Carris, 26 de Março de 2009
Tinha planeado somente voltar a Carris em Abril próximo, no entanto um convite do Zé Moreira fez-me mudar de ideias e além do mais a razão era nobre. O objectivo era percorrer o Sendeiro das Sombras, subir ao marco geodésico de Carris e daí atingir o Altar de Cabrões.
Após passar as Caldas do Gerês foi aumentando a curiosidade mórbida de ver o rescaldo do incêndio que ameaçou a secular Mata da Albergaria. Os primeiros sinais surgiram na estrada já perto do entroncamento com o estradão florestal para S. João do Campo / Vilarinho das Furnas. O fogo manchou de negro toda a encosta à nossa direita para quem viaja em direcção à Portela do Homem e a paisagem verde que esperavamos ver nesta Primavera já não irá aparecer. Em vários locais o fogo atingiu mesmo a estrada, vendo-se ainda o fumo a surgiu em alguns pontos...
Prosseguindo em direcção à Portela do Homem tive um vislumbre rápido sobre o Vale do Alto Homem e era aparente que o fogo havia lá penetrado sem dificuldade. Porém, a verdadeira dimensão desta progressão só seria visível ao final da tarde.
A caminhada pelo Sendeiro das Sombras iniciou-se a um excelente ritmo pelas 8h30 junto da Ermida da Na. Sra. do Xurés. Com um dia primaveril a fugir para o Verão a progressão fez-se rápida e em menos de duas horas chegavamos às Minas das Sombras. Após uma breve paragem prosseguimos em direcção à fronteira para as terras lusas e em direcção ao marco geodésico dos Carris. Após vencer a encosta e tendo por vista já a represa dos Carris, dirigimo-nos para o nosso objectivo: o Altar dos Cabrões. Com uma paisagem soberba ainda pontilhada por restos da neve do último Inverno, esta convidava à contemplação. Após vários minutos no Altar de Cabrões seguimos em direcção à represa dos Carris e depois para as Mina dos Carris. A descida fez-se pelo Vale do Alto Homem.
Após penetrar nos limites do bosque da Ablheirinha e a poucas dezenas de metros da Fonte da Abilheirinha, tornou-se clara dimensão do incêndio que assolou o Parque Nacional da Peneda-Gerês entre 21 e 23 de Março. As marcas do incêndio são visíveis nas escarpas sobranceiras aos Prados Caveiros descendo até ao trilho dos Carris e seguindo este até à ponte sobre o Rio Homem. Na estrada para a Portela do Homem que passa pela Mata da Albergaria as marcas são visíveis desde o cruzamento para S. João do Campo, Ribeira do Forno, Costa da Sabrosa e Ribeira de Monsão.
Ficam as fotografias do dia...
Fotografias: © Rui C. Barbosa
5 comentários:
Tristes notícias e o pior é agora imaginar as mimosas a avançar. Elas já estavam muito perto de Leonte e agora tem o caminho aberto. As notícias não esclareciam que o fogo tinha passado para as encostas sul da Albufeira de Vilarinho, apesar de umas fotos publicadas no Público me deixarem apreensivo. Ainda temi que fossem em Palheiros. Onde é que o fogo cruzou a estrada?
Joca, o fogo não passou para as encostas de Vilarinho nem andou lá perto. O fogo deverá ter tido início nos Prados Caveiros tendo-se propagado às encostas a Oeste e depois descido em direcção à Albergaria. Por exemplo, a Costa da Sabrosa é agora um palco de cinzas e árvores queimadas. Não chegou a passar a estrada entre as Caldas do Gerês e a Portela do Homem para o tal 'núcleo' da Albergaria.
Também me lembrei do problema das mimosas e certamente que o PNPG terá de ter muita atenção para essa situação.
RUI!ainda estou na duvida!pode-me esclarecer então se o fogo afectou o vale do homem em si?isto é, da proxima vez que for a carris pelo vale do homem, que cenario vou encontrar?
Ao subir o Vale do Homem e até pouco depois da Fonte da Abilheirinha vai encontrar do seu lado direito um cenário de terra, árvores e demais vegetação queimada...
ok, tinha percebido mal o facto de teres dito que os primeiros sinais surgiram perto do cruzamento em S. João de Campo. Julguei que o fogo tivesse passado pela zona do Prado Amarelo ou Pé de Cabril para a encosta de Vilarinho. É que há umas fotos do Público com uma albufeira em fundo e eu ainda não percebi onde são. Se calhar são de outro fogo.
A Costa Sabrosa é uma má nóticia, sem coberto vegetal e sem manutenção lá se vai o trilho. Eu passei lá há menos de 2 meses debaixo de uma chuva medonha. O trilho em certas partes já era um ribeiro. Se tivermos um Abril de muita chuva...
Eu acho que vou lá amanhã ver o estado da mata.
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