Apesar de próximas e de compartilharem o mesmo veio filoneano, nunca houve uma relação entre os trabalhos realizados na Mina do Borrageiro e nas Minas dos Carris. No entanto, as histórias destes dois complexos mineiros vão-se cruzar em finais dos anos 70 e princípio dos anos 80 quando acabam por ser consideradas como um único campo mineiro.
Para lá dos registos oficiais disponíveis do Instituto Geológico e Mineiro e no arquivo da Circunscrição Mineira do Norte, é difícil escrever a história destas minas devido à ausência de testemunhos pessoais.
O manifesto mineiro para a mina de ‘Borrageiros’ foi entregue na Câmara Municipal de Montalegre a 18 de Setembro de 1916 por José Frederico Lourenço da Cunha, de 32 anos e residente em Caminha, que descobriu naquele local por inspecção de superfície uma mina de volfrâmio e outros metais. O ponto de partida para a demarcação da concessão mineira 949 ficou definido a 300 metros a partir do alto dos Borrageiros medidos no rumo nascente, seguindo até ao Penedo Redondo até ao Ribeiro do Couce e o curso do mesmo ribeiro até à sua nascente, confrontando pelo nascente com o marco geodésico de Chamições (Chamiçais), do poente com Carris, do Norte com Matança e do Sul com Cidadelha (Cidadelhe). Por endosso, a mina seria cedida a Paul Brandt, cidadão suíço de 37 anos residente no Porto, e a António Lourenço da Cunha, de 43 anos residente em Caminha e gerente da Empresa Hidro Eléctrica do Coura, Lda. Em Outubro os vários filões são estudados pelo Professor F. Fleury do Instituto Superior Técnico, o qual procede à recolha de amostras que submete para análise pelo Professor Charles Laspierre. Em Novembro, Paul Brandt e António Lourenço da Cunha, requerem o reconhecimento oficial do jazigo. O Engenheiro Chefe de Repartição de Minas, Manuel Roldan y Pego, emite os éditos de concessão a 17 de Novembro, sendo publicados no Diário do Governo a 22 de Novembro.
Sem meios de acesso para viaturas, os trabalhos na mina sempre foram rudimentares e inicialmente executados à superfície. O minério obtido no Verão de 1917 era transportado por muares para a casa do juiz de paz de Cabril, José Maria Afonso Pereira, onde ficava depositado . No local da mina não existiam habitações confortáveis e capazes de resistir aos rigores invernais da Serra do Gerês. Após os primeiros trabalhos no Verão de 1917 onde terão sido obtidos cerca de três toneladas de minério, os dois detentores do registo mineiro solicitam a 26 de Dezembro que lhes fosse permitida a transferência do minério para Frades do Pinhedo…
…como tivessem procedido a pesquisas durante o Verão findo extraindo nesses trabalhos cerca de 3 toneladas de mineral que precisam de transportar para uma altitude inferior, por ser impossível continuar a viver o pessoal encarregado da sua guarda no referido lugar dos Borrageiros devido a não possuirmos ali habitações confortáveis em que possam resistir aos rigores do Inverno. Pedem, pois, lhe seja concedida licença para transportarem o referido mineral para a habitação de Manuel Maria João Pereira na freguesia de Frades do Pinhedo, pessoa de sua inteira confiança, para se conservar ali até que lhes seja outorgada a concessão.
O minério seria inicialmente transportado para Cabril a 25 de Janeiro de 1918. A 1 de Fevereiro são solicitadas guias especiais e respectivo certificado de exportação para o minério entretanto obtido. De notar que nesta data a demarcação da concessão ainda não tinha sido levada a cabo, sendo-o a 10 de Junho por António Teixeira Pinto na presença de Paul Brandt. Os direitos de descobridores legais seriam oficialmente atribuída aos dois homens a 4 de Junho de 1919, sendo publicada a 20 de Junho no Diário do Governo. A 20 de Novembro era emitido o parecer pelo qual poderia ser atribuído à Empresa Mineira dos Borrageiros Lda., entretanto constituída por António Lourenço da Cunha e Paul Brandt, a concessão da Mina de Borrageiros. Com a atribuição da mina, o Director Técnico entretanto proposto, Alberto Augusto Pinto Vieira, elabora a memória descritiva e o plano de lavra que foi elaborado em Fevereiro de 1919.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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