Carris, 27 de Dezembro de 2012
Mesmo quando se regressa pelo mesmo caminho, a distância é sempre maior do que na ida pois pousa em nós o sentimento do que fica para trás.
Depois do almoço e do retemperar forças por entre as ruínas das Minas dos Carris, era chegada a hora do regresso. Entretanto, um outro rebanho de cabras selvagens havia feito a sua aparição proveniente dos lados do marco geodésico dos Carris. Este rebanho aparentava ser mais pequeno do que o anterior, mas da mesma forma constituiu uma visão única da vida selvagem na Serra do Gerês.
O regresso a Xertelo seria feito por um trajecto diferente do anterior. Caso tivéssemos de regressar a Penedem, esperava-nos uma longa e «chata» caminhada através do estradão. Assim, optamos por regressar pelo Castanheiro e depois seguir por Chã de Suzana. Saímos dos Carris passando pela represa que se encontrava cheia de água, apresentando o seu muro algumas fissuras por onde saiam pequenos fios de água. Daqui, descemos para o topo da Garganta das Negras e depois seguimos o velho carreiro até atingir os Currais das Negras passando pelas velhas concessões mineiras ali existentes e testemunhadas pela presença de escombreiras. Nesta altura, surgiram três caminheiros lá no alto que se fizeram notar pelos gritos que ecoaram na montanha.
Os Currais das Negras estavam todos alagados pelas águas das recentes chuvas. Daqui o carreiro levou-nos a percorrer o topo da serrania até nos levar à vista dos Currais da Matança depois de passar pelo misterioso marco triangulado (da Biduiça?). Esta passagem evita que tivéssemos de descer até àqueles currais para voltar a subir até atingir o caminho na crista que nos levaria ao Castanheiro passando pelo Alto do Moreira. Esta parte do percurso faz-se através de um nada de paira por aquelas paragens. A paisagem, vítima de um incêndio há alguns anos, faz-nos lembrar uma magnífica desolação coroada pelos picos serranos que se vão revelando a cada passo que vamos dando. No fundo dos vales, as cascatas invernais fazem o ruído da água corrente que nos vai acompanhando com um som de fundo que se esmorece à medida que a distância se aumenta.
Subimos ao Castanheiro pela sua face Oeste e enquadramos o seu marco triangulado com o Pico da Nevosa que lá longe começava a ficar coberto pelas nuvens negras que trariam a noite. Saímos do Castanheiro seguindo os velhos trilhos até apanharmos o trilho da vezeira assinalado por grandes mariolas Para trás fica a Corga da Fecha do castanheiro e a Corga do Gargalão, até atingirmos a grande mariola de Chã de Suzana e daqui seguindo pelo estradão até Xertelo. À chegada a Xertelo ficou-nos a satisfação de ver o velho fojo do lobo recentemente descoberto pela limpeza de matos que ali se fez...
Fotografias: © Rui C. Barbosa
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