quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

205... Regresso ao princípio de tudo...


Foi como um regresso ao princípio de tudo, por entre o longo vale encimado pela primeira neve do Inverno. Lá no fundo, sempre presente quase até ao fim, o rio rugiu em toda a sua força como um animal pronto para saltar da sua jaula.

A paisagem era algo de diferente dos primeiros dias de Outubro onde o chão ainda estava quente da tragédia que sobre o vale se abatera. Então, o silêncio penetrava na alma e as encostas encolhidas pelas chamas, revelavam a profunda negritude do inferno e a secura dos dias passados. Agora era diferente... era um filme a preto e branco que se ia desenrolando à nossa passagem. As árvores de morte ressequidas, rasgavam o véu branco que caíra nas encostas do vale. Uma cortina cinzenta ia-se aproximando como um prenuncio de chuva que depois de gelada pelo frio da noite, iria cobrir a neve recém caída com uma camada de gelo... este mesmo gelo que nos entorpece a alma e nos enregela o rosto à passagem de um vento traiçoeiro que aos poucos nos empurra para um limbo difuso.

O caminho foi-se percorrendo de força e de vontade, como em busca de algo que se sabe que não se vai encontrar, mas que a esperança efémera nos faz acreditar se esconder por detrás daquela ruína ou para lá de uma sombra de ali então não existe. Aos poucos nos vamos aproximando do final, de um quadro esbatido pelo nevoeiro que torna a paisagem fantasmagórica como que saída da mente deturpada de um louco. Ali, o tempo parou e só o correr das nuvens marca a lenta e imperceptível passagem das eras...















































Fotografias: © Rui C. Barbosa

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