Se na manhã deste dia caminhei por entre a frondosa vegetação da Mata de Albergaria até à Ponte de Palheiros num passeio pela Natureza e História de parte do Parque Nacional da Peneda-Gerês, a tarde iria trazer-me a imensidão dos vales profundos e dos altos rochosos da penedia granítica da Serra do Gerês.
Começando no entroncamento das Rocas (já apinhado de carros e de ruidosa gente), segui a estrada florestal até à Ponte do Arado e subi em direcção ao Miradouro da Cascata do Arado onde, apesar das barreiras que pretendem impedir o acesso dos mais incautos ao abismo, há sempre uns valentes que jogam a sorte na descida. Deveríamos ter lá um guarda, não é? E já agora, também um caixote do lixo, não era? Termos consciência e sermos responsáveis pelo que fazemos, é que não!
Deixando o miradouro para trás, subi encosta acima e enveredei pelo pequeno vale à direita, seguindo da direcção do Curral de Giesteira. Antes de chegar ao curral, virei à direita e subi a Corga do Urso, chegando depois a uma estrada florestal que me conduz até ao início de um carreiro pastoril que nos leva para o Curral de Coiriscada e daqui para a vertente da Arrocela, entrando na Corga de Giesteira e chegando ao Curral da Arrocela. Continuando o percurso, vamos subir o colo até nos surgir a imensidão, profundidade e espanto da paisagem que de repente se nos depara! Em frente, a Corga das Cerdeiras vai-se extinguir no Estreito e à nossa esquerda precipitam-se as vertentes da Roca de Pias e da Quina do Meio. O topo da Rocalva surge por entre a rudeza do granito e é com espanto que a nossa vista abrange esta maravilha da Natureza perante a qual as paisagens das grande montanhas de outros paragens se vergam à sua imponência.
Após uma breve paragem, inicia-se a descida da Encosta do Cando num ziguezaguear que nos levará ao Curral de Entre-Águas, acanhado lá no fundo da corga. Pelo caminho, a visão dos teixos milenares perante os quais qualquer um de nós de deve ajoelhar em reverência e adoração. A descida faz-nos sentir numa dualidade de existências: ora nos revela a nossa pequenez perante tamanha grandeza, ora nos sentimos grandes e orgulhosos por vislumbrar tamanha bela da Natureza. A Serra do Gerês é isto; põe-nos no nosso lugar!
Chegados a Entre-Águas, tomei o carreiro que me levou a passar por um abrigo pastoril (identificado como "Rio Conho") e mais adiente, após atravessar o Rio Conho por duas vezes, passei junto do Poço Azul, seguindo então pela Encosta de Carvalhosa (após atravessar novamente o rio) até às imediações do Curral de Pinhô, descendo para a Ponte de Servas e subindo para a Tribela. Daqui, tomei a estrada florestal, passando pelo Curral dos Portos, Curral de Malhadoura e depois descendo para o Arado.
Algumas fotografias da jornada...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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