Fim de tarde com neve junto da Cascata de Leonte

Cascata de Leonte, 1 de Dezembro de 2008

Esta é uma entrada neste blogue um pouco fora do seu tema, mas penso que no final irão compreender o seu objectivo.

Estava já a descer para as Caldas do Gerês com todo o cuidado possível devido à presença de gelo e neve na estrada quando após a curva antes da Cascata de Leonte me apercebo de carros parados na estrada e alguns deles com «os piscas» ligados. Pensei que teria havido algum toque devido ao gelo, mas na realidade era um carro todo-o-terreno que não conseguia subir mais... os pneus simplesmente derrapavam na neve e gelo. Esta ali criado um potencial problema pois os carros que queriam subir não podiam e o mesmo acontecia aos que queriam descer pois a estrada estava toda ocupada por esse e outros veículos.

Sendo cuidadoso, decidi parar a uns 30 metros antes da ocorrência e sinalizar o perigo também acendendo «os piscas». Ali fiquei algum tempo à espera que a situação se resolvesse. Entretanto, chega outro carro que apercebendo-se da situação tem uma atitude semelhante à minha: coloca o carro em segurança.

Esperei alguns minutos o decidi ir ver o que se passava pois não via a situação a ficar resolvida. Abrindo a porta do carro, mal coloco o pé na estrada apercebo-me do perigo que ali se estava a formar: a estrada estava já a gelar e para tornar as coisas mais complicadas começa a nevar com intensidade. Foi ao encontro das pessoas que se encontravam junto do veículo imobilizado. Nisto, vão chegando mais carros vindos da Portela de Leonte. Um destes carros pára por momentos atrás do carros que se encontrava estacionado atrás do meu, mas sendo alguém com uma capacidade cerebral acima da média e de certo mais curioso do que um gato, decide que dali não vê a ocorrência umas dezenas de metros mais abaixo e decide ir ver o que se passa, avançando com a sua viatura até junto do todo-o-terreno que entretanto se começara a mover mas que acaba por ter de parar devido ao curioso que acabara de chegar comprometendo assim mais uns vinte carros que estavam parados. Há realmente pessoas que não se sabem comportar em comunidade e cuja curiosidade acaba por ser um perigo para os restantes...

Entretanto, e por achar que a situação não era admissível pois já estávamos ali há muito tempo, decidi telefonar para os serviços do Parque Nacional da Peneda-Gerês e alertar para a situação que se desenrolava sem um final aparente. Eis algumas partes do diálogo...

PNPG - Tou, boa tarde! Parque Nacional...

Eu - Boa Tarde! Estou junto da Cascata de Leonte e a estrada está bloqueada por um carros que não consegue andar devido à neve e ao gelo. Será que os senhores não podem fazer nada?

PNPG - Mas não está um sinal na estrada? Não se pode passar!

Eu - Ó amigo! Eu não quero saber se está um sinal ou não... o que quero é que resolvam esta situação! Estão aqui dezenas de carros que não conseguem passar e alguém tem de resolver isto...

PNPG - Mas nós pusemos os sinais... vocês não podem passar!

Eu - Meu caro, isso não resolve o meu problema! E de qualquer das formas os sinais estão para quem vem do Gerês! Quem vem da Portela do Homem não encontra qualquer sinal...

PNPG - Pois, isso não sei que eu não fui até lá...

(...)

PNPG - ...mas o parque não tem meios para resolver a situação, talvez os bombeiros...

Isto é uma parte de um diálogo que mais uma vez vem provar que o Parque Nacional da Peneda-Gerês e as autoridades responsáveis por aquela área não estão minimamente preparadas para enfrentar situações destas. Quando se pensa que um simples sinal de trânsito proibido que parece vir de uma empreitada reles colocado no meio da estrada impede os carros de passar para onde não devem, não é ser irresponsável é ser irresponsavelmente irresponsável. Acredito que o novo quartel seja quentinho e que a delegação tenha uma grande lareira, mas pensar que a situação se resolve por ela é algo que não compreendo. Infelizmente, quando os problemas acontecem a culpa acaba por morrer sempre solteira.

Quando se passa por uma estrada do outro lado da fronteira onde a queda de neve foi muito menor e vemos que a estrada está com sal e depois passamos para o nosso país e vemos que afinal os sinais só estão colocados numa extremidade da estrada, há algo que não está bem. Quando vemos que não existem meios e não se faz uma prevenção para evitar potenciais problemas, é algo que nos deve preocupar. Quando sabemos que o PNPG não tem meios para resolver problemas como os que foram descritos, é razão para nos questionarmos. Quando vemos que temos uma autoridade que só actua quando as condições são fáceis para si, é algo que nos deve revoltar. Por outro lado, perguntamo-nos que valor tem um sinal de trânsito que indica trânsito proibido colocado numa estrada cheia de neve? Porque razão as pessoas não respeitam o que lhes é indicado fazer? Porque razão as pessoas criam situações potencialmente perigosas para si e para os outros, e depois quando o perigo lhes cai em cima vêm culpabilizar as autoridades que não fizeram o que deveriam ter feito para evitar o que aconteceu?

Esta imagem foi obtida a 30 de Novembro de 2008. Como se pode constatar o desrespeito pelo sinal de trânsito proibido é total....

Tenho uma ideia: acho que vou abrir uma conta e fazer um peditório para no final poder comprar umas pás e uns sacos de sal e oferecer ao ICNB, ou então uns aquecedores portáteis para que os guardas (os das fardas cinzentas e das verdes) possam estar a controlar o trânsito bem quentinhos e confortáveis.... ou então? Ah! Peço desculpa, era dia feriado...

Fotografia: © Rui C. Barbosa