domingo, 14 de fevereiro de 2010

O património perdido da Peneda-Gerês (VI)

O dia 14 de Fevereiro foi dedicado a visitar cinco casas florestais dentro da área do Parque Nacional da Peneda-Gerês, casas que representam bem os diferentes estados de abandono em que se encontra muito do património existente no nosso parque nacional. Convém recordar que este é um património de valor histórico ímpar e muito dele já ter-se-á perdido para sempre. No fundo, a conclusão que se pode tirar destas visitas é o verdadeiro reflexo do estado do nosso país. Um país junto de um imenso abismo no qual os seus habitentes vivem uma profunda ilusão enganados por governantes que lhes prometam um futuro que não existe. É um país que perdeu as suas raízes e que não encontra o seu rumo no meio de uma tormenta que parece não ter fim.

As casas florestais que visitei neste dia foram a Casa da Assureira, a Casa do Vidoeiro, a Casa da Malhadoura, a Casa da Ermida e a Casa de Pitões das Júnias. Dos registos fotográficos obtidos irei começar pela Casa da Assureira.

De facto, não sei quem actualmente detém este edifício incluído no denominado Parque da Assureira e devidamente identificado por uma velha placa de madeira do Parque Nacional. Será este edifício propriedade da Jnta de Freguesia de Vilar da Veiga? Será propriedade do Parque nacional da Peneda-Gerês? Se a ideia original era fazer deste 'Parque da Assureira' um local de visita, esta ideia deve ter sido abandonada há já muito tempo pois o estado de abandono em que se encontra o local é extremo. Uma vegetação pouco cuidada, sinais de vandalismo recentes e uma casa florestal degradada são os postais de visita deste local que por um lado felizmente passa despercebido à maior parte dos visitantes do Gerês.

É no Parque da Assureira onde se encontra um antigo ex-libris do Gerês, o Bando do Ramalho, local predilecto do escritor Ramalho Ortigão. O secular bando está completamente vandalizado e em ruína total, tendo-lhe há muito sido delapidados os pináculos esféricos de granito e mais recentemente a placa de bronze que identificava o local. Incrivelmente, até uma ou outra espiral em pedra foi destruída no banco que é hoje uma triste e abandonada memória do que em tempos representou, um verdadeiro postal ilustrado da Serra do Gerês.

A Casa da Assureira terá em tempos sido entregue a uma associação de Vilar da Veiga, mas hoje encontra-se em abandono e como tem sido usual encontrar em muitas destas casas, alvo de vandalismo com vidros partidos, portadas derrubadas e evidentes tentativas de entrada no edifício.

A Casa da Assureira está situada a 41º 42'52N - 8º 10' 01O e a uma altitude de 299 metros.

Fotografias: © Sílvia Carvalho / Rui C. Barbosa

3 comentários:

Mag. disse...

Li recentemente, que existe ou existiu num dos locais aqui mencionados, Assureira, o chamado banco do Ramalho, que em tempos foi utilizado pelo dito Ramalho Ortigão, nas suas idas por essas bandas, será o banco que as imagens mostram.

Rui C. Barbosa disse...

É exactamente esse banco, o Banco do Ramalho.

Mag. disse...

Caro Rui, obrigado pela informação, pois, apesar de ter familiares nunca lá ter residido que eram naturais de Vilar da Veiga e Rio Caldo,apesar de eu nunca aí ter moorado, desconhecia tal facto,e tenho dúvidas que eles próprios o soubessem, pena que pelo que parece esteja um pouco descuidado, será uma das próximas visitas, quando me deslocar por essas paragens.