As caminhadas às Minas dos Carris nunca são fáceis. A dureza do percurso põe à prova a nossa resiliência de chegar ao nosso objectivo e o caminho coloca-nos obstáculos que, enquanto os passos se vão entorpecendo, se vão agigantando.
O caminho torna-se mais difícil dependendo das condições meteorológicas que se vai encontrando nos diferentes dias: se no Verão é o calor que nos atormenta a pele, nos dias de chuva caminhamos por um outro rio que não o Homem, pois a água invade o caminho. No entanto, a extrema dificuldade surge nos dias de neve! Se ao princípio os passos tornam-se mais fáceis, à medida que a altitude ganha número, também o ganha a espessura da neve e o caminhar torna-se num «marchar» que nos obriga a movimentos em caminhada que não estamos habituados.
No entanto, a espectacularidade da paisagem que vamos conseguindo ver, ouvir e acima de tudo, sentir, vai fazendo esquecer a dificuldade com que avançamos. É sempre aconselhável parar e ver, observar a efémera paisagem que se exibe perante nós.
Todas as caminhadas são diferentes; não existem duas iguais e desta vez a neve tornou tudo mais único.
Nesta publicação não vou descrever por onde passamos, pois a subida pelo Vale do Alto Homem já está descrita noutras publicações sobre esta caminhada. No entanto, não posso deixar de tentar descrever algo que sem dúvida marcou esta caminhada. A certa altura, por entre o forte clamor do Rio Homem, escutou-se um ténue uivo! Todos estacamos nos nossos lugares e sustivemos a respiração como que para não tentar obstruir o que acabamos de escutar. Foi então, que o novo uivo surgiu mais intenso e aí soubemos que os lobos nos estavam a observar desde o outro lado do vale. Este é um momento mágico e único devido ao cenário de neve e nevoeiro com o qual nos deparávamos. Ali, estava a Natureza selvagem do nosso único Parque Nacional e são estes momentos que marcam cada caminhada apesar de muito repetidas.
Ficam estas imagens do dia 4 de Dezembro de 2020 no dia em que a neve chegou à Serra do Gerês como já não chegava há alguns anos. Venha-se mais!...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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