Ainda me lembro quando há muitos anos atrás comprei várias cartas topográficas do Exército e me entretinha a traçar trilhos que gostaria de fazer. Uns tiravam partido dos trilhos que já existiam, outros eram exploração pura da Serra do Gerês e do Parque Nacional.
O trilho que percorri a 2 de Novembro é um dos trilhos que há muitos, muitos anos pretendia fazer, mas que devido ao seu estado não o conseguia sequer encontrar no local. A natureza ganhara a batalha ao longo de muitos anos e foi tomando aos poucos o que lhe pertencia.
Fui agora possível percorrer este trilho que me levou ao Alto da Varziela e me ofereceu paisagens familiares mas nunca vistas por mim nesta perspectiva.
Iniciando na Albergaria e subindo a Costa de Varziela, a paisagem vai-se tornando novidade por entre as cores quentes do Outono que aos poucos vai ganhando vida na mata nacional. Ziguezagueando pela encosta, ganha-se altitude até atingir os domínios da Varziela e os píncaros escarpados do Alto da Varziela. É sempre bom e reconfortante caminhar no desconhecido e esperando cada volta do trilho, aguardando o repentino surgir de algo que nos complete o dia. Daqueles lugares vislumbra-se o recorte da Serra Amarela: Muro, Louriça, Ramisquedo, Eiras, o pequeno vale por onde corre o Rio Cabra vindo do Esporão, Palheiros e Calvos. Lá ao longe, para lá da Portela do Homem, as terras galegas. O olhar passa pela Cruz de Pinheiro, Cabelo do Cantarelo, Carris de Maceira, Pé de Medela e no fundo do vale o tesouro dourado e em tons de fogo da Mata de Albergaria. Muitos minutos para absorver tamanha beleza, poucas palavras para dizer tanta admiração. Um poeta deveria estar ali...
Depois de passar pelo Alto de Varziela o trilho segue em direcção ao Curral Velho e aqui inicia a sua descida para o Rio da Maceira.
Alto de Varziela
Fotografias: © Rui C. Barbosa
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