terça-feira, 26 de julho de 2011

O parque nacional que temos

As imagens são bem reveladores do estado em que se encontra o nosso parque nacional. Este preocupa-se em perseguir e amedrontar aqueles que livremente e de forma consciente, pretendem tirar o máximo partido do contacto com a natureza.

Regulamenta-se, vigia-se, pune-se, inventam-se regras à revelia do plano de ordenamento, mas nas coisas mais simples está a demonstração de como este parque nacional é gerido.

As fotografias foram obtidas junto da Casa Abrigo da Portela de Leonte pelas 9h00 do dia 26 de Julho de 2011.
Fotografias © Rui C. Barbosa

16 comentários:

Alice Lobo disse...

Para saberes melhor o que pretendem fazer com as casas da floresta, dirige-te a alguns municipios, ja que algumas casas senao todas , estão sob dominio administrativo das autarquias locais, assim como algumas escolas do 1´º ciclo que estão ao abandonado total (Nao é so as casas da Floresta do estado que estão abandonadas no PNPG) ...
Cumprs

Alice Lobo disse...

Pelo que me foi dito já algum tempo 1 das casas é constantemente "alugada" a pessoas da Guarda Nacional de outros pontos... Sinceramente achas que para o Parque as casas são uma prioridade? nem para as autarquias ,... pessoalmente as casas só serao habitaveis ou utilizaveis parA outros fins.. se existir investimento privado como existe em outros parques naturais... Mas eu admiro a tua determinação...
cumprs

Rui C. Barbosa disse...

Eu sei que não são uma prioridade, mas deveria ser tal como todo o património histórico no seu território (escolas primárias incluídas).

Não estou a dizer que deva ser o PNPG a investir nestas infraestruturas; existem vários exemplos de casas aproveitadas por associações. Certamente que os privados deveriam ter uma palavra (já que a porcaria do Estado não se interessa por elas, o que demonstra uma profunda falta de visão).

A renovação destas casas era boa não só para o PNPG como entidade que é, mas também para a economia local.

Daí a determinação de apontar o que está mal com estas casas (e apontar o que está bem, apesar dos exemplos serem pouquíssimos).

Alice Lobo disse...

O turismo no PNPG é aproveitado para a economia local em determinadas zonas, como vila do gerês e arredores, achas que os turistas que vão para a travanca produzem algum efeito na economia local ... Existe algumas habitações para turismo rural, mas particulares, onde através de fundos perdidos ajudaram a reconstruir com mais de metade. Mas nem todas as pessoas ou locais poderam usufruir desse fundo quem mais beneficiou foram as zonas mais procuradas pelos visitantes, é claro que as casas das florestas nao é um interesse até porque tinham de protege-las durante todo o ano e quando nem os parques de campismo estão acessiveis durante esse periodo... O PNPG nao traz grande desenvolvimento em 80% das aldeias , os emigrantes são a chave para a economia local...

Rui C. Barbosa disse...

Alice,

Apesar de explorado pela ADERE Peneda-Gerês, o Parque de Campismo da Travanca acaba por ser um pequeno motor para a economia local, sendo local de paragem para aqueles que visitam o Soajo e a Peneda (tal como o Parque de Campismo de Lamas de Mouro o é para aquela zona).

Pode-se fazer mais? Muito mais! Deve haver mais investimento principalmente fora do Gerês? É claro que sim, porém por vezes aqueles que querem investir encontram obstáculos burocráticos muito complicados.

Alice Lobo disse...

Em termos de grandes investimentos, dentro do PNPG nao sou muito receptiva porque isso traz algumas consequencias negativa, mas ja foram realizados pequenos projectos como o Núcleo Museológico de São Miguel de Entre-Ambos-os-Rios.

http://www.igogo.pt/nucleo-museologico-de-sao-miguel-de-entre-ambos-os-rios
Mas após algum tempo ja nao havia condições para continuar com o projecto porque a autarquia nao incentivou e hoje estão objectos a deteriorar-se lá dentro, (roupas antigas, loiças , portas de espigueiros, fornos com designações antigas,etc) e apesar dos protestos locais, decidiram fechar porque nao havia muita procura... Na Ermida (Ponte da barca) existe um outro nucleo e tem um dos objectos mais conhecidos como pedra dos namorados e Menir ,e "um velhinho vai abrir a porta se alguem o chamar" uma das escolas foi organizada com um espaço multimédia para receber locais e visitantes após meses já nao havia dinheiro para pagar a internet... isto porque a procura era minima, logo nao se justifica certos custos ... como é que vamos lutar contra a falta de incentivos das freguesias e autarquias , é dificil ..

Rui C. Barbosa disse...

Sim, é difícil principalmente quando o investimento inicial não é seguido de um investimento na divulgação da obra que se faz.

Alice Lobo disse...

Claro que existiu divulgação, e podes ver nesse link que ja está desactualizado pois, neste momento encontra-se encerrado mas existem locais que nao eram tão procurados...

António Candeias disse...

Olá Rui Barbosa,
É curioso teres publicado estas fotos e estes pensamentos. Eu estive ao lado dessa casa no passado Sábado e pude testemunhar o estado em que a casa está. Falta dizer que está mesmo ao lado do sítio onde nos cobram pela passagem na Mata, ou seja, temos que parar para poder observar bem o estado degradante em que se encontra a dita casa. Iniciamos precisamente aí uma caminhada e nem um simples local para as necessidades mais básicas existe. No regresso, quando quisemos desfazer-nos de algumas garrafas de plástico e uns quantos papeis, nem uma simples papeleira existe. Porque não aproveitar a casa para um pequeno centro de acolhimento a visitantes? Valeram-nos os portageiros que nos cederam o seu saco para o lixo... Coitados! Obrigados a passar o dia naquelas condições...

joca disse...

É a Direcção-Geral do Património que possui a tutela do património das casas florestais. Isto não desresponsabiliza o PNPG do estado de degradação das casas na sua área de implantação. É o resultado de anos em que se considerou a presença humana inconveniente (para usar um eufemismo). Nos planos do Parque as casas florestais são sempre para recuperar, mas depois...

Quanto ao discurso da concentração dos efeitos na economia local em determinadas zonas e preciso algum cuidado ao ouvi-lo. Já que não se pode fazer muito quanto ao dize-lo. Isto significa que é preciso mais cuidado ainda ao reproduzi-lo. É que ele é muito facilmente instrumentalizado pelos diversos interesses locais.

Se é verdade que o vale do Gerês é o local mais visitado, também é verdade que já o é há muitos séculos. A vila do Gerês está hoje muito longe do fulgor que teve até aos anos 50/60, quando era uma estância de veraneio de prestígio. Encontrar apenas no PNPG uma justificação é no mínimo redutor, ainda que não se deva negar o seu efeito. E bem vistas as coisas, se há no PNPG local profundamente alterado no sec XX é o vale do Gerês. Primeiro os florestais plantaram os seus currais e depois as barragens submergiram as veigas. Hoje há quem ache que beneficiam do progresso, mas os que ficaram sem os pastos para o seu gado e depois sem os seus campos de cultivo teriam uma ideia diferente.

A verdade é que junto ao vale do Gerês encontra-se um dos santuários mais visitados de Portugal e serão muitos os visitantes que depois sobem à serra. A rede viária, ainda que alterada com as novas estradas, provocou uma proximidade histórica com o litoral (Braga, Guimarães, Porto) e facilitou a centralidade do vale. A oferta hoteleira esteve também concentrada no mesmo vale durante muitos anos. A estes factores poderiam ainda ser adicionados outros, mas não deixa de ser interessante que quando se fala na reorganização administrativa se fale logo no Concelho de Terras de Bouro.

O turismo no vale do Gerês beneficia muito com o PNPG, mas não se explica apenas por ele. Há muitos factores históricos que não devem ser ignorados.

Alice Lobo disse...

Ainda bem que estás tu desse lado para contar essa história , como já as conheço ás vezes esqueço-me e falo coisas como se todos os leitores a conhecesse ..

"Quanto ao discurso da concentração dos efeitos na economia local em determinadas zonas e preciso algum cuidado ao ouvi-lo. Já que não se pode fazer muito quanto ao dize-lo. Isto significa que é preciso mais cuidado ainda ao reproduzi-lo."

Tens razão nao se pode dizer muito, já reparas te que quando eu defendo o "lado de cá" do parque e falo alguma coisa "do lado de lá" tu tens sempre algo q dizer e vice versa, o engraçado é que foi sempre assim perdura essa mentalidade nao existe uma união no PNPG mas sempre a "puxar a brasa para a sua sardinha".

Sem duvida que os Anos 60/70 fizeram todo o marketing da Vila do gerês mais pelas termas, já que pelo Santuário Sº Bento da Porta Aberta desde sempre foi um visita obrigatória dos católicos. Claro que aproveitando o util ao agradavél seria melhor investir em zonas mais procuradas e isso vê-se na quantidade de casas para alugar que existe nessa zona (terras de Bouro) na época de verão.

"É a Direcção-Geral do Património que possui a tutela do património das casas florestais." Tens razão mas eu nao disse tutela disse "dominio administrativo" e como disss . existe coisas que é melhor nao falar até porque cada um interpreta de forma diferente quando assim lhes interessa ...
Cumprs

joca disse...

Eu não sei ao certo em que lado de cá é que a Alice me coloca, mas eu sou estranho a todos esses discursos de vila de baixo e vila de cima. Tenho as minhas preferências por certos locais, que visito mais vezes, mas quanto às “sardinhas” que as tenho que comprar nos assadores dos outros. Razão mais do que válida para não me meter nas questões dos “lumes”. Do exterior tenho é uma opinião sobre certos tiques locais, que, na verdade, não são de nenhum local específico. É por isso que disse que é preciso muito cuidado ao reproduzir certos discursos, é que muitas vezes eles não passam inveja do “lume” do lado. Eu visito todo o parque e este ano já caminhei em todos os concelhos. Quanto aos investimentos, o PNPG não deve é criar obstáculos aos investidores que respeitem os objectivos da área natural. Esta conversa recorda-me uma que tive numa aldeia de Montalegre, que é um exemplo muito interessante, em que alguém da geração mais nova se queixava que queria investir na recuperação de casas para alugar e simplesmente não conseguia comprar as casas que queria. Mesmo a pagar o dobro do que achava que elas valiam. Em muitos locais o que falta é visão e liderança. Faltará ainda capital, mas essencialmente faltam os primeiros. Correndo o risco de dar um exemplo sem estudar e conhecer as coisas profundamente, a Branda de Vilhares possui(já não passo lá há dois anos) condições únicas para ser recuperada e transformar-se num local de excelência de turismo sustentável.

Alice Lobo disse...

Pessoalmente nao sinto qualquer inveja do "lado lá" pelo contrário, tudo tem os seus riscos, "não investimos" como referes, mas conseguimos ter alguma harmonia e locais recatados, quando eu falei em casas para alugar, queria dizer que só existe essa quantidade porque existe um procura, nao estava a referir-me a mais nada. talvez por isso não sou mutito receptiva a grandes investimos e compreendo que até agora todas as pessoas têm mantido fiel a esses objectivos., cada um Local tem a sua identidade. A questão é que para grandes investimentos á diinheiro, mas para pequenos ou médios projectos, já nao existe.Porque hoje as pessoas interessan-lhes coisas "em grande, que dê muito lucro" porque senao já nao vale a pena investir...
O momento que mais senti-mos essa diferença e talvez inveja como dizes foi o que aconteceu o Ano passado e anos anteriores o facto de terras de bouro ser sempre privilegiado em termos de meios humanos e outros para combate a incendios assim como nas candidaturas para reflorestação etc etc . Quando falas das brandas de "b"ilhares, esperemos todos (habitantes) que continuem assim por algum tempo... Aqueles gentes nao são as gentes do gerês . (espero eu que continuem assim por algum tempo )
Cumprs
Cumprs

joca disse...

É muito complicado manter o equilíbrio de estar à janela e ver-se passar na rua. Eu sei que é humano quer sol na eira e chuva no nabal, mas não se pode ter um discurso contra a falta de procura e depois querer ficar orgulhosamente sós.

Alice Lobo disse...

Bem para quem nao quer puxar a brasa á sardinha… Se queres saber, desta vez quem ficou confusa fui eu. Porque as pessoas estão interessadas em manter algumas tradições ou edifícios passados intocáveis , só por isso já nao tem os mesmos direitos a reflorestação ? ou meios de combate a incendios ? .. isso nem era necessário dizeres...!
Cumprs

joca disse...

Se repares bem no escreves, percebes quem é que marca as fronteiras. São os de cá e os de lá, são a "gente do gerês", etc.

Não conheço as questões a que fazes referência e manda a prudência calar. Se vier a descobrir que o POPNPG não se aplica da mesma forma...