sexta-feira, 4 de junho de 2010

Trilhos Seculares - Sra. da Peneda - Outeiro Alvo - Lamas de Mouro

No passado dia 29 de Maio participei numa acção de avaliação de orientação e progressão em montanha no âmbito dp Curso de Guias de Baixa Montanha que frequento há já demasiado tempo... O objectivo desta avaliação era o de testar os nossos conhecimentos (isto é, dos formandos) ao nível da orientação em montanha, progressão em montanha e comunicações via rádio, além de atestarmos a progresso ao grupos.

A avaliação iniciou-se com uma leve chuva na Sr.a da Peneda. Apesar de não estar frio fomos avisados de que em altitude poderíamos encontrar piores condições meteorológicas. Iniciando a progressão com o impermeável, cedo nos «despimos» pois as condições atmosféricas apresentavam uma húmidade relativa que nos fazia transpirar na íngreme subida até à lagoa acima da Sr.a da Peneda. A progressão fez-se necessariamente lenta o que fez o cansaço acumular-se logo no início da avaliação.

Nas horas seguintes, e após passarmos pela lagoa, percorremos a zona posterior do Escudo em direcção ao Vidoal e Portas. O primeiro objectivo da avaliação era atingirmos o maco geodésico do Outeiro Alvo a 1.314 metros de altitude. Aqui as condições atmosféricas eram muito más com uma visibilidade extremamente reduzida e as condições do terreno muito duras.

Após um curto descanso, e após analisar as condições que nos proporcionavam naquele momento, decidimos em grupo optar por uma opção de segurança e dirigimo-nos para a estrada por forma a fazermos uma chegada em segurança a Lamas de Mouro.

Sobre a segurança em montanha convém referir o seguinte: "Quando as condições meteorológicas indicam que os risco são grandes e, apesar do nosso sexto sentido nos querer sempre convencer que os acidentes só acontecem aos outros ou só se passam nos filmes, há que tomar a decisão mais acertada: adiar a saída para a montanha para um dia melhor!" (Retirado de A Segurança em Montanha, por Rui Rosado, com a colaboração de João Garcia e Francisco Silva).

Convém ainda referir, e dos mesmo autores do texto anterior, que "Os perigos subjectivos ou humanos estão directamente associados ao estado pessoal, quer físico quer psíquico. Se estamos adoentados, se não estamos em boa forma física, se estamos desatentos, sonolentos, nervosos, cansados, etc., devemos parar a nossa actividade e procurar uma solução para o problema. Esta, pode simplesmente passar por dormir um pouco, comer e beber para repor energias, ou inclusive desistir do nosso cume ou via e descer. Criar e levar a cabo um plano de treino para atingir um objectivo específico é uma boa garantia para evitar algumas destas amarguras e dissabores. Antes de mais devemos saber o que pretendemos “da montanha”. Tratam-se de questões pessoais e interiores, cada um tem que aprender a “ouvir” o seu corpo e espírito e decidir o que é melhor para si em termos de longo prazo. (...) Devemos esforçar-nos continuamente para ganhar a consciência correcta dos perigos e evitar factores que inibam a nossa análise dos perigos existentes. Talvez o maior factor inibidor que existe seja o nosso orgulho e egocentrismo, que normalmente nos pressiona para continuar quando tudo parece indicar que o melhor é voltar para baixo."

Foi então decidido descer para a estrada e aí continuar a nossa «progressão em montanha» em segurança com um pouco de «estradismo», chegando a Lamas de Mouro com a consciência de que em primeiro lugar está a nossa segurança apesar da penalização que poderá ter ocorrido.

Ficam algumas fotografias do dia cedidas pelo Vasco Guimarães.


Fotografias: © Vasco Guimarães

3 comentários:

Jorge Sousa disse...

Olá Rui. Normalmente,existe a tendência para descrever certas actividades de montanha sem mostrar "parte fraca". Dando, deste modo, a entender que andar na montanha, mesmo baixa montanha, não requer cuidados e conhecimentos específicos. A descrição deste post demonstra que os perigos são reais e, muitas vezes, apesar da experiência, é necessário decidir com a cabeça fria. Cunprimentos, Jorge Sousa www.bota-rota.blogspot.com

Jorge Nogueira disse...

Olá Rui,
Grande decisão. Mais vale prevenir que remediar!!! A Montanha continua lá, haverá outras oportunidades :)
Ninguém precisa de explicações, ou justificações, a decisão estava nas vossas mãos.

O Orientador do curso é que não deve ter gostado nada dessa decisão :)

Abraço

Rui C. Barbosa disse...

De facto, antes de demonstrar a capacidade de progressão em montanha estava a minha segurança e infelizmente há muita gente que não coloca isso em primeiro lugar levando a situações que depois se tornam casos muito complicados.

No fundo, e sabendo desde o princípio que a decisão implicaria algum tipo de penalização, ela foi tomada tendo em conta a segurança e serviu de lição para que no futuro tome decisões semelhantes no caso de estar com um grupo na montanha e as condições atmosféricas se tornarem adversas.

Obviamente, houve gente que não gostou da decisão...

Grande abraço...