sexta-feira, 8 de abril de 2016

Visitar as Minas dos Carris - um manual para tótós (Remix)


Nunca é demais voltar a publicar este texto que já surgiu aqui no blogue por várias vezes.

Antes de prosseguir, quero de novo sublinhar que desde Junho de 2014 os pedidos de autorização para a realização de actividades de visitação não estão sujeitos ao pagamento de taxa!

Nos últimos anos, as Minas dos Carris na Serra do Gerês têm-se tornado um destino, um objectivo preferido de muitos montanhistas e afins. Situadas nos píncaros geresianos, estas minas são vistas não só como um objectivo em si, mas também como um local rodeado com uma certa aura de mística e mistério, certamente devido ao seu entorno e às ruínas que tornam aquele local tão especial.,

Podemos chegar às Minas dos Carris percorrendo vários caminhos, uns mais fáceis do que outros mas sempre constituindo longas caminhadas. Convém, antes de mais, desmitificar a situação destas minas perante o actual ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Muitos são aqueles que em busca de informações são mal informados tanto pelos serviços do parque nacional como dos postos de turismo da zona. Infelizmente, o facto de alguém trabalhar nestes locais não lhe garante o total conhecimento sobre os condicionalismos que são impostos à visita e acabam por mal informar os visitantes. Assim, desde já convém referir que NÃO É PROIBIDO VISITAR AS MINAS DOS CARRIS! Por outro lado, as Minas dos Carris não se encontram dentro da Zona de Protecção Total do Parque Nacional da Peneda-Gerês, o que implica que não é necessária qualquer autorização para a sua visitação (dentro de determinados condicionalismos). Porém, o mesmo já não acontece com alguns dos caminhos que terão de ser percorridos para lá chegar.

Durante a visita às ruínas convém ter extremo cuidado aos nos aproximarmos dos poços mineiros bem como de algumas ruínas, nomeadamente na lavaria nova. Não convém também esquecer que este é um património único e que apesar de desprezado pelo Parque Nacional da Peneda-Geres, deve ser devidamente conservado e respeitado! Qualquer acto de vandalismo, destruição do património ou violação de boas práticas ambientais no que se refere à visita ao local (e ao PNPG) deve ser comunicado ao PNPG, GNR (SEPNA) ou Protecção Civil. A nossa conivência perante as violações que são feitas nestes locais, tornam-nos tão culpados como os que comentem esses actos.

Falemos então de como chegar às Minas dos Carris. Como é óbvio existem vários caminhos para chegar ali. Destes vou indicar quatro opções, sendo que duas delas percorrem em parte a zona de protecção total. O que é que isto implica? Implica que caso queiram percorrer estes caminhos terão de pedir uma autorização ao Parque Nacional da Peneda-Gerês. Um contacto telefónico ou o envio de um correio electrónico a explicar as nossas intenções, pode remover as dúvidas que possam surgir. É claro que pedindo esta autorização certamente estarão sujeitos à fiscalização tanto do PNPG como do SEPNA. Caso não peçam a autorização e não informem o PNPG, estão a jogar uma roleta russa... Mas costuma-se dizer que "...quem não deve, não teme."

O caminho mais curto para chegar às Minas dos Carris percorre o fabuloso Vale do Alto Homem, famoso no Verão pelo Rio Homem e pelas suas lagoas naturais. O caminho tem uma extensão de cerca de 9,5 km e o seu estado é muito mau devido à incompreensível falta de conservação por parte do PNPG que o levou a uma degradação extrema. No entanto, não deixa de ser o caminho mais curto, apesar de penoso. Este caminho percorre a Zona de Protecção Total quase desde o seu início até à entrada na Corga da Carvoeirinha, já quase no final do percurso.

A segunda opção será tentar chegar às Minas dos Carris passando pelas galegas Minas das Sombras. Podem iniciar a caminhada na Ermida da Nª. Sra. do Xurés (Vilaméa) e seguir a Ruta das Sombras. Ao chegar às Minas das Sombras deve-se tomar um trilho de pé posto que se inicia junto do velho barracão dos mineiros e daí atingir a fronteira na Amoreira. Seguindo o trilho em direcção ao marco geodésico dos Carris, terão de percorrer cerca de mais 2/3 km para chegar às Minas dos Carris. Entre a Amoreira e o marco geodésico dos Carris, estarão a percorrer a Zona de Protecção Total.

A terceira opção será utilizando o trilho que se inicia em Chã de Suzana (Xertelo) e seguir em direcção ao Castanheiro onde se pode observar os restos de mineração das Minas do Castanheiro. Percorrendo sempre em trilho de pé posto, o caminho seguirá o bordo do Vale da Ribeira das Negras em direcção aos Currais das Negras e daqui subir ao paiol ou então seguir em direcção à Garganta das Negras até atingir a linha de fronteira e depois virar à esquerda, atingindo a represa dos Carris. Uma outra opção será atravessar a Ribeira das Negras e após passar no sopé da Matança, atingir a Lamalonga e daqui subir em direcção à lavaria nova. Este percurso nunca entra na zona de protecção total e como tal não é necessária qualquer autorização para grupos inferiores a 10 pessoas (pois percorre em parte a Zona de Protecção Parcial Tipo I).

Uma quarta opção começa junto da conduta da EDP que existe perto da estrada entre Cabril e a Barragem da Paradela, mais precisamente na Corga da Abelheira. O trilho inicia-se por debaixo dessa conduta e vai subindo a corga até atingir o colo no topo do vale. Aqui a paisagem para a Serra do Gerês é soberba e permite-nos já descortinar o nosso destino. Devemos então seguir por um carreiro à esquerda que nos fará descer para os Currais de Biduiça. Seguindo a Norte, devemos atingir o bordo do Vale da Ribeira das Negras em direcção aos Currais das Negras, seguindo depois as opções apresentadas no parágrafo anterior.

É óbvio que existem outras opções (por Pitões das Júnias, pela Lagoa do Marinho,  por Sáa (Galiza), etc.), mas estes serão os percursos mais interessantes.

Fotografia: © Rui C. Barbosa

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