domingo, 12 de junho de 2022

Trilhos lá fora - Mina Mercedes As Sombras por Baltar

 


Caminhada à Mina Mercedes As Sombras, Serra do Xurés - Galiza, saindo desde a Ermida da N.ª Sr.a do Xurés, mas percorrendo o acesso através dos altos serranos sobranceiros ao Vale do Rio de Vilameá. De notar que o complexo mineiro está já dentro de la Zona de Especial Protecção dos Valores Naturais do Parque Natural de Baixa Limia-Serra do Xurés.

A parte inicial do percurso é feita pelo traçado da Ruta da Mina das Sombras, tendo de nos desviar à direita até encontrar as mariolas que nos irão guiar até chegarmos ao caminho florestal mais adiante. A paisagem é soberba e permite-nos uma perspectiva diferente do vale.


O caminho vai-nos levar a passar As Chans e mais adiante Baltar, descendo então através do Alto de Becerral para a estrada florestal que nos levará até ao caminho de acesso final ao complexo mineiro.

Infelizmente, a paisagem ainda irá sofrer muitos anos dos efeitos devastadores do incêndio florestal que por ali lavrou em Setembro de 2020.

Com este percurso pode-se transformar o traçado linear da Ruta da Mina das Sombras num percurso circular, se bem que os últimos 1,2 km antes da chegada ao complexo mineiro serão percorridos no sentido inverso aquando do regresso.


O complexo mineiro está localizado "... na vertente oeste do Maciço Sobreiro – Altar dos Cabrões, a uma altitude de 1.250 m, nas fontes do rio de Vilameá. 

A mina compõe-se de várias extracções superficiais e de uma boca mina que se penetra da terra, com várias galerias a nível que avançam seguindo o filão. Primeiramente, as perfurações fizeram-se de forma individual e livre, com martelo e picareta. Mas a partir do ano 40 a situação regulariza-se, com a concessão da exploração a uma família de peso na época, os Tejada. Criaram uma companhia que modernizou as Sombras pouco a pouco, chegando a levar luz eléctrica. Construíram barracões para dormirem os trabalhadores e substituíram o martelo e a broca de grandes dimensões dos picadores, por um compressor para perfurar, dotando-os também de lanternas de iluminação.

O volume de tout-venant extraído era depositado numa vagoneta que o transportava à sala de lavagem e selecção. Ali dispunha-se numa mesa que o batia de forma constante ao mesmo tempo que tinha água corrente que arrastava a areia, e o mineral, mais pesado, ficava, passando a ser armazenado em sacos.

O trabalho realizava-se em dois turnos de 8 horas de Segunda-feira a Sexta-feira, apesar de haver muitas denúncias de sobre-exploração. Nos anos posteriores à Grande Guerra a mina deixou de ser rentável e foi abandonada.

Na actualidade, o complexo está em ruínas, com a casa das máquinas desfeita e a boca da mina fechada com um tabique de bloqueio, restos de ferros, vidros, vigas, e três grandes entulheiras. Deve-se pensar nas Sombras como uma exploração menor se comparada com a sua vizinha dos Carris.


O acesso ao interior das galerias está vedado com um gradeamento actualmente com o cadeado vandalizado. Caso se faça a entrada na galeria, deve-se ter especial cuidado na deslocação. Especial cuidado também na preservação das colónias de morcegos que habitam o seu interior, sendo uma zona protegida.

A zona do complexo mineiro foi sujeita a trabalho de limpeza e de ordenamento do espaço, preservando as ruínas e transformando-as no ponto de interesse no Parque Natural. Sofrendo de degradação e vandalismo ao longo dos anos desde o seu encerramento em 1976, o complexo é visto agora como ponto histórico da região.

O regresso fez-se pelo traçado da Ruta da Mina das Sombras seguindo a margem direita do Rio de Vilameá até à Ponte do Pião de Paredes.






























Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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