Este é um artigo assinado por Miguel Dantas da Gama que foi publicado na mais recente edição do jornal GERESÃO. Neste artigo, o autor aborda a problemática dos incêndios que em 2016 devastaram parte da área do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) e aponta para a necessidade urgente da recuperação dos cobertos florestais com árvores autóctones.
De facto, este é um trabalho há muito por fazer por parte do PNPG e mesmo já antes da ocorrência dos acontecimentos que devastaram a Mata do Mezio em 2016 e que ainda não havia recuperado dos incêndios de 2006.
No entanto, acho perigo - de facto, demasiado perigoso - se estabelecer uma relação directa entre o pastoreio e a ocorrência dos incêndios e em especial quando se olvida do acordo para a realização de queimadas que em tempos existiu entre o PNPG e as vezeiras que utilizam as pastagens de altitude nas serranias do Parque Nacional. Sabemos que as queimadas potenciam o aparecimento dos pastos na época seguinte, porém, cabe ao PNPG fazer a gestão desses pastos para assim evitar os incêndios e preservar uma boa convivência possível entre quem invadiu aqueles espaços e quem os utiliza desde há séculos.
Recordemos as verdadeiras catástrofes ambientais que levara às alterações do actual Plano de Ordenamento do PNPG e recordemos a visão do PNPG que antevia a extinção (quase por decreto) do pastoreio, actividade milenar que moldou as serranias do Parque Nacional.
O PNPG deve evitar a todo o custo uma «entrada a pés juntos» para resolver os problemas que envolvem de forma directa a relação com as populações. Foi esta atitude que manchou desde sempre a relação entre o PNPG (e anteriormente os Serviços Florestais) e as populações daquela área protegida de características singulares. Todos os problemas devem e têm de ser abordados em conjunto com as populações. Abordar os problemas com uma atitude puramente conservacionista e altamente autoritária levará ao desaparecimento do nosso único Parque Nacional onde ele já somente existe, isto é, no papel!
PS: Convém a Miguel Dantas da Gama ter uma ideia do zonamento do Parque Nacional, pois a Mata de Albergaria não está inserida na Zona de Protecção Total do PNPG.
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