terça-feira, 12 de setembro de 2023

Trilhos seculares - Junceda, Covelo e Portela do Perro

 


Não são necessárias grandes caminhadas para podermos apreciar as imensas paisagens da Serra do Gerês e do nosso único Parque Nacional. Por vezes, elas estão à distância da soleira da porta e mesmo numa caminhada matinal podemos nos maravilhar com a contraluz da montanha ou a imensidão dos vales.

É isto que acontece quando caminhamos em pouca distância saindo de junto da Casa Florestal de Junceda e seguindo por alguns metros o Trilho das Silhas dos Ursos. Na divisão do percurso, seguimos à esquerda em direcção ao Vale do Meio e Manga da Tojeira para depois ficarmos com a vista sobre a Boca do Rio e o Curral de Gamil lá ao longe por detrás do qual já espreitam as vertentes da Serra Amarela. Antes de iniciar a descida para o Ribeiro da Roda, vamos reparar numa pequena placa de madeira que nos indica a direcção do Pé de Cabril: é neste sentido que temos de seguir.


A muitos que me perguntam se tenho os tracks de gps destes percursos, acabo por responder que a sensação da descoberta desaparece quando passamos mais de metade da caminhada a olhar para o aparelho. Os caminhos estão lá, as mariolas lá estarão e o estudo do mapa antes de iniciarmos o caminho dar-nos-á a sensação da descoberta que se esvai quando seguimos uma rota já traçada por outros. Fazendo a vossa gestão do risco, aventurem-se e descubram a montanha, mas com o devido juízo e a devida gestão dos riscos que estamos dispostos a tomar!

Passando então a pequena placa, inicia-se um curta descida até a um pequeno curso de água e depois inicia-se a subida para a Fenteira do Prado que vai antecipar em algumas centenas de metros a chegada ao Prado com o seu abrigo pastoril. Com os seus carvalhos mortos e as paredes graníticas, este prado torna-se muito agradável para um pequeno descanso antes de prosseguirmos em direcção à base dos espigões do Pé de Cabril. O carreiro vai-nos levar a passar por uma laje granítica onde se encontra uma rocha que nos faz lembrar um trono a partir do qual podemos apreciar as vertentes Nascentes do Vale do Rio Gerês. Aqui, já nos surgem os grandes picos geresianos do Pé de Medela, Carris de Maceira, Borrageiro, Pé de Salgueiro e Junco.


O caminho vai-nos levar sem dificuldade na direcção do vale no topo do qual se erguem os dois colossos que forma a parte superior do Pé de Cabril. Aqui, o granito foi-se esculpindo como um trabalho de Hércules que ergueu duas colunas para o céu em honra da magnificência de toda a serra! Aos poucos, aproximámo-nos destes colossos que se agigantam à nossa passagem. A aproximação dá-se numa subida do caminho que nos leva até Onde Cria a Pássara e a uma varanda que nos permite observar a imensidão que se abre a nossos pés e nos leva até à albufeira da Caniçada para os lados de Rio Caldo.

Continuando, vamos então passar de encontro às faces Nascentes do Pé de Cabril sem tentar subir aos seus cumes, descendo na direcção do Curral de Tirolirão para tomar o carreiro que nos levará a passar a Portela do Perro e seguir para o profundo vale do Covelo por onde se desenvolve um carreiro que nos levará ao Covelo de Cima. Daqui, segue-se para o Curral de Gamil e toma-se o traçado do Trilho das Silhas dos Ursos para voltar ao ponto de partida em Junceda.























Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

5 comentários:

Francisco Ascensão disse...

Rui, seria interessante saber se os pinheiros silvestres que aparecem nas fotografias, são os "famosos" pinheiros silvestres primitivos. Não me parecem ser mas ainda não sei bem fazer a sua distinção. Porque a ideia geral que se tem é que eles no Gerês só existem na parte mais oriental da serra

SudEx disse...

olá Mestre Rui !

pois que eu com o meu "amadorismo" mas com o backup do Garmin, já fiz grande parte desse trilho que falas.

subindo da Pousada como se fosse para a Calcedonia, segui o Trilho das Silhas dos Ursos que é misteriosamente acompanhado por uma linha de média tenão, que por vezes parece ali abandonada.

(acho que nao estou enganado nas minhas memórias)

pelo meio, junto a uma casa e um tanque muito grande, havia muito arvoredo e sombras, para descanso ao meio dia

por fim, resumindo a jornada, falhei o pé de cabril.

queria muito ir ao cimo da serra que se vê da Pousada, e nao fui capaz de sozinho, dar com aquilo

haverá outras oportunidades, e outras descobertas !

grandes fotografias as tuas, como é já apanágio.

Abraços,
Daniel

Rui C. Barbosa disse...

O início do Trilho da Silha dos Ursos está mal assinalado nas diferentes app's. Ele inicia-se junto dessa tal casa com o tanque (Casa Florestal de Junceda). São cerca de 3 km (6 km com ida e volta) que se podem poupar se se for de carro até Junceda. A estrada não é das piores e faz-se devagar.

Poupar estes 6 km pode ser o suficiente para nos dar o alento para chegar ao Pé de Cabril, mesmo fazendo o Trilho da Silha dos Ursos (que é um percurso pequeno).

Rui C. Barbosa disse...

Francisco, não tenho a certeza. Sei que tem sido feito um esforço na reflorestação / replantação / plantação dos pinheiros autóctones, mas para ser sincero, não sei quais as zonas.

Francisco Ascensão disse...

Ok, obrigado rui