No dia as sombras escondem-se, mas assim que cai a noite elas ocupam os espaços. Por entre as ruínas vagueiam as vozes, sentimentos e memórias de outros tempos. No esgar do olhar, fogem as sombras de luz... escondem-se por entre os negros véus e os contornos da montanha definidos no horizonte.
São os gritos surdos que nos acordam com o suave toque do vento quente de Agosto que nos acaricia o rosto. Tépidos de memórias, deixámo-nos levar por um mundo de sonhos na paisagem granítica da noite. garras de volfrâmio faiscam no escuro e por momento sustemos a respiração como que numa tentativa para não sermos denunciados aos vultos que ali dançam, nus à frente dos nossos olhos fechados e pesados de um sono que desejamos eterno.
Oh, quão eterna é a noite. Um coração que se aperta no peito e se deixa levar na ternura do medo. Um leve canto gregoriano ressoa por todo o vale vindo das profundezas medievais dos nossos medos. Na montanha, à noite, cada sombra é companheira na escuridão que nos arrasta para a profundeza do abismo... afasta-nos das garras de um Deus menor e nos leva para um inferno gelado que nos cria uma nuvem de vapor na respiração do ar frio da mina.
São demónios do passado, temores dos tempos antigos. Perante a imensidão da eterna escuridão em tons de negro, são as noites frias dos nossos sonhos.
Fotografia: © José Afonso Duarte
domingo, 12 de agosto de 2012
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