Caminhada num belo dia de Outono que me levou desde a pitoresca Pitões das Júnias até ao Abrigo Mountain Riders, nas bordas da Barragem de Paradela.
Saindo do Largo do Eiró, em Pitões das Júnias, segui pelo traçado do Trilho do Pastoreio que me levou a emergir na bela Mata do Beredo na sua tranquilidade e palete de cores outonal. Com as chuvas dos passados dias e a humidade no ar, todo o cuidado é pouco a cruzar os fraguedos escorregadios ao longo do percurso.
O caminho levou-me a passar nas imediações do Castelo e através das ruínas da Aldeia Velha do Juriz. O Castelo é uma elevação que se encontra a pouca distância da aldeia de Pitões das Júnias e que exibe as marcas do que poderá ter sido uma fortificação que existiria há época da aldeia Medieval de Sancti Vincencii de Gerez, referida nas Inquirições Afonsinas de 1258, cuja ocupação se terá desenvolvido durante a Idade Média até inícios da Idade Moderna.
A cerca de 1.000 metros para Sudoeste da aldeia de Pitões das Júnias e camuflado por um denso carvalhal encontra-se este povoado. Aqui conservam-se vestígios de cerca de 40 casas de planta quadrangular, construídas com blocos graníticos, alguns toscamente aparelhados. Os arruamentos entre as casas estão também bem conservados, sendo que ainda mantêm o lajeado. O espaçamento entre as casas é de cerca de 3/4 metros, algumas conservam pouco mais de um metro de parede, mas consegue-se imaginar, sem grandes esforços a arquitectura desta aldeia. Os carvalhos vão invadindo, pouco a pouco o interior de cada casa, conferindo a este sítio uma beleza rara. Situa-se na encosta do monte do Castelo, relativamente abrigada e rodeada de linhas de água.
Relativamente ao abandono desta aldeia, os motivos apontados, como a peste, não passam de meras especulações, pois não temos evidências que o possam comprovar.
Deixando as ruínas para trás, segui para o Porto da Lage e iniciei a subida em direcção a Pitões das Júnias, abandonando, porém, a estrada e embrenhando-me de novo nos bosques até atingir os lameiros e mais adiante o traçado da GR50 Grande Rota da Peneda-Gerês que me levaria ao passadiço, descendo então para o Miradouro da Cascata de Pitões das Júnias.
O caminho levou-me em direcção à ponte que liga as duas margens do Ribeiro de Campesino, rumando já em direcção a Outeiro. Seguindo pelo frondoso bosque da Mata do Beredo ao longo da margem esquerda do Ribeiro do Beredo, chega-se à Portela da Fairra e ao fojo de cabrita ali existente. O caminho desce pela vertente Norte do Alto da Mulher Calça e vai percorrer, mais adiante, a margem esquerda da albufeira da Barragem de Paradela, aproximando-se de Parada de Outeiro e de Outeiro, atravessando um mosaico de lameiros e campos agrícolas. Atravessando o Rio Meão, junto ao Moinho do Canto, inicia-se a subida que nos leva à aldeia.
Após uma paragem para o almoço no Albelo do Gerês, e saindo de Outeiro, inicia-se uma nova etapa da GR50 que termina em Sirvozelo. Porém, a minha jornada terminaria um pouco mais cedo, junto à Barragem de Paradela, após passar Paredes do Rio, Fiães do Rio, Loivos e Paradela, percorrendo caminhos agrícolas e frondosos carvalhais de roupagem de Outono, e atravessando o Rio Cávado.
A caminhada terminava após passar o paredão da Barragem de Paradela no Abrigo da Associação Mountain Riders. Esta associação foi constituída a 15 de Outubro de 2018, visando promover o Desporto de Montanha, Cultura Recreativa e Ambiental. Mantendo o refúgio junto da Barragem de Paradela, é um apoio muito importante para quem quiser ter uma experiência de montanha naquela zona. Dispondo de camarata, o refúgio tem serviço de bar e refeições simples, além da simpatia do Manuel Monteiro sempre disposto a ajudar no que for necessário.
Ficam algumas fotografias do dia...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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