domingo, 29 de abril de 2018

Minas dos Carris - Suspensão da lavra em 1973


A actividade mineira nas Minas dos Carris termina em 1973 quando se torna claro que os custos de produção ultrapassam os lucros que a Sociedade das Minas dos Gerez, Lda. obtinha com os trabalhos nos altos Geresianos.

No livro "Minas dos Carris - Histórias Mineiras na Serra do Gerês" é referido que, "Com os custos de produção a ultrapassar os lucros da empresa, a lavra é suspensa em finais de 1973. Neste ano os registos oficiais indicam que foram obtidos 16,510 toneladas de volframite com 70,00% e 17,929 toneladas de mistos de scheelite e cassiterite com 30%, correspondendo ambas as quantidades a 16,936 toneladas de volfrâmio; com a cassiterite a 30 % correspondente a 5,379 toneladas de estanho.

Segundo o documento que solicita o estatuto de adequada reserva para as restantes concessões enviado a 31 de Janeiro de 1973, a Sociedade das Minas do Gerez refere que a concessão do Salto do Lobo teria produzido em 1972 cerca de 28,100 toneladas de volframite; 5,000 toneladas de scheelite e 23,930 toneladas de mistos, os quais após devidamente tratados terão produzido 2,113 toneladas de volframite; 5,095 toneladas de scheelite 825 kg de cassiterite e 4,010 toneladas de molibdénio. Estes valores não coincidem com os valores que foram indicados no quadro de produção referente ao ano de 1972. Neste quadro é indicado que foram obtidos 36,213 toneladas de volframite com 70,00% correspondendo a 25,349 toneladas de volfrâmio; 10,095 toneladas de scheelite com 70,00% correspondente a 7,068 toneladas de volfrâmio; 0,825 toneladas de estanho com 70,00% correspondendo a 0,577 toneladas de estanho; e 4,010 toneladas de molibdenite.

Da mesma forma, no documento semelhante que é enviado a 31 de Janeiro de 1974, é referido que a concessão do Salto do Lobo teria produzido em 1973 cerca de 16,510 toneladas de volframite; 17,989 toneladas de mistos de scheelite e cassiterite que corresponderam a 24,107 toneladas de volframite e estanho. A tabela mostra os dados oficiais dos elementos para a contribuição industrial dos anos de 1971 a 1974 e do ano de 1979. Conforme é referido no pedido de actividade produtiva no ano de 1975 para a concessão do Salto do Lobo enviado para a Direcção-Geral de Minas e Serviços Geológicos a 25 de Março de 1975, a concessão não atingiu em 1974 a produção prevista em virtude da falta de mão-de-obra. Nesta mesma data são enviados os pedidos de suspensão de lavra para as concessões das Minas dos Carris juntamente com o pedido de suspensão da lavra para a Mina do Castanheiro, evocando a falta de mão-de-obra especializada. A 3 de Maio todos estes pedidos são diferidos a título precário até 31 de Dezembro desse ano, com o texto do deferimento a ser emitido a 25 de Julho e com a decisão a ser publicada em Diário da República a 7 de Agosto.

O quadro em baixo mostra as quantidades de minério extraído nas Minas dos Carris entre 1971 e 1973. Segundo Virgílio Murta, “para que a mina tivesse a produção indicada no quadro para 1971, teria sido necessário reorganizar tudo, tarefa que é muito demorada e para o que seria conveniente contactar com quem tinha fechado e conhecido bem a mina (eu próprio) e os encarregados, o que não foi feito. Parece-me portanto que há grande confusão originada por esse quadro. Por outro lado, nele é indicada uma produção de 51,275 t de volframite. Isto corresponde a um desmonte de rocha de cerca de 14.650 t, ou seja, de cerca de 5.400 m3. Para uma largura de desmontes de 2 metros, isto corresponde a 2.700 m2 de área vertical, ou seja, de mais de 135m de desmonte e galerias em direcção, o que duvido tenha sido feito… Talvez se trate de existência estimada, na mina, mas não de produção em 1971.”"


Extraído de "Minas dos Carris - Histórias Mineiras na Serra do Gerês", Rui C. Barbosa (Dezembro de 2013)

Sem comentários: