quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Trilhos seculares - Do Arado à Rocalva pelo Azevinheiro

 


Para quem passa pela encosta do alto da Arrocela, a Corga de Giesteira vai-se estreitando à medida que se afunda na direcção do Curral de Giesteira. Sendo a sua margem esquerda de difícil progressão, a parte superior da margem direira apresenta-nos uma passagem entre os Portelos de Teixeira e a Chã de Pinheiro, seguindo pelo Azevinheiro. Pois foi este percurso que percorri neste dia, onde o céu se encontrava «pintado» de riscos castanhos do fumo de numerosos incêndios que manchavam de negro muitas das paisagens de Portugal.

Saindo do Arado muito cedo para evitar longas horas a um Sol inclemente, subiu-se em direcção ao Miradouro da Cascata do Arado através da recém reparada escadaria que alguns, fruto da ignorância e sabe-se lá mais o quê, dizem ter exterminado uma planta única no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Passando o miradouro, segui encosta acima e após passar o curso de água da Ribeira de Giesteira, enveredei pelo emaranhado de carreiros na direcção dos Portelos de Teixeira.


Logo chegando ao início dos Portelos, surgiu uma velha mariola escondida por entre a vegetação que marcava um carreiro que me levaria até ao marco triangulado do Azevinheiro através das Lajes Brancas do Azevinheiro. Chegando junto do marco triangulado, surge-nos uma chã a partir da qual é possível apreciar parte do Vale do Teixo, bem como parte da Corga de Giesteira, Arrocela, Junco e o Pé de Salgueiro, entre outros.

Deixando para trás o marco do Azevinheiro, segue-se o carreiro mariolado, descendo para a Cova do Azevinheiro e depois iniciando a subida para a Chã do Pinheiro. O carreiro está relativamente bem assinalado e dá-nos uma perspectiva diferente da Corga de Giesteira à medida que vamos progredindo.


Na Chã de Pinheiro surgem várias opções, podendo seguir para a Corga dos Fitoiros Negros e depois para o Vale de Teixeira; para a Fraga do Cando e depois para a Chã de Roca Negra; para Entre Caminhos e Poço Azul descendo para o topo da Corga de Giesteira; para Coriscada através da vertente da Meda de Arrocela; ou seguir para o Cando através do magnífico carreiro ao longo da Encosta do Canto, subindo depois para o Curral de Rocalva.

Tomei a última opção e segui na direcção do Vale do Cando após apreciar a magnificência da Roca de Pias e da Quina do Meio em toda aquela bruta e rude paisagem! A caminhada por este percurso dá-nos uma sensação ímpar na Serra do Gerês: é como se estivéssemos a caminhar na direcção dos pés de um colosso que se vai elevando à nossa frente na forma da Roca Negra. Por esta altura, e estando no fundo do vale, o calor já apertava e a esperança de encontrar água desvanecia-se, apesar de não esperar que ali ainda pudesse correr. Mesmo que ali a pequena ribeira tivesse água, a presença de vacas a pastar seria o suficiente para não recolher água. Sabia que em Vidoeirinho a fonte teria água e assim continuei o caminho, subindo a vertente do vale a Nascente e seguindo para o Curral de Rocalva com as suas cores ocres de Verão. Foi mesmo uma passagem rápida, seguindo então para o Curral de Vidoeirinho com a sua fonte, local de descanso e repasto, sendo abençoado com uma brisa fresca que corria na chã à sombra do carvalho ali existente.


A parte final da jornada levar-me-ia a passar no alto da Corga das Cerdeira e depois pelo Estreito com a magnífica paisagem para o Vale da Touça e para os Vidreiros de Pradolã. Prosseguindo, passava então pelo Curral de Pradolã apreciando os Bicos Altos e descia para Pousada, tomando depois o carreiro para Pinhô e seguindo pela Ponte de Servas para Tribela, Curral dos Portos e Curral de Malhadoura, entes de regressar ao Arado.

Ficam algumas fotografias do dia...



























Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

2 comentários:

Francisco Ascensão disse...

Por onde andava a vezeira de fafião?

Rui C. Barbosa disse...

Havia uns animais no Cando, mas não sei se seriam de Fafião.