domingo, 21 de maio de 2023

Serra do Gerês - Os velhos caminhos de Vilarinho

 


Desaparecida há 50 anos, a memória de Vilarinho da Furna permanece viva nos seus antigos moradores e nas marcas e testemunhos físicos que ficaram na paisagem. Se as suas ruínas vão surgindo nas águas da barragem que a esconde, os seus caminhos ainda marcam a passagem pelas encostas da Serra Amarela e da Serra do Gerês.

Percorrer os velhos caminhos de Vilarinho da Furna, é percorrer a História e a memória de um povo que resiste e resistirá nos anos vindouros. Assim, percorrer os velhos caminhos de Vilarinho da Furna é também uma forma de preservar a sua História.


O desaparecimento da aldeia trouxe o abandono de uma grande área que nos tempos idos era percorrida pelas suas diversas vezeiras, ao mesmo tempo que a suas veigas nas margens do Rio Homem são agora depósitos de detritos arrastados desde as vertentes da serra. Aqui e ali, vão-se recordando os caminhos, inevitavelmente tomados pouco a pouco, pela Natureza. Estes caminhos constituíam uma extensa rede de percursos que permitiam os acessos a diversas zonas de pastagem com os seus currais e abrigos pastoris. Um destes caminhos percorria o Peito de Escada, na Serra do Gerês.

Agora tomado pela vegetação, o carreiro do Peito de Escada leva-nos desde a Albergaria até aos Prados Caveiros, passando as Lamas de Escada. O "Cabeiro", é o que está ao final e "cimeiro", o que está na parte mais alta, sendo segundo Domingos Amigo, expressões que são de uso comum nos Ancares. O mesmo termo se aplica na designação destes prados, os Prados Caveiros (Cabeiros), pois estando numa zona extrema de uma das vezeiras, isto é, no final, se denominam assim 'Prados Caveiros'.


Os Prados Caveiros faziam parte da vezeira das vacas de Vilarinho da Furna e no vídeo a seguir, podemos ver uma curta passagem na qual o pastor se dirige através da Estrada da Geira e pelo Peito de Escada, para os Prados Caveiros.


 

A chegada aos Prados Caveiros nestes dias de Primavera, ofereceu uma paisagem coberta de abrótegas num espectáculo magnífico da Natureza. Mergulhado no silêncio e na tranquilidade da manhã, tive a oportunidade de ver de novo o seu abrigo pastoril, agora alagado, e de apreciar as paredes que rodeiam aquele local único em toda a Serra do Gerês.

Após um curto descanso, segui na direcção da Lomba de Burro, descendo então para os Prados da Messe continuando depois para o Curral da Pedra e Porto de Vacas. A parte final do percurso levou-me ao Curral do Conho e daqui para Lomba de Pau e Chã das Gralheiras, seguindo para a Fonte da Borrageirinha, Chã da Fonte e descendo pelo Enfragadouro para o Colo da Preza, onde me maravilhei com a paisagem do longo Vale de Teixeira antes de prosseguir para o Vidoal e descer então para a Portela de Leonte pela Chã de Carvalho, terminando assim uma jornada pela História, pela memória e pela Natureza deste espaço único em Portugal em plena pujança primaveril.

Ficam algumas fotografias do dia...



































Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)


3 comentários:

Francisco Ascensão disse...

Realmente a Primavera é uma das melhores épocas para visitar a serra. Lindíssimo! Há alguma alternativa para chegar aos prados caveiros ao invés do peito de escada, Rui?

Rui C. Barbosa disse...

Francisco, subindo a Costa de Sabrosa ou vindo dos Prados da Messe.

Francisco Ascensão disse...

Ah ok, obrigado!