terça-feira, 20 de dezembro de 2011

178... A fonte do David


Carris, 20 de Dezembro de 2011

O ano passado o Zé Moreira fotografou uma enigmática inscrição perdida algures no complexo mineiro dos Carris. Depois de ver a fotografia dessa inscrição, lá surgiu o motivo para mais um regresso aos Carris... como se precisássemos de motivos para regressar aos Carris! Aos Carris vai-se e pronto!...

Desta vez, e para evitar os pides, decidimos caminhar até à Mina das Sombras partindo da Ermida de Nª. Sra do Xurés. Temperana alvorada e lá fui eu... Depois de uma curta paragem nas Caldas do Gerês, passagem pela Portela de Leonte, Albergaria e Portela do Homem. As estradas em Espanha já cobertas de sal nos pontos mais críticos... do nosso lado... bem, do nosso lado fecha-se a estrada com uma fitinha da GNR e logo se verá se for caso disso.

Chegado ao ponto combinado, já o Moreira arrumava o seu equipamento preparando-se para a jornada. Dali a poucos minutos já tentávamos apanhar algum comboio no meio da serra, pois só isso justifica o passo com que andávamos serra acima. Em pouco mais de uma hora já estávamos contentes a fotografar as Sombas. Seguimos o caminho de pé-posto que une as duas minas e pelo meio um verdadeiro banho de imersão por entre o carvalhal e a humidade. Deixávamos para trás o marco fronteiriço da Amoreira e embrenhávamo-nos por entre o nevoeiro agora corrido a vento. Mariolas aqui e ali, passávamos pela concessão dos Carris e descíamos para com plexo mineiro.

No meio daquele quase nada encontrávamos dois caminheiros refeitos de uma noite gélida que iniciavam então a descida pelo Vale do Homem. Depois de uma curta conversa, procuramos refúgio e abrigo no único sítio possível apesar de conspurcado. Um chá, uma muda de roupa e partimos à busca da inscrição. Depois de algumas pistas tirada por uma sequência de fotografias, lá se encontrou a nascente, uma fonte de água fresca e por perto as inscrições «DAV». Era necessário um pouco de trabalho para tentar descobrir se algo mais havia. Afastada alguma terra e vegetação, descobrimos mais duas letras formando a palavra «DAVId» e uma outra semelhante um pouco mais abaixo. Um pouco de imaginação e ao lado pode-se ver o número «59». E pronto, estava descoberto mais um mistério para desvendar. O porquê aquelas letras naquele sítio? Teria o David sido o responsável por arranjar aquela fonte? Será que aquelas letras significam mesmo «DAVId»? Haverá ali mesmo o número «59»? Será um ano (em 1959 não havia exploração mineira nos Carris e o complexo estava só guardado por uma pequena guarnição).

O regresso foi pelo mesmo caminho... mas um pouco mais rápido...













































Fotografia © Rui C. Barbosa

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