quinta-feira, 18 de maio de 2023

O futuro do turismo de montanha em Portugal?

 


Recentemente, surgiu numa rede social uma imagem que retrata na perfeição o que muitos municípios querem que sejam o futuro do turismo nos seus territórios de montanha.

Enquanto em alguns países com tradição de um turismo de montanha sólido se investe na preservação da paisagem, outros avançam sem dó nem piedade através de uma falta de estratégia global para a consolidação do futuro das nossas paisagens. Esta consolidação passa por uma estratégia a longo prazo e geracional, na qual as novas gerações vejam a paisagem como um elemento que venha a acrescentar valor e não um meio de gerar valor.

Quando se altera a paisagem da forma como a imagem demonstra, estamos a transmitir a ideia de que tudo pode ser alterado em prol de um liberalismo económico que retira a essência do que deve ser conservado.

Portugal é abundante neste tipo de «turismo de montanha» onde surgem baloiços como cogumelos, passadiços que traçam a paisagem, pontes suspensas com filas intermináveis e a ideia de que todos podem chegar aos locais mais inóspitos apenas para a parola fotografia de bracinhos abertos como se quisessem mostrar-se como uns verdadeiros conquistadores do inútil... não o são, de todo!

Existem locais onde as minhas capacidades não me permitem chegar e não desejo que se construa um passadiço para lá poder ir. O mundo coloca-nos limitações que as devemos saber respeitar e se tomamos a decisão de as ultrapassar, temos de ter consciência dos riscos que vamos correr e estar preparados para eles.

Alterar a paisagem para perpetuar um turismo de pouca valia que deixa lixo, mas pouca receita económica, é um erro que aprofunda a sazonalidade que se quer combater num território com potencialidades que estão aqui todo o ano.

Mas isto, sou apenas eu a dizer...

4 comentários:

Rui R. disse...

E dizes muito bem! Concordo em absoluto. Por isso, já somos 2!

Francisco Ascensão disse...

E nada mais! Recentemente a ver fotos e vídeos da Madeira, fiquei triste por ver que os picos mais altos: ruivo e arieiro são relativamente fáceis de se alcançar. O primeiro tem escadas até ao topo. ESCADAS! E o segundo é acessível de carro. Aliás para este exemplo de carro, temos cá muitos mais no continente e a aberração da estrada até à torre na serra da estrela é um exemplo!

Ecovias de Portugal disse...

Caminhar sobre passadiços é caminhar sobre árvores mortas. É estúpido !

JR disse...

O ano passado fui com um grande amigo às Minas dos Carris e às primas espanholas Minas das Sombras. Subimos ao Pico da Nevosa (na verdade enganámo-nos e fomos ao que estava mesmo ao lado ligeiramente mais baixo), e acabámos os nossos 30 e tal km à noite com um encontro com 3 lobos (sem problemas). Posso dizer que concordo 300% com esta opinião e com conhecimento de causa. Não vou dizer que somos super-homens mas, como aqui afirmado, há lugares que deviam só ser acessíveis a quem tiver força de vontade, preparação e rijeza para lá chegar. Estou farto desta gentalha toda que vai só para dizer que foi e para uma selfie. Só falta quererem um mordomo para lhes levar água e um massagista para os pés a cada km....pó c******