A luz eléctrica no Gerês

 

As Caldas do Gerês foram das primeiras localidades em Portugal a ter iluminação eléctrica, afirmando assim a importância desta localidade no cenário nacional.

No livro "Memórias Geresianas", Agostinho Moura conta a história deste feito, que é aqui transcrito de forma parcial...

"A alusão à existência, já em 1908, de energia eléctrica no Gerês, aparece na revista "Ilustração Portugueza", na sua edição de 2 de Novembro desse ano (...), escreveu o repórter (...): "Vista do alto do monte da Preguiça, a povoação do Gerez iluminada dir-se-ia um cenário de mágica. Um poderoso holofote, instalado por Emílio Biel na sua propriedade, projectava sobre as montanhas fronteiras um luar intenso, milagrosamente invertido, poir que subia do vale pelas encostas, recortando na treva as silhuetas dos cumes. No jardim da residência do regente florestal pareciam ter caído do céu constelações. A avenida fulgurava como se sobre ela tivessem estendido um velório luminoso"..."

Deve-se, portanto, a Emílio Biel a instalação da energia eléctrica no Gerês. (...)

Nos primeiros anos do século XX, quele alemão adquiriu os terrenos da então chamada "Quinta dos Veados", uma tapada onde as corças e os veados viviam em liberdade condicionada, a qual se situava nos terrenos a sul da extinta Serração do Gerês, ainda hoje conhecida também, ainda que abandonada, por "Quinta do Alemão". Aí instalou Emílio Biel uma turbina, accionada pela água vinda da Pedra Bela, canalizada em tubos de aço alemão, passando desde então (1908?) a existir iluminação pública no Gerês, continuando os hotéis e pensões a ser iluminados com o acetilene. Entretanto, e porque a central construída pelo referido alemão se revelava exígua, a Junta de Turismo do Gerês ainda equacionou adquirir um motor de reforço, mas não avançou com esse projecto. Seria a Empresa Hoteleira do Gerês a adquirir essa central, ampliando-a junto à serração, que também era sua propriedade. Dessa forma, alargou-se o fornecimento de luz eléctrica aos hotéis e demais habitações do centro das caldas, onde os Hetéis Mais e das Termas, no tempo em que pertenceram aos herdeiros de Júlio de Almeida Maia, chegaram a dispor de uma central privada, mas por pouco tempo, ficando depois a Empresa Hoteleira com o monopólio desse empreendimento até meados dos anos 50, quando o Gerês passou a ser abastecido de corrente eléctrica produzida a partir da barragem do Ermal (...)."