quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Trilhos Seculares - Curral de Obsedo (o 'Curral Esquecido')

Desde a primeira vez que vi uma fotografia deste curral que o achei peculiar, e parece-me a mim ser o único do género na Serra do Gerês. Tornou-se então um objectivo ir lá! Fui lá hoje ainda com a serra coberta de branco em muitas zonas, coisa que dificultou a progressão em muitos locais.

No final do dia a satisfação... além do corpo cansado e estar mais parecido com um índio norte-americano!

PS - Está instalado um interessante debate sobre a designação do curral com uma nova informação de que a designação pode ser 'Curral de Obededo'.

PS2 - Penso estar resolvida a questão da designação do curral após uma dica do Jorge Louro. O curral vem assinalado num dos mapas de um dos livros de Tude de Sousa com a designação de 'Curral de Obsedo'.











































Fotografias © Rui C. Barbosa

26 comentários:

joca disse...

Porquê índio? ;)
Havemos de falar sobre este, se é o curral que imagino era um dos locais que queria visitar antes da publicação do POPNPG. Agora terá que ser depois ;)
Ainda não fiz a minha inscrição, mas conta comigo para o próximo Domingo.

Rui C. Barbosa disse...

...sol, neve... a receita perfeita para um escaldão... ;)

MEDRONHO disse...

tb quero ir....

joca disse...

Medronho, nós ainda há pouco tempo andamos muito perto. era só subir mais um pouco

Joao Dias disse...

Brutal,a avaliar pelas fotografias,temos de lá ir em breve...eu e o Zé ficamos a ver "navios em Viana",ehe.ehe...não dava mesmo!
Abraço,
João Dias
PS,
Já sabes que não posso participar na campanha das Mimosas porque trabalho,que corra tudo bem.

Rui C. Barbosa disse...

Este é daqueles currais onde se passa perto anos e anos sem nunca dar por ele.

Já agora, se alguém souber o seu nome seria interessante identificá-lo devidamente.

Anónimo disse...

Viva!
Será o Prado do Conho. Lembro-me do nome e no GoogleEarth também parece que lhe chamam assim. É realmente um lugar muito especial. Era sítio usado para pernoita há duas ou três décadas, e recordo-me que também constituía uma boa referência de trajecto para alcançar os Carris a partir da Portela de Leonte. Evitava-se o percurso por Albergaria e Vale do Homem e ganhava-se cota com comodidade por carreiros estreitos mas nítidos que permitiam uma progressão fantástica. Outro ponto de interesse é que as águas que brotam naquele prado, juntamente com outras ribeiras vizinhas juntam-se e alimentaram no passado, escassas centenas de metros a nascente, o que terá sido uma formação glaciária cujos vestígios (melhor observáveis do lado oposto) tomam a forma de uma sugestiva depressão em “u” aberto que ligava depois, inflectindo para sul, ao vale, já rasgado em terrenos mais baixos, das “Sombrosas”. A orientação essencialmente voltada a nascente e a (elevada) altitude deste sector, abrigado do sol pela massa do Borrageiro, proporcionariam realmente condições privilegiadas para a acumulação do gelo, mas desconheço se esta “leitura” (Coudé-Gaussen) do relevo da zona se mantém válida.
Cumprimentos,
Pedro Cid
PS. Já escrevi ontem um post sobre este tema, mas não terá seguido, creio...

Rui C. Barbosa disse...

Este fim-de-semana andei a «investigar» o nome do curral e surgiram duas designações. A primeira foi a de que o curral tem por designação 'Curral do Cagarouço', enquanto que a segunda lhe chama 'Curral de Obecedo'. Este nome foi-lhe dado por duas pessoas distintas.

Rui C. Barbosa disse...

Olá Pedro,

Não. O Cural do Conho fica «longe» deste local, depois de passar a Lomba de Pau e antes de chegar ao Curral da Pedra já no alinhamento para os Prados da Messe.

joca disse...

Viva Rui, julgo que é Curral do Obededo. Tenho um mapa que designa assim um local onde imagino que este curral esteja. Mas não devo estar muito enganado. Se voltares lá gostava de ir contigo. Eu aguardo uma resposta a um email que remeti ao ICNB para decidir como vou fazer para caminhar por esses locais. Tenho informnmações desencontradas e não me entendo. É um pouco a nossa "conversa" sobre a fonte fria.

Rui C. Barbosa disse...

Boa nota Louro!

Ok! Assim que tiver pensada uma nova ida para aqueles lados eu aviso.

joca disse...

Afinal também deves ter um papa com esssa designação. Ontem fui ao Tude de Sousa e está lá.

Já são dois mapas com essa designação. :)

Fico à espera do convite. ;)

Rui C. Barbosa disse...

Viva Louro!

No mapa do Tude tem 'Curral do Obsedo'.

Vamos lá combinar isso... falamos por email...

joca disse...

Curral do Obsedo ou Curral de Obecedo parecem-me apenas duas formas distintas de grafar a mesma designação que seria essencialmete oral. Os pastores não seriam exactamente letrados. Para ires mais longe terias que procurar saber a origem do nome e tentar descobrir aqual seria amais correcta, mas isso já é arreia demais para a minha camioneta. :)

Há por aí algum filologista?

Rui C. Barbosa disse...

Sim, exacto. Mas como num comentário anterior te havias referido ao 'Curral do Obededo', pensei que esta fosse outra designação. Foi o dedo que se enganou na tecla ;)

Anónimo disse...

Viva!
Dado que não tenho disponibilidade de ir agora até ao Gerês (a não ser, virtualmente, através do Blog Carris-Gerês, que é sempre deveras evocativo e aliciante. Parabéns!), volto ao tema, para perguntar se estará mesmo encerrada a “questão da designação do curral”?
Entre amigos, sempre conhecemos o local (preciso melhor: a inconfundível “chã” de altitude situada a sensivelmente uns 1100 metros para Nordeste do Borrageiro...) como “Prado do Conho”, mas, claro, poderia perfeitamente tratar-se de equívoco nosso, como aqui tem sido sugerido ao avançar-se com outros nomes (Cagarouço??? e Obsedo).
No entanto, e porque os dados toponímicos podem ser bastante traiçoeiros, prestando-se facilmente a mudanças, evoluções no tempo e confusões diversas, será prudente lembrar que nem a eventual autoridade de um mapa (ou até de um autor tão insigne como Tude de Sousa) deve ser aceite sem mais. Assim, julgo que só conferindo directamente com as gentes (pastores) locais (de Fafião, ou Ermida...) será possível aclarar o assunto com algum grau de certeza.
Insisto nesta amigável controvérsia porque, segundo o dicionário, um “Conho” é um “penedo insulado e redondo, em meio de um rio” e, na verdade, o que marca de forma absolutamente distintiva aquele Prado não é decerto a sua confortável cabana, os poucos e vetustos carvalhos ali teimosamente de pé ou as cristas rochosas que abraçam o sítio sobretudo de oeste; não, é justamente o grande “boulder” de granito que ali foi “aterrar” fincado no solo como um menir e que, aliás, foi o que de imediato ressaltou (e identificou o sítio) aos meus olhos na série de fotos colocada “online”. Não seria lógico que o nome do local derivasse dessa singularidade geológica? Ou o tal “Curral do Conho” mais para os lados dos Prados da Messe é indubitável e inviabiliza o que aqui indico?
Saudações,
Pedro Cid

Rui C. Barbosa disse...

Viva Pedro!

De facto, mesmo antes da «confirmação» do nome por parte de três pessoas no Gerês que me indicaram o nome pela primeira vez, a designação surge no livro do Tude de Sousa.

No entanto, é bem provável que possa haver outra designação para este curral se bem que 'Cural ou Prado do Conho' é uma designação atribuída a um outro curral (nomeadamente ao curral que surge na série de fotografias nesta entrada do blogue onde se pode ver uma pedra enorme junto de um carvalho).

De referir também que a primeira designação que me foi passada sobre este curral era a de 'Curral do Cagarouço' por se encontrar logo ao lado do vale com este nome.

Abraço!

Anónimo disse...

Viva!
Ora aí está! O Colombo também cometeu aquele que é tido como o erro mais profícuo da História ao descobrir a América quando procurava a Ásia. Neste caso, a confusão nasceu de eu me referir ao Sítio das fotos 9-12 desta entrada no Blog (aquele com o grande bloco granítico), não me apercebendo que o que estava verdadeiramente a ser discutido era o Sítio da imagem inicial e fotos 20-32, também com características próprias muito marcadas (curral com forma circular e subdivisão interna perfeitas, localização isolada, etc.).
Já agora, não seria de tentar precisar um pouco melhor as coordenadas geográficas de ambos os locais (Conho e Obsedo) e averiguar se haveria alguma relação (funcional, paisagística, altimétrica, geo-morfológica, etc.) entre eles?
Seja como for, avanço um pouco mais e presto a seguinte informação, baseando-me na característica porventura mais marcante dos territórios aqui retratados: a sua altitude e, por isso mesmo, a possibilidade de conterem vestígios, mais ou menos nítidos, de antigas “glaciações”. Isto para dizer que, na obra recente “Geografia de Portugal”, dir. De Carlos Alberto Medeiros, Círculo de Leitores, 2005, vol. 1 (O Ambiente Físico), pp. 165 e ss., surge o que me parece uma boa síntese das manifestações glaciárias no Norte de Portugal, aí se relatando que o tema, no que toca ao Gerês-Peneda-Amarela gerou alguma polémica, dominando no entanto agora entre os especialistas, de ambos os lados da fronteira, uma aceitação global (e até uma confirmação mais alargada) das pioneiras teses de G. Coudé-Gaussen sobre o assunto. O que não deixa de ser sugestivo (a Bibliografia citada no dito livro contém estudos, mais detalhados, de leitura certamente recomendável para quem se interessa pela Montanha e, muito em particular, pelo “nosso” Gerês).
Saudações,
Pedro Cid

joca disse...

Agradeço a paternidade que é porém duvidosa. No mínimo teria que a partilhar contigo que primeiro sugeriste o nome. Eu apenas tive a sorte de a encontrar num mapa. Na verdade, o primeiro mapa que encontrei não foi o do Tude de Sousa mas num publicado em “Formas e depósitos glaciários e periglaciários da Serra do Geres-Xurés (Portugal; Galiza) Levantamento cartográfico” - Cuaderno Lab. Xeolóxico de Laxe. Coruña. 1992. Vol. 17, pp. 121-135; depois encontrei ainda um melhor em “Los Tills de la Serra de Geres-Xueres y la gaciacion pleistocena (Minho, Portugal - Orense, Galicia)” – Cuaternario e Geomorfologia, 4 (1990), pp 13-25. Depois o Tude de Sousa serviu para confirmar a designação. Ainda que nos artigos a designação seja Obecedo, que também já a encontrei num outra publicação científica. Acredito que seja apenas formas diferentes de grafar.

Já que o Pedro é um interessado pela geologia vou deixar no final uma citação do referido artigo. Eu de geologia percebo quase nada, estou a recolher bibliografia para me informar melhor sobre os locais por onde passo. Há muito que decidi que caminhara no Gerês seria uma outra forma de instrução. O prazer da actividade física associado a um prazer cultural.

Os dois currais, Conho e Obsedo(Obecedo) estão bastante afastados.

Uma vez que não posso publicar aqui as imagens vou publicar no meu blogue.

“o vale do Rio Homem
Já foram referidas as diferenças de opinião entre SCHM1DT-THOME e COUDEGAUSSEN acerca da importância da glaciação na parte montante do vale, apenas seria possível provar a existência de urna língua glaciária no vale afluente de Agua da Pala, que teria alcançado a altitude de 900 m (COUDE-GAUSSEN, 1981, p. 182-183).

Os nosos trabalhos de campo provaram a existência de urna importante glaciação no alto vale do Rio Homem, através da identificação de tt/ts subglaciários, pelo menos até altitude de 725 m. Os mais claros e extensos afloramentos aparecem ao longo do caminho para os Carris, entre os vales das ribeiras de Madorno e do Cagarouço (Fig. 4).

Mas os afloramentos de ttlt subglaciário existem desde o início do encaixe do Río Homen, por volta de 1.300 m de altitude, e estendem-se até Ponte do Río Homem, referida altitude de 725 m (Fig. 3).

No Cabeço de Obecedo, dominando a íngreme vertente entre os vales das ribeiras de Madorno e do Cagarouço, foram identificados os restos de urna moreia cobrindo urna distancia de 600 m (Fig. 4). Esse arco morénico poderia explicar-se por um glaciar de planalto, que se encostaria, do lado sul, vertente dos v. g. Torrinheira (1.456 m) e Cidadelha (1.467 m). Mas é possível que se relacione com a própria língua glaciária do vale do Homem, que atingiria, assim, nesse local, urna espessura da ordem dos 300 m.

Essa hipótese ganhou consistência com a confirmação, em laboratório, do ttlt junto da Ponte do Río Homem.

...”

eles andem ai disse...

Gostaria de saber por onde realizou a subida para o Cabeço do Obsedo, se pelos Prados da Messe se pelos Prados Caveiros (ou Coveiros), mais concretamente junto ao Lombo do Burro.

Rui C. Barbosa disse...

Comecei pela Portela de Leonte, seguindo depois para o Mourô (Vidoal), Lomba de Pau, Conho, Curral da Pedra / Prados da Messe e tomei o trilho em direcção ao Borrageiro (minas). Perto de Cidadelhe virei à esquerda num vale que me levou directo ao Curral de Obsedo.

eles andem ai disse...

Caro Rui,
Muito obrigado pela informação, e não é que meu dito ... meu feito?
Pois estive no curral no passado 10 de Junho.
Como agradecimento, penso dar uma informação do agrado de todos os amantes do Gerês, é que o nome inscrito no mapa do livro "Serra do Gerês" de 1909 de Tude de Sousa, do qual possuo um exemplar (sortudo),é na realidade "Curral do Absedo".
A confusão nasce porque o "A" maiúsculo parece um "O" maiúsculo, mas confrontando com outras palavras iniciadas com "A" maiúsculo, como "Curral de Albergaria" e com outra iniciada por "O" maiúsculo, como "Observatório", no canto inferior esquerdo do mapa, verifica-se que de facto o nome correcto é "Curral do Absedo".
Um grande abraço,
Victor Gaspar

eles andem ai disse...

Caro Rui,
Muito obrigado pela informação, e não é que meu dito ... meu feito?
Pois estive no curral no passado 10 de Junho.
Como agradecimento, penso dar uma informação do agrado de todos os amantes do Gerês, é que o nome inscrito no mapa do livro "Serra do Gerês" de 1909 de Tude de Sousa, do qual possuo um exemplar (sortudo),é na realidade "Curral do Absedo".
A confusão nasce porque o "A" maiúsculo parece um "O" maiúsculo, mas confrontando com outras palavras iniciadas com "A" maiúsculo, como "Curral de Albergaria" e com outra iniciada por "O" maiúsculo, como "Observatório", no canto inferior esquerdo do mapa, verifica-se que de facto o nome correcto é "Curral do Absedo".
Um grande abraço,
Victor Gaspar

joca disse...

Movido de curiosidade procurei verificar um possível significado de “absedo”. Num golpe de sorte encontrei num documento de Mirandés um significado possível. Absedo, sinónimo de abexedo, seria um local virado a norte ou sítio desabrigado. Dá-se o facto de o local poder ser assim considerado, pelo que esta pode ser uma hipótese para o significado do topónimo. Seria interessante perceber se existe algum fundamento para ela, mas por agora sou apenas funciona apenas como uma provocação da curiosidade.

publiquei um post sobre isto no meu blogue, pode ser que apareçam mais explicações

Rui C. Barbosa disse...

No Gerês este curral é conhecido como Obsedo e não Absedo. Mais uma vez temos uma dupla toponímia dos locais: Modorno versus Madorno; Caveiros versus Coveiros; Cruz do Touro versus Cruz do Louro; são alguns exemplos.

joca disse...

temos que continuar :)
era engraçadp saber mais sobre este curral