segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O volfrâmio da Cidadelha

Cidadelha, 25 de Agosto de 2008

No passado dia 20 de Agosto e antecipando a minha visita à concessão da Cidadelha na Serra do Gerês, fiz uma pequena introdução utilizando os parcos elementos históricos disponíveis pois mesmo os registos oficiais pouca ou nenhuma informação possuem.

Hoje finalmente decidi-me a visitar aquela concessão. Para ser franco não esperava nada de especial, talvez um ou outro local de sondagem que teria dificuldade em localizar, pois aparente a empresa Prominas, uma espécie de «sucessora» da Sociedade das Minas do Gerês, Lda., teria feito naquele local algumas prospecções para avaliar a viabilidade económica da concessão em finais dos anos 70 ou princípios dos anos 80.

A caminhada até Cidadelha não foi muito longa tendo início perto do Penedo Redondo e seguindo em direcção às Minas do Borrageiro. Aqui segui o trilho ali existente e que passa no sopé do promontório granítico não longe das referidas minas e ao lado do Borrageiro 2º (1274 metros). O trilho entra no Corgo das Mestras e passa pelo jovem Rio da Pigarreira, seguindo depois em direcção ao Corgo da Arrocela. Numa zona plana entre os dois corgos, o trilho pretendido flecte timidamente para o lado direito. Aqui, o caminhante mais distraído irá confundir com o trilho principal que segue em direcção aos Prados da Messe. Há então que ter cuidado e prestar atenção às velhas mariolas no lado direito do pequeno planalto e que nos levam até ao topo do Corgo de Arrocela. Ao entrar já na parte superior do corgo veremos ao fundo o Alto de Cidadelhe, tal como é designado na edição mais recente (trabalhos de campo de 1996) da Folha n.º 31 da Carta Militar de Portugal editada pelo Instituto Geográfico do Exército.

A partir de certo ponto o trilho acompanha o pequeno riacho até nos levar a dois paradisíacos prados. A partir daqui e em direcção à Cidadelha ter-se-á de percorrer em corta mato. Ao entrar no topo do Corgo de Arrocela e olhando em direcção à Cidadelha é logo visível uma escombreira, primeira sinal de que aquele lugar teria sido palco de muito mais do que apenas simples sondagens. Com a aproximação à zona tornou-se evidente a amplitude da exploração de volfrâmio que ali teve lugar. Estabelecendo uma comparação com a concessão do Castanheiro, Cidadelhe parece ter tido muito mais volfrâmio. São visíveis vários locais onde a direcção do filão é bem estabelecida e em algumas zonas a sua profundidade terá atingido os 2 metros. As escombreiras têm um tamanha razoável para uma concessão que aparentemente não teve viabilidade. De salientar que os éditos de concessão para a zona de Cidadelha foram pela primeira vez solicitados pela Sociedade Mineira dos Castelos, Limitada, a 22 de Julho de 1941 e foram atribuídos a 9 de Maio de 1947 (Processo 1:280-B e Registo n.º 19). Os registos históricos posteriores estão aparentemente perdidos mas é de supor que a concessão pudesse ter sido atribuída posteriormente à Sociedade das Minas dos Gerês, Limitada.
Cidadelhe constituiu assim uma verdadeira surpresa pois como referi não esperava encontrar sinais visíveis de qualquer actividade mineira na zona. Como nota interessante é de referir que no local podem ser observados os restos do que aparentemente são abrigos de montanha muito semelhantes aos que existiram em tempos no Salto do Lobo e na zona dos Carris e cuja catalogação será finalizada no dia 30 de Agosto.
E assim se encontra mais uma peça no puzzle da história mineira na Serra do Gerês...

Fotografias: © Rui C. Barbosa

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