sábado, 2 de abril de 2011

Para um conhecimento dos orónimos do Parque Nacional da Peneda-Gerês

Antes de começarem a torcer o nariz, aqui vai a definição de orónimo. Assim, por definição, os "orónimos" são os nomes dos montes e de outros relevos. Dito isto...

Com passar dos anos um dos «problemas» que se coloca à identificação de algumas zonas do Parque Nacional da Peneda-Gerês, está relacionada com uma certa evolução na transmissão oral de alguns dos nomes, isto é dos orónimos, de algumas zonas serranas. De repente, lembro-me de quatro casos que são exemplificativos destas situações: "Modorno" ou "Madorno", "Prados Coveiros" ou "Prados Caveiros", "Prado-lã" ou "Pradolã", e "Lamalonga" ou "Lama Longa". Certamente existem outros exemplos, e estes são exemplos que encontramos na Serra do Gerês. Existem também orónimos os quais só os vi referidos em edições de autor ou em edições perfeitamente definidas numa época, tais como o "Desfiladeiro de Arthur Loureiro" (a caminho da Pedra Bela, que como próprio orónimo é um perfeito exemplo de uma evolução de um nome original "Pedra de Velar") ou a "Cascata de Ricardo Jorge".

Outros orónimos têm surgido sem qualquer significado na etnografia local, sendo o caso mais ridículo a designação de "Cascatas do Tahiti"...

Dentro desta problemática, existem muitos orónimos que estão quase perdidos no tempo. Estes microorónimos são transmitidos de forma oral e certamente que dentro de poucos anos, e sem haver um registo escrito dos mesmos, existe a tendência de ficarem perdidos para sempre. Em resultado, teremos um PNPG mais pobre... algo a que nos querem habituar, mas uma tendência que devemos tentar inverter.

Procurando velhos mapas podemos encontrar orónimos que actualmente não se encontram identificados nas cartas militares, para muitos as fontes por excelência de navegação pelas nossas montanhas. Alguns exemplos:

- Curral de S. João do Campo: possivelmente muitas vezes identificado como Leonte de Baixo, será o prado logo abaixo de Leonte no sentido da Mata de Albergaria.

- Curral de Vilar da Veiga: possivelmente muitas vezes identificado como Leonte de Cima, será o curral imediatamente ao lado da Casa Florestal da Portela de Leonte voltando-nos para o Vale do Rio Gerês.

- Ravina da Água de Mourô: por onde corre o Rio de Mourô.

- Curral da Raíz: será este o "Curral do Tripeirô"?

- Outeiro Moço

- Cabeço dos Lavadouros

- Ravina dos Cantaros: no seguimento do Rio de Maceira em direcção ao interior da Serra do Gerês e adjacente (?) aos Carris de Maceira?

- Corneda e Pranfiado: orónimos localizados antes da Ribeira de Cagademos.

- Ravina da Corga da Porca: paralela à Áfua da Pala, terminando no Vale do Rio Homem.

- Cabeço da Cova da Porca: localizado perto de Cidadelha e possivelmente hoje designado como "Torrinheira".

- Sesta e Curral do Pássaro: adjacente ao Outeiro ou Alto do Pássaro.

- Curral de Obsedo ou Obecedo.

- Vale dos Pinheiros: uma continuação do Vale do Modorno.

- Lajão: ponto alto (de fronteira) perto da Lage do Sino.

- Lage das Cruzes: ponto alto (de fronteira).

- Bela Ruiva e Bela Furada.

- Cabreirinha: um dos pontos mais elevados da Serra do Gerês próximo do Altar de Cabrões.

Todos estes orónimos foram retirados de um velho mapa de um dos livros do Tude Sousa. Muitos mais havia para enumerar e isto só na Serra do Gerês, pis certamente que na Serra Amarela, Serra do Soajo e Serra da Peneda existem outros orónimos que serão perdidos com o passar dos tempos e os vandalismos feitos à língua portuguesa.

Fotografia © Rui C. Barbosa

1 comentário:

joca disse...

Muito bom, no livro Diário Filisófico de uma viagem so Gerês há outros ainda mais antigos.