segunda-feira, 21 de agosto de 2023

O verdadeiro forrobodó no Parque Nacional

 


Para alguém que, como eu, caminha em todas as alturas do ano no Parque Nacional da Peneda-Gerês, a época do Estio é dolorosa por aqui quando se passa por estas paragens.

Para além de um turismo medíocre, a falta de civismo e o desconhecimento sobre o local onde muitas das pessoas passam alguns dias, é aterrador.

Por vezes, parece que muitos dos que criticam a actuação do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas no que diz respeito a uma «perseguição» daqueles que noutras alturas do ano demandam as montanhas da região, terão razão. Basta estar uns 30 minutos depois das 11:00 da manhã de um qualquer dia da semana, para ver a verdadeira procissão Vale do Homem acima em busca das afamadas e vendidas lagoas e cascatas que fazem o deleite de qualquer Instagramer que se preze. O que aconteceria nestes dias se algum destes visitantes tivesse uma mochila de caminhada às costas? Na verdade, nada, pois a vigilância é quase inexistente.

Chega-se até a perguntar, e em comparação com o que se via em 2022 ou nos restantes dias do ano, se não haverá aqui uma «mãozinha» da Cogestão para que os Vigilantes da Natureza estejam ausentes ou olhem para o lado quando por ali passam? Será?

Por outro lado, o estacionamento abusivo é o «pão nosso de cada dia»! Por cada vez que se passa na Albergaria e na Estrada da Geira, rara é a vez onde não se vislumbra o carro estacionado (por vezes, mesmo junto a um sinal de estacionamento e paragem proibida). Sim, as pessoas estão mesmo a pedi-las, mas que informação é dada nos postos de cobrança da «taxa de financiamento do ICNF travestida de taxa de acesso à Mata de Albergaria que serve para a sua preservação»?

Sim, sabemos que todos os anos o cenário é sempre o mesmo, mas por isso mesmo acho inacreditável que não se tomem medidas para resolver de uma vez estas situações.

É óbvio é fica sempre melhor financiar o 'Rezas Fest', financiar bancos falidos e construir estádios de futebol, do que atender às necessidades da protecção dos nossos espaços naturais, deixando-os para... um plano inferior (ia-lhe dar um número, mas ficaria aquém da forma como é realmente tratada). Na verdade, nunca se previne o Verão, assistimos sempre ao mesmo, numa sucessão de causas para uma sazonalidade da qual todos (ou quase todos) se queixam, mas para a qual poucos querem arranjar soluções.

E assim se vive no Parque Nacional... à espera que venham as chuvas de Outubro e que limpe tudo isto para o esquecimento. Até ao próximo ano...

Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

2 comentários:

Antônio porto disse...

duas vezes que subi ao prado do vidoal e nao encontrei nenhum montanhista ,senao um pastor que ia a subir ver os seus animais,e com o qual tive uma breve conversa.no entanto os carros eram imensos junto a casa de Leonte.

SudEx disse...

a malta anda toda louca sempre é com as cascatas... voltei à PJ de Vilarinho por uns dias Rui, e o que mais se ouvia era "cascata" ou "tahiti" ou ambas juntas, enos mais variados idiomas ...

não entendo .. não que não tenha ido já a algumas, há muitas muitas luas.. mas agora, busco sossego e trilhos curtos e o Cafe Eiras com a sua Gata Judite.

e fico bem assim.

aquele abraço.
DN