sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Tempo imóvel


Como num sonho, sinto o toque das sombras que dançam em torno de mim...
Imóvel no tempo contemplo a sombra da vida que se projecta aos meus pés...
Procuro o calor da noite e nele espero encontrar o amor.
Imóvel no vazio escuto o silêncio eterno que o olhar me mostra...

Tento compreender o esplendor da montanha que desenha o horizonte...
Tento esconder de mim próprio a dor do dia em que te perdi.
Vivo só num mundo frio, um céu cinzento...
Uma cicatriz eterna marcará o presente.

Nos últimos raios de sol verei o teu esplendor... a cor dos teus olhos, um sorriso que se apaga...
Desejo parar o tempo, torná-lo imóvel...
Desejo apagar as recordações que me fazem viver...
Deixo-me cair... corpo inerte ao toque do frio granito...

Vejo um fogo fátuo que arde no céu...
Sinto o vento frio na cara, o calor que se esvai... lentamente...
Sinto-me voar, o bater de asas... um amor imortal...
Sinto as sensações de todo o universo... um último beijo, silêncio...

Como que por uma ferida aberta, a vida esvai-se...
...duas almas que se unem... por fim...
E por entre a neblina, verei o teu vulto... um véu esvoaçante.
Por um momento, tudo esqueci... imóvel no tempo.

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Escrito a 11 de Julho de 2007

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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