...Gerês, com o Verão à muito morto as cores quentes do Outono começam a tomar o seu lugar e lentamente a tomarem conta do que há muito esperavam. A Serra do Gerês transforma-se em algo inigualável em todo o país.
O ar frio da manhã foi dando lugar a temperaturas mais amenas. Dos 3ºC da Portela de Leonte aos 7ºC da Portela do Homem, as poucas nuvens no céu cediam o lugar a um azul que compunha a paisagem do Curral de S. Miguel por entre os ramos da velha floresta. O Rio Homem continua o seu aparente interminável caminhar ao longo do Vale do Homem.
O caminho, alargado por recentes trabalhos para criar uma faixa de contenção, ainda tem as marcas dos recentes temporais... árvores caídas e muitos ramos partidos. Apesar disso esperava-se mais água em todo o vale e o Ribeiro de Cagademos ainda espera a chegada de dias mais chuvosos. O verde é aqui e ali, em vastas extensões, tingido pelo castanho rubro dos dias que se avizinham e o vale selvagem pelos homens, vai tomando um outro ser.
O silêncio das Abrótegas é por vezes cortado pelos cantares do vento da montanha. O Outeiro do Pássaro ali está, como um guardião das Lamas de Homem a caminho do Concelinho. A antecipação da chegada para os corpos cansados na subida da Carvoeirinha e a visão das ruínas, lá em cima. Estas estão lá, monumentos ao despreso, esquecidas pelos homens. Cada vez mais sós, cada vez mais ruínas com as suas memórias presas no passado.
Os elementos vão deixando a sua marca e uma ruína é ainda mais ruína. A paisagem vai-se moldando ao passar dos dias e a Natureza reclama o que antes lhe pertenceu.
No horizonte galego as nuvens vão-se acumulando e a hora do regresso chegara.
E mais uma vez Carris fica para trás... lá, eternamente... só...
Fotografia: © Rui C. Barbosa
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