domingo, 7 de maio de 2023

Trilhos lá fora - Caminhada à Mina das Sombras

 


Esta caminhada foi organizada por Rui Barbosa - Hiking & Trekking e seguiu o percurso clássico da 'Ruta da Mina das Sombras' desde a Ermida da Nossa Senhora do Xurés pelo Vale do Rio de Vilameá até ao complexo mineiro.

Seguindo inicialmente por um caminho florestal que desce até encontrar o Rio de Vilaméa, o carreiro atravessa o rio iniciando a «longa» subida até às velhas minas que iniciaram a sua actividade em 1932.

O complexo mineiro está localizado "... na vertente oeste do Maciço Sobreiro – Altar dos Cabrões, a uma altitude de 1.250 m, nas fontes do rio de Vilameá. 

A mina compõe-se de várias extracções superficiais e de uma boca mina que se penetra da terra, com várias galerias a nível que avançam seguindo o filão. Primeiramente, as perfurações fizeram-se de forma individual e livre, com martelo e picareta. Mas a partir do ano 40 a situação regulariza-se, com a concessão da exploração a uma família de peso na época, os Tejada. Criaram uma companhia que modernizou as Sombras pouco a pouco, chegando a levar luz eléctrica. Construíram barracões para dormirem os trabalhadores e substituíram o martelo e a broca de grandes dimensões dos picadores, por um compressor para perfurar, dotando-os também de lanternas de iluminação.



O volume de tout-venant extraído era depositado numa vagoneta que o transportava à sala de lavagem e selecção. Ali dispunha-se numa mesa que o batia de forma constante ao mesmo tempo que tinha água corrente que arrastava a areia, e o mineral, mais pesado, ficava, passando a ser armazenado em sacos.

O trabalho realizava-se em dois turnos de 8 horas de Segunda-feira a Sexta-feira, apesar de haver muitas denúncias de sobre-exploração. Nos anos posteriores à Grande Guerra a mina deixou de ser rentável e foi abandonada.

Na actualidade, o complexo está em ruínas, com a casa das máquinas desfeita e a boca da mina fechada com um tabique de bloqueio, restos de ferros, vidros, vigas, e três grandes entulheiras. Deve-se pensar nas Sombras como uma exploração menor se comparada com a sua vizinha dos Carris.

O acesso ao interior das galerias está vedado com um gradeamento actualmente com o cadeado vandalizado. Caso se faça a entrada na galeria, deve-se ter especial cuidado na deslocação. Especial cuidado também na preservação das colónias de morcegos que habitam o seu interior, sendo uma zona protegida.

A zona do complexo mineiro foi sujeita a trabalho de limpeza e de ordenamento do espaço, preservando as ruínas e transformando-as no ponto de interesse no Parque Natural. Sofrendo de degradação e vandalismo ao longo dos anos desde o seu encerramento em 1976, o complexo é visto agora como ponto histórico da região.

O regresso foi feito no percurso inverso, podendo, no entanto, fazer-se por Baltar. Infelizmente, a paisagem ainda sobre os efeitos do devastador incêndio que lavrou no vale, encontrando-se quase despida de grandes árvores.












Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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