quarta-feira, 30 de agosto de 2023

O condicionamento do trânsito na Estrada da Geira - uma contribuição para o próximo Plano de Ordenamento

 


Caminhar na Mata de Albergaria deveria ser um dos maiores prazeres - se não o momento alto - de muitos dos que visitam o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG). No entanto, nos meses de Verão, torna-se um exercício de resistência física e, acima de tudo, dos pulmões de quem por lá caminha devido à constante e irritante passagens de viaturas que, por vezes, parecem acelerar à vista de alguém que está a caminhar.

Sendo um dos maiores tesouros naturais que existe no Parque Nacional da Peneda-Gerês, a Mata de Albergaria é classificada como reserva biogenética pelo Conselho da Europa em 1988.

Embora existam outras manchas de carvalhal importantes no Parque Nacional – Castro Laboreiro, Mata do Cabril, Beredo e Rio Mau – a Mata de Albergaria distingue-se pela sua extensão e por ser única em Portugal, uma dos mais bem conservadas da Península Ibérica, ocupando uma área de 1.371,3 ha na Serra do Gerês, ao longo do vale do Rio Homem e dos seus tributários.


A Mata é em si um bosque climácico dominado pelo carvalho-alvarinho, mas onde surge também o carvalho-negral bem como outras espécies características dos carvalhais galaico-portugueses que constituíam a vegetação primitiva da grande parte do noroeste português.

É este património natural único em território português que deveria servir de atractivo a quem visita o Parque Nacional da Peneda-Gerês..., sim, porque para quem cá vem fazer praia, certamente que isto pouco importância terá. No entanto, aquele que verdadeiramente aprecia a Natureza, é incapaz de usufruir na sua plenitude deste património, tendo de estar sempre atento aos aceleras de rally na estrada de terra batida ou então suster a respiração até que o pó assente e a poeira passe, um verdadeiro exercício de apneia.

Sendo uma reserva biogenética designada pelo Conselho da Europa em 1988, a Mata de Albergaria merece viver essa distinção e como tal seria pertinente fazer-se um condicionamento do trânsito nos meses de Verão, por exemplo - e a manter-se o roubo da taxa de acesso, durante o período de cobrança destas mesmas.

A Estrada da Geira entre a Bouça da Mó e a Albergaria deveria ser preferencialmente pedonal entre as 9h00 e as 19h00, sendo somente permitido o acesso automóvel a residentes, veículos de emergência e veículos de serviço do PNPG. Deveria definir-se um período de visitação turística com viaturas para as empresas de animação turística durante 1h 30m na parte da manhã e da parte da tarde. O controlo de velocidade deveria ser aumentado com a colocação de lombas limitadoras de velocidade que não deveria ser superior a 30 km/h.

O Parque Nacional deve ser reconhecido por todos como uma área protegida, o nosso ÙNICO Parque Nacional, e não como um parque de diversões balnear.

Assim, ponhamos de facto «pés a caminho» e deixemos de estar alucinados a «seguir o Sol» com futilidades e fait-divers que nada trazem ao Parque Nacional da Peneda-Gerês!

Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

2 comentários:

Francisco Ascensão disse...

Realmente isto traria um prazer diferente em chegar à mata de albergaria. Acho que também podia ser colocado um limite diário de visitantes, sejam eles pedestres ou em viaturas. Concorda?

Rui C. Barbosa disse...

Sim, seria uma possibilidade.