terça-feira, 14 de julho de 2009

139... para matar saudades dos Carris

Carris, 14 de Julho de 2009

Já tinha passado mais de um mês desde que fizera a minha última caminhada às Minas dos Carris. Parecia assim que já tinha sido há séculos e perante um dia como o de hoje, decidi matar saudades e fazer a caminhada clássica pelo Vale do Homem.

Depois de percorrer a cumeada há umas semanas atrás, fazer o velho estradão parecia quase um anti-climax, mas cedo a sensação acabou por se desvanecer perante as familiares paisagens da Serra do Gerês.

Iniciei o dia tarde e tarde comecei a caminhar. Depois de pagar o imposto na Portela de Leonte e de parar a minha viatura na Portela do Homem (incrivelmente vazia para as minhas memórias de outros tempos), preparei o material e calcei as minhas (já) velhas botas. Perante a ameaça de chuva (chegaram a cair umas pingas) lá me encaminhei para a ponte sobre o Rio Homem na qual estavam alguns tristes turistas por não poderem desfrutar da água do rio e do lixo escondido por entre as rochas... É Verão, mas a meteorologia é quem decide e naquela altura não havia oportunidade de banhos para ninguém pois corria um vento frio que fazia balançar a vegetação. Por momentos ainda ponderei repetir o Trilho da Cumeada, mas há coisas que devem ser compartilhadas e assim rumei para o Vale do Homem.

A subida fez-se calma e compassada. Rapidamente passei os domínios da Abilheirinha, maravilhei-me com o perfil longínquo do Modorno. Descansei à sombra do bosque da Água da Pala e acompanhei o cair das águas no Cagarouço. Olhei o vale nas voltas da Febras e escutei o vento que soprava ao lado do Cabeço do Modorno. Fitando os píncaros altos da Encosta do Sol vieram à memória fragmentos da aventura que foi percorrer a fronteira lá no alto e lembrar os tempos das velha guarda e dos carabineiros. Prossegui o caminho e após passar o Teixo decidi finalmente dar uma vista de olhos ao velho abrigo para lá das Águas Chocas. Por vezes é difícil compreender qual a sua utilidade numa zona onde não parece haver sinais de um velho caminho ou trilho de pé posto. Mas na Serra do Gerês qualquer grande rocha é boa para um abrigo que nos proteja do vento e da chuva. Daquele alto tinha uma outra vista sobre o estradão que galga o vale e aos meus olhos surgiram as sombras de um outro trilho escondido da vista de quem percorre o caminho em direcção aos Carris. Haverá sempre uma nova razão para lá voltar e descobrir assim onde nos levará.

Baixando do abrigo e passando o jovem Rio Homem, retornei ao estradão e rapidamente atingi as Abrótegas. Refresquei-me e abasteci de água para o almoço que já dava horas. Seguindo em direcção às velhas minas, passei ainda pelo Curral das Abrótegas, local do acampamento real que explorou a Serra do Gerês em finais do Século XIX. Por detrás do abrigo e em cima do muro uma nova perspectiva do(s) Outeiro(s) do Pássaro e do estradão; são paisagens conhecidas que nunca nos deixam de maravilhar. De volta ao estradão e prosseguindo depois pelo Salto do Lobo quase sem água; era uma boa altura para explorar o seu interior, mas ainda não foi desta. Entrando assim nas concessões mineiras, ao longe a Lamalonga. A vista das ruínas e por entre a vegetação o cinza fugidio das cabras selvagens assustadas pela figura que acabara de surgir por entre as rochas. Rapidamente galgaram os declives dando-me algum tempo para uma dúzia de fotografias... afinal também andam por aquelas bandas quando governa o reino do silêncio.

Pousando a pequena mochila, trocando de roupa, chegou o almoço e o descanso no interior dos velhos balneários. Após o simples repasto de uma refeição leofilizada, visitei as conhecidas ruínas. A quantidade de lixo aumenta a cada visita que faço às Minas dos Carris, é coisa que nunca conseguirei entender como é possível a pessoas que aparentemente gostam da Natureza, a conspurcam com os seus restos, o seu lixo... enfim, a sua presença!

Uma passagem pela varanda sobranceira à Garganta das Negras e prossegui em direcção à represa dos Carris passando pelas velhas explorações a céu aberto e de onde possivelmente terá saído o granito para as construções nas minas. Após passar pela represa regressei às casas passando pelo dormitório, pelo refeitório e pelas casas para casais, rumando finalmente a Braga.

Ficam as fotografias...

Fotografias: © Rui C. Barbosa

2 comentários:

Anónimo disse...

Boas
A foto onde se vê cabras, são domesticas ou são as cabras do Geres.
Cumpts
Coutada

Rui C. Barbosa disse...

De facto, são as 'cabras selvagens' do Gerês.