quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Por entre as brumas do amanhã


E por fim, é o tempo de um último suspiro.
Sentado às portas do Inferno, nas sombras das asas negras...
Um último desejo, relembrar o sabor dos teus lábios...
Mergulho nas sombras que lentamente percorrem a montanha...

Nas cinzas do tempo vamos relembrando as memórias...
Ofereço-te as minhas lágrimas sem temer o futuro.
Tenho na pele as marcas pagãs, o desejo nunca morre.

Vejo as bruxas que dançam, nuas, à luz da fogueira.
Sombras translúcidas que se reflectem no granito.
Gritos e risos de prazer que ecoam pelos vales,
...no alto da montanha desejei a tua presença... sentir o teu respirar, o teu toque... o teu olhar...

Em sonhos vejo um abismo negro, o que irei encontrar no seu fim?...
Prazer e dor, um vazio e solidão...
Sombras por entre as brumas do amanhã...
A tremeluzente luz de uma vela que ilumina o caminho por entre a neve fria...
São os sonhos do meu presente.
Estendo as minhas asas e abraço-te na minha sombra, eternamente... nós.
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Escrito nas Minas dos Carris a 5 de Maio de 2009

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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