pirites e óxidos de ferro, tendo uma direcção geral de Nordeste e inclinação vertical. A sua possança era variável, apresentando-se em bolçadas mais ou menos extensas com uma possança média de 0,20. Na altura da apresentação do plano de lavra, o filão estava reconhecido em cerca 350 metros não havendo na altura reconhecimento de aluviões por não terem sido realizados trabalhos de reconhecimento com esse intuito.
Tal como aconteceu com várias concessões, os trabalhos realizados na mina do Castanheiro constavam de uma série de sanjas ao longo do filão com uma profundidade média de 5 metros e com uma largura de 2 metros. Estes trabalhos haviam sido realizados pelo proprietário anterior que haviam sido suspensos, estando na altura a Sociedade a proceder a trabalhos de entivação e aterro de modo que os trabalhos pudessem ser executados “segundo as regras da arte de minas.” O plano de lavra previa a divisão do filão em maciços de desmonte que seriam limitados por galerias e chaminés segundo o filão. Para a obtenção do maior número de frentes de trabalho, estava prevista a abertura de galerias em direcção aos níveis 1060 m, 1080 m, 1100 m e 1120 m. As galerias dos 1060 e 1100 eram consideradas de circulação e extracção e teriam secções trapezoidais com base de 2,00 X 1,50 metros e altura de 2,00 metros, sendo as restantes também em secção trapezoidal com base de 1,50 X 1,20 e altura de 1,80 metros. As chaminés teriam 1,00 X 1,00 metros de secção. As galerias e chaminés seriam protegidas por paredes e pilares naturais que não seriam desmontados. Os desmontes seriam sempre feitos de baixo para cima pelo sistema de degraus investidos, tal como era utilizado na concessão do Salto do Lobo, e só seriam iniciados quando houvesse 3 a 4 maciços definidos, isto é, haveria sempre pelo menos um maciço pronto para desmontar entre o avanço da mina e os trabalhos de desmonte. A extracção e circulação seriam feitas pelas galerias em direcção e sempre pelo nível inferior. O sistema de traçagem apresentado seria suficiente para proporcionar uma boa ventilação da mina e o esgoto seria feito através das galerias.
O complexo mineiro do Castanheiro estaria somente equipado com uma pequena lavaria de ensaio, pois a Sociedade possuía a sua oficina de tratamento de minérios no Porto. O transporte do minério extraído seria feito por muares até à Albergaria passando pelas concessões dos Carris, seguindo posteriormente por estrada até ao Porto. Ao nível de construções estava somente prevista a execução de uma casa com quatro compartimentos para depósito de minérios, guarda, carpintaria e forja, estabelecendo-se as devidas instalações sanitárias. A mão-de-obra seria recrutada nas povoações próximas à mina e o orçamento apresentado tinha em conta a existência das concessões mineiras dos Carris as quais forneceriam parte do material necessário, prevendo-se um total de investimento de 35.000$00 dos quais 18.000$ eram referentes à contratação de mão-de-obra, 5.000$ seriam gastos em explosivos, madeiras, etc., 5.000$ seriam gastos na construção da lavaria, 2.500$00 para as construções e 4.500$00 em diversos e imprevistos.
O reconhecimento da mina do Castanheiro só seria executado em 1946, já com a Sociedade regida por uma Comissão Liquidatária nomeada pelo Governo, e com o respectivo relatório a ser escrito a 12 de Novembro de 1946. Na altura o estradão de acesso à mina do Salto do Lobo estava já consolidado através do Vale do Alto Homem, sendo por essa razão que o relatório refere que “um caminho de pé posto de cerca de 4 km põe esta mina em comunicação com as instalações da mina ‘Salto do Lobo’, onde chega um estradão construído pela requerente, que liga com a Portela do Homem, a 9 km daquela mina.” O relatório continua referindo que o jazigo ficava “encravado na mancha granítica do Norte do país e é constituído por um filão quartzoso, vertical com a direcção média Norte – 70º – Nascente e com uma possança média de 0,15 mineralizado pela volframite. Além deste existem vários filetes de diferentes direcções, mas ainda insuficientemente reconhecidos.” Em relação aos trabalhos já realizados, descreve-os referindo que “constaram de quatro sanjas e de duas pequenas galerias em direcção, que permitiram reconhecer a regular mineralização e mostrar que a mina ‘Castanheiro’ tem valor para poder ser objecto de concessão.” A demarcação da mina seria feita no mesmo dia da data do seu auto de reconhecimento e seria executada pelo Agente Técnico de Engenharia de Minas Adelino dos Santos Lemos da Circunscrição Mineira do Norte. Ainda na mesma data surge a informação sobre um pedido de reclamação efectuado contra este pedido de demarcação por parte da Sociedade Mineira dos Castelos e feito pela Sociedade Mineira de Cadeiró, Lda. baseando-se na alegação de que estava em posse de um pedido de demarcação denominado ‘Carris de Cima’ e que era baseado em registo mais antigo. A reclamação não foi atendida por parte da Circunscrição Mineira pois o referido pedido já havia sido anulado. O alvará de concessão provisória 4045 será redigido a 9 de Janeiro de 1948 e seria publicado no Diário do Governo a 11 de Fevereiro desse ano , sendo concedido por um período de três anos. Uma nova demarcação da mina seria feita no princípio dos anos 50."
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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