Não precisamos de longas caminhadas pela Serra do Gerês para conhecer os seus encantos ou sentir a sua História. Porém, por vezes somos tentados a fazer longas jornadas que nos levam a percorrer grandes distâncias por estas carismáticas montanhas.
Foi isso que aconteceu neste dia, chegando ao final com um total de 29,6 km e 1.607 m D+...
Começando no Campo do Gerês, segui o traçado da Grande Rota da Peneda-Gerês (GR50) até às Caldas do Gerês passando na Chã de Junceda, junto da Casa Florestal de Junceda e pelo Miradouro de Junceda, seguindo para a Chã de Lamas e descendo para o Miradouro da Fraga Negra. Depois, continuei a descer para a Chã da Pereira e em pouco tempo passava junto do Miradouro do Penedo da Freira, chegando então ao rebuliço das Termas do Gerês (Caldas do Gerês). Aqui, uma curta paragem para um refresco!
Assim, estava feita a Etapa 12 da GR50, mas o verdadeiro desafio da manhã esperava-me logo à saída da vila termal. Uma longa subida que nos leva até ao Curral da Lomba do Vidoeiro põe à prova as pernas mais treinadas, os pulmões mais capazes e o coração mais forte. Esta não é uma subida que se faça de ânimo leve, principalmente nos dias quentes de Verão. No caso em questão, o ar fresco da manhã ainda reinava, facilitando assim a demanda! Percorrendo velhos caminhos florestais que ficaram do tempo dos Serviços Florestais, o traçado da GR50 leva-nos a passar pela Fonte do Azeral e a percorrer um espaço florestal que se vai alterando à medida que vamos ganhando altitude. Intercalando entre velhas estradas florestais e carreiros, o caminho chega então ao Curral da Lomba do Vidoeiro, domina o pinhal e permanece a vergonhosa vedação que, diz o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, servirá para preservar a cabra-selvagem.
No Curral da Lomba do Vidoeiro deixo o traçado da GR50 e sigo em direcção ao Vale de Teixeira, passando ao largo do Curral de Teixeira e seguindo em direcção ao Curral do Cambalhão. Aqui, uma paragem para o almoço e um merecido descanso num dia que já se tornara quente. Diante de mim, erguia-se a Garganta da Preza que teria de vencer para chegar ao Colo da Preza e depois baixar para o Prado do Vidoal. Com a tarde quente, o esforço foi-se notando com várias paragens pelo caminho. Passando o Curral do Junco, a visão do Vale de Teixeira era agora magnífica na sua profundidade na paisagem.
Com o dia a começar com um céu azul limpo de nuvens, sabia haver a previsão de trovoadas para a tarde. As primeiras nuvens começaram a formar-se por volta do meio-dia, mas pelas 14h00 já dominavam o céu. Não gosto de ser apanhado pela trovoada na montanha e assim havia uma certa urgência em terminar a jornada, mas sem correr riscos.
Depois passagem pelo Vidoal, a descida para a Portela de Leonte pela Chã do Carvalho foi rápida. Numa altura em que é notório que as visitas ao Parque Nacional em 2022 deverão atingir um mínimo histórico, a tranquilidade em Leonte era apenas interrompida pelos chocalhos do gado que descansava à sombra dos grandes cedros. Restavam ainda alguns quilómetros e as nuvens enegreciam-se...
Saindo da Portela de Leonte, tomei o caminho florestal de segue por detrás da Casa Florestal de Leonte. Após algumas centenas de metros pelo caminho, segui por um carreiro mariolado que nos leva à Portela de Confurco e daqui para a base dos espigões do Pé de Cabril. Depois, segui na direcção de Onde Cria a Passara e desci para as proximidades das Mesas, seguindo para o Prado e depois para o Curral de Gamil. A parte final da caminhada foi feita descendo as Vitoreiras e, após um curto descanso nas águas da Ribeira da Roda, terminava a longa jornada ao chegar de volta ao Campo do Gerês.
Ficam algumas fotografias do dia...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
6 comentários:
Há muito menos turismo este ano rui? Ainda não se ouviu notícias de caminhantes perdidos nem acidentes pelo menos, e ainda bem!
Em minha opinião, é uma diferença abismal!
É necessária uma mudança de paradigma e deixar cair o turismo termal como bandeira do Gerês e apostar num turismo de montanha e natureza.
Que diferença estranha. De enchente nos últimos 2 anos para uma queda brutal! Acho que o número de acidentes, pessoas perdidas (noticiados nos últimos 2 anos) e subida dos preços neste último ano, em conjunto, afastaram um pouco as pessoas do PNPG e do Gerês em especial. O turismo termal não deve cair completamente, mas sim deve - se apostar também no turismo de montanha e natureza em força para que o PNPG não seja o "Gerês aquashow". Na serra a caminhar também nota diferença no número de montanhistas?
As pessoas regressaram aos velhos hábitos pré-Covid, o que juntamente com o aumento do custo de vida leva a esta diferença.
O número de aquistas desceu de forma aterradora e são muito poucos os que nestes dias estão nas Termas do Gerês. Vamos ver o que trará o resto do Verão?
Vi mais gente a caminhar em Maio e Junho do que agora, se bem que estes dias de calor não levam ninguém para a montanha.
O que quer dizer com hábitos pré-covid em relação ao parque nacional? Não havia assim tão poucas visitas.
Tendo em conta que vamos para a 2ª quinzena de Julho e que o número de turistas está muito baixo, só com uma afluência também ela "estranha" vinda do nada, poderia aumentar o número de turistas no resto do verão.
Pois é provável que nestes dias de calor não seja a melhor altura para encontrar caminhantes, mas mesmo assim deve haver uma anomalia também por causa do menor número de turistas.
Por um lado acho bastante bom, menos barulho, menos poluição, menos acidentes ou inexistência mesmo, menos trânsito também. No entanto para um município como terras de Bouro que se baseia no turismo será algo pesado a pagar.
Tenho visto nas outras publicações do blog que os pastos ainda estão todos bem verdes apesar do calor que se tem feito sentir aí e das vezeiras já lá terem estado, o que é tão bom de se ver para quem caminha, espero que se prolongue. Já agora Rui, há muita água este ano pelo Gerês?
O ano passado havia muito mais gente. O Covid veio criar a ideia de que as pessoas iam mudar de hábitos e virar-se mais para a Natureza; não parece que o tenham feita e voltaram aos hábitos da praia e das férias noutros lugares.
Nestes dias não tenho ido à serra (já desde 2.º feira) devido ao calor, mas olhando para a Veiga de S. João, não deve haver muita água na serra.
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