Da maior parte dos edifícios existentes no complexo mineiro dos Carris é ainda possível encontrar-se descrições, alçados e plantas. Os edifícios seriam apresentados e propostos em duas fases a 2 de Março e a 23 de Maio de 1944. As plantas do primeiro conjunto de edifícios foram aprovadas a 21 de Fevereiro, enquanto que o segundo conjunto é aprovado a 1 de Maio (O desenho do primeiro conjunto foi finalizado a 19 de Fevereiro de 1944, enquanto que o segundo conjunto é finalizado a 12 de Abril). A primeira memória descritiva dos edifícios a construir na concessão mineira do Salto do Lobo apresentada a 2 de Março de 1944 pelo então Director Técnico Francisco da Silva Pinto, incluía uma casa de habitação para o pessoal superior da mina, um bloco de casas para casais, escritórios e cantina, uma enfermaria e um balneário. A segunda memória descritiva incluía o dormitório, os armazéns (n.º 1, 2 e 3), os armazéns (n.º 4, 5 e 6) e as camaratas dos guardas e serviçais. A construção dos edifícios terá começado pouco tempo depois da sua apresentação ao governo.
A camarata geral à qual estavam contíguas as casas de banho apresentava-se como um grande barracão no qual estavam distribuídas as camas (camaratas) ou beliches. Após 1970 o edifício foi dividido em três partes: um hall de entrada com acesso a casas de banho e chuveiros e duas salas dormitório. Curiosamente não existe uma descrição deste edifício por parte da Sociedade Mineira dos Castelos.
À entrada do complexo mineiro, e formando como que uma pequena avenida, encontravam-se dois edifícios. O edifício da ala Norte era o refeitório e a cozinha, enquanto que o edifício na ala Sul correspondia ao bloco de casas para casais ao qual estava contígua a garagem. O edifício do refeitório e a cozinha foi inicialmente projectado como sendo um dormitório e refeitório, tendo sido provavelmente transformado em refeitório por altura da chegada da Sociedade das Minas do Gerês. Assente num soco de alvenaria, estava dividido em cinco compartimentos, sendo quatro destinados ao dormitório e outro a um refeitório. Cada divisão tinha 7,20 metros de comprimento e 5,20 metros de largura. Cada compartimento destinado ao dormitório estava equipado com uma casa de banho (lavabos e WC). As suas paredes eram construídas por blocos de betão e o telhado, de uma só água, era coberto a lusalite. Actualmente são ainda discerníveis a divisória na qual as paredes se encontram cobertas de azulejos brancos e uma área onde se encontravam bancas de cozinha. As paredes apresentam sinais de canalizações de gás e água, e no chão são ainda visíveis sinais de canalizações de esgotos. O tipo de construção indica também a existência de uma grande sala na qual se localizaria o refeitório.
Planta e alçados do edifício do refeitório e da cozinha que foram inicialmente projectados como sendo um dormitório e refeitório.
O bloco de casas para casais estava localizado em frente do refeitório e estava dividido em várias habitações. Este edifício era composto por nove habitações, sendo a primeira uma casa de banho geral ao edifício e a última habitação, com o triplo do tamanho das restantes, era uma sala de estar. Exceptuando esta (com duas janelas frontais e duas posteriores), cada habitação tinha uma porta de acesso frontal e posterior bem como uma janela frontal e posterior). Era construído em paredes de alvenaria ordinária com as dimensões principais de 38,5 metros de comprimento e 5,30 metros de largura. O edifício destinava-se ao alojamento de sete casais. A sala de estar tinha um comprimento de 7,40 metros e uma largura de 4,50 metros, enquanto que o compartimento destinado ao balneário tinha um comprimento de 4,50 metros e uma largura de 1,50 metros. Nas escadas de acesso à sala de estar comum, encontra-se gravado no cimento a inscrição “F.J.S. 26/3/1956”, que poderá indicar as iniciais do principal responsável pela construção do edifício e possivelmente a data de finalização dos trabalhos de construção ou de reparação.
Texto adaptado de "Minas dos Carris - Histórias Mineiras na Serra do Gerês", Rui C. Barbosa - Dezembro de 2013.
Planta e alçado do bloco de casas para casais.
O bloco de casas para casais a 11 de Janeiro de 2003
O bloco de casas para casais a 27 de Janeiro de 2007
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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