Aproveitando um dia de tréguas no final de Outono de 2025 que trouxe a muita desejada água que faltava às serranias do Parque Nacional da Peneda-Gerês. A caminhada aos Prados da Messe é um clássico na Serra do Gerês que nos permite apreciar a beleza da Mata de Albergaria (agora quase despida e pronta para o Inverno), bem como os altos das serranias encobertos com cinzentas nuvens de chuva.
Neste dia subi a Costa de Sabrosa para atingir os Prados da Messe. Como de costume, deixo a viatura na Portela de Leonte e percorro a estrada florestal que me leva à Albergaria logo no princípio da jornada. Por estes dias de caminhadas solitárias por estas paragens, e a ausência do burburinho estival, somos presentados com um leque de sons da floresta por entre o cantar dos pássaros que por cá ficam e o correr dos infinitos ribeiros e pequenos riachos após os dias de chuva. Caminhando pela estrada (que a evito assim no final da caminhada), o corpo vai-se habituando ao ritmo, ganhando pulsações e preparando a máquina para a subida da Costa de Sabrosa.
A subida da Costa de Sabrosa inicia-se pouco depois da Casamata da Albergaria. O carreiro leva-nos pela margem direita do Vale do Rio Forno e atravessa uma área de protecção total do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Assim, é necessário que se peça autorização para percorrer este trajecto (ver como aqui). Curiosamente, ainda há muita gente que insiste em não pedir estas autorizações; quando queremos direitos, há que cumprir os deveres!
Iniciando a subida, rapidamente se toma altitude e a Mata de Albergaria vai-se afundado atrás de nós. O horizonte alarga-se: primeiro a Serra Amarela e as serranias galegas tomam o seu lugar, seguindo das curvas do Soajo e da Serra da Peneda, lá «mais para cima». Por outro lado, as paredes do Vale do Rio do Forno parecem tornar-se mais verticais com o seu soberbo coberto arbóreo e o fundo do vale encrispa-se com os píncaros do Cornogodinho, das Albas e do Pé de Medela. Mais acima, a paisagem transforma-se num caos granítico e a montanha ganha mais altitude com as paredes que se elevam dos Prados Caveiros. A certa altura, chegamos a uma varanda que nos dá um vislumbre do Vale do Ribeiro de Monção e do Peito de Escada, outro acesso aos Prados Caveiros.
Terminada a subida da Costa de Sabrosa, num espaço amplo onde o vento frio se faz sentir no rosto, chegamos à Lameira das Ruivas, seguindo então para o topo da Corga dos Vidros com o Cabeço do Porto de Cornogodinho sempre a tentar para uma próxima visita. O carreiro leva-nos então à Lomba de Burro, onde finda a área de protecção total, e iniciamos a descida para os Prados da Messe, com a sua fonte que vale ouro nos dias do Estio.
Após uma paragem para abastecer de água e um café rápido, a caminhada seguiu então para as proximidades do Curral da Pedra, caminhando-se depois para o Porto de Vacas. Aqui, há que passar o ribeiro e todo o cuidado é pouco nos dias húmidos. Após passar as águas turbulentas, inicia-se a subida para o Curral do Conho, rumando a seguir à Lomba de Pau.
Por entre a tranquilidade e o silêncio, contemplam-se os grandes espaços. O manto verde encharcado irá servir de pasto no Verão para a vezeira, mas por agora é um local de silêncio onde o pequeno abrigo pastoril se confunde com a paisagem. Aqui, a História e as histórias misturam-se: os restos do que penso ser uma milenar anta e os restos da mineração do volfrâmio nos anos 40 do século passado, são marcas que aos poucos se apagam do espaço e da memória dos Homens.
Passando a Lomba de Pau chega-se à Chã do Caçador por entre lameiros e turfeiras de altitude agora cheias de água e esquecendo os dias quentes. À esquerda eleva-se a encosta da Torrinheira, culminando no Alto do Borrageiro com o seu velho marco geodésico, e à nossa direita a paisagem afunda-se para a Chã das Gralheiras e o caos granítico de Lavadouros e Cinzeiros, despenhando-se depois no vale de Maceira.
A parte final da jornada fez-se passando pela parte finda das Lamas de Borrageiro e seguindo depois à Fonte da Borrageirinha, iniciando a descida para a Chã da Fonte e para o Colo da Preza, com a sua vista para o Vale de Teixeira.
Descendo então ao Prado do Vidoal, tempo para uma paragem mais prolongada, segui para a Chã de Carvalho e iniciei a descida para a Portela de Leonte através da secular calçada da vezeira e debaixo do olhar atento do Pé de Cabril.
Algumas fotografias do dia...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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