segunda-feira, 28 de abril de 2008

Arqueoexpedição (V)

Carris, 25 a 27 de Abril de 2008

Três dias com o objectivo de descobrir os últimos segredos das Minas dos Carris foram preenchidos com diversas incursões aos vários pontos de interesse do velho complexo mineiro. O ponto alto da expedição ocorreu com a exploração da antiga concessão do Salto do Lobo.

Concentrando-se em Braga junto do mítico Café Jovem à sombra da Igreja de S. Vicente (na realidade a igreja nunca projecta a sombra sobre o café, mas isto fica bem no texto!!!), o grupo constituído por sete elementos partiu em direcção às Caldas do Gerês onde tomou o habitual e tradicional pequeno-almoço no Café Ramalhão antes de prosseguir em direcção à fronteira da Portela do Homem e depois enveredar pelo caminho florestal até perto das Minas das Sombras. Se até aqui o «passeio» havia sido fácil e sem esforço físico, as primeiras dificuldades foram encontradas na curta subida até ao pequeno complexo mineiro das Sombras. Situado quase no final de um fantástico vale, este complexo mineiro pode também ser no futuro aproveitado para a criação de um abrigo de montanha tirando partido das infra-estruturas ali existentes. De notar que o local é já parte de um trilho interpretado.

Depois de um curto descanso prosseguimos a caminhada em direcção à fronteira e depois em direcção às Minas dos Carris. Transportando um peso considerável, o grupo acabou por demorar mais tempo do que o previsto o que nos levou a adiar para o dia seguinte o início dos trabalhos.

O local escolhido para a pernoita foi a área localizada em frente dos antigos balneários e ao lado da casa do pessoal superior da mina.

Como seria de esperar as Minas dos Carris receberam a visita de vários grupos de pessoas no dia 25 de Abril o que mostra que aquela zona continua a ser muito procurada pelos amantes da montanha e pelos curiosos que querem visitar «as minas abandonadas no meio da serra».

Após um mergulho gelado e o burburinho dos grupos se afastar, a serra e Carris voltaram à sua calma habitual e pudemos desfrutar por momentos da sua calma e do seu silêncio. Ao calor de uma fogueira pudemos conversar sobre a possibilidade de se transformar todo aquele espaço num refúgio / abrigo de montanha ou mesmo num museu mineiro. Penso termos chegado à conclusão que sem uma boa educação ambiental da sociedade portuguesa, a abertura de um museu mineiro ou mesmo a criação de um refúgio seria algo de problemático. Porém, qualquer um destes elementos poderia contribuir para uma melhor consciencialização de todos para a importância da preservação do nosso único parque nacional e para a formação de uma melhor atitude e presença de cada um de nós em geral nas nossas montanhas.

O dia seguinte iniciou-se um pouco mais tarde do que o previsto permitindo assim um melhor descanso. A parte da manha foi dedicada à «exploração» do Salto do Lobo e ao início do registo e catalogação dos abrigos de montanha existentes na área. O Salto do Lobo foi o primeiro local de extracção de minério na zona dos Carris e o nosso objectivo era o de tentar descobrir as zonas de extracção propriamente ditas. Porém, a entrada na estreita corga é muito difícil e tornou-se impossível a entrada devido à quantidade de água existente e que mais tarde vai formar o Rio Cabril. Após conseguirmos entrar alguns metros a partir da parte inferior que liga à Corga de Lamalonga decidimos recuar e tentar outra entrada numa altura do ano em que o curso de água seja menos vigoroso. Foi ainda tentada uma entrada pela parte superior a partir da Corga da Carvoeirinha mas mais uma vez a quantidade de água e a vegetação impediram uma progressão em segurança. No entanto foi possível localizar o que parecia ser uma zona de extracção de minério.

Entretanto o trabalho de registo e catalogação dos abrigos de montanha prosseguiu em bom ritmo e na manhã foram registados cerca de 25 abrigos em diversos estados de conservação e com diversas formas.

Os trabalhos da tarde do dia 26 de Abril foram iniciados com a limpeza parcial de uma das casas de habitação. Em pouco mais de 30 minutos conseguimos retirar o entulho existente no que era uma casa de banho de uma das casas para revelar um chão totalmente coberto de azulejo azul muito bem conservado. Este sem dúvida que poderá ser agora um local de abrigo... enquanto que ninguém "monossináptico" o conspurcar com lixo.
Ainda na tarde fizemos uma incursão à concessão da Garganta das Negras para visitar a saída de emergência da Mina dos Carris. Para além dos únicos vagões de minério visíveis em toda a zona pudemos observar a saída / entrada da mina mas foi-nos impossível verificar se a grade que impede a passagem está fixa ou se é móvel (uma observação atenta leva a concluir que a grade está selada, mas esta não é uma certeza...).

Restava-nos a manha do terceiro dia e a escuridão da mina...

Fotografias: © Rui C. Barbosa

1 comentário:

White Angel disse...

Oi Rui,

Foram 3 dias inesqueciveis para mim, pelo local, pela equipa e por tudo o que vivi, vi e aprendi... Sobretudo pelo consciença que tenho agora, do que são realmente as Minas dos Carris. Saber o que se encontra por baixo de cada passo que dou naquele sitio e o que foram os Carris nos anos 50 torna aquele sitio màgico...

E na proxima sabes que podes contar sempre comigo.

Muito Obrigada por tudo,
Saudações montanheiras