terça-feira, 6 de março de 2007

Carris, a História (VIII)

Carris, 24 de Fevereiro de 2002

O Complexo Mineiro de Carris

O complexo mineiro de Carris estava dividido em duas zonas principais, uma zona residencial e uma zona de trabalho, divididas por três áreas. Quando se atinge o muro que delimita a entrada para o complexo chega-se à primeira área e a nossa atenção prende-se em três conjuntos de edifícios completamente em ruínas, aliás tal como se encontra todo o complexo. O primeiro conjunto de edifícios é composto por quatro casas situadas na extrema esquerda e ao longo da estrada que conduz à lagoa de Carris. Pelo seu aspecto exterior estas quatro casas seriam os edifícios destinados aos responsáveis da mina e possivelmente a trabalhadores com posições de responsabilidade. O tipo de construção destas casas é distinto da construção utilizada para as outras casas que serviriam de residência. Essas casas serviam de residência a famílias inteiras segundo alguns relatos. Uma visita ao seu interior não deixa ver como seria a sua organização, pois nada mais resta do que as quatro paredes e uma pequena lareira (isto surge em contraste com outras casas de residência nas quais facilmente se distingue uma ou mais divisórias). Muito próximo destas quatro casas existe um edifício comprido que era o dormitório ao qual estavam contíguas as casas de banho ainda visíveis e que utilizavam a ‘técnica do caçador’. Inicialmente este edifício apresentava-se como um grande barracão no qual estavam distribuídas as camas. Após 1970 o edifício foi dividido em três partes: um hall de entrada com acesso a casas de banho e chuveiros e duas salas dormitório. Localizado em frente deste último edifício, encontra-se uma construção que servia de cozinha e cantina utilizada pelos trabalhadores da mina. A possibilidade de este edifício ser a cantina é apontada devido á existência de uma divisória na qual as paredes se encontram cobertas de azulejos brancos numa zona na qual se encontravam bancas de cozinha. As paredes apresentam sinais de canalizações de gás e água, e no chão são ainda visíveis sinais de canalizações de esgotos. O tipo de construção indica também a existência de uma grande sala na qual se localizaria o refeitório. Este edifício forma uma curta avenida logo á entrada do complexo mineiro e encontra-se localizado à esquerda de quem chega à velha aldeia. Localizado á direita encontra-se um outro edifício que acompanha o edifício anterior em todo o comprimento. Este edifício estava dividido em vários armazéns e servia também de residência aos guardas que durante anos asseguraram a manutenção mínima dos edifícios do complexo. Ainda nesta área encontram-se pequenas casas cujo seu objectivo é completamente desconhecido.

Chegamos à segunda área do complexo após se atravessar a pequena avenida inicial da aldeia e caminhando algumas dezenas de metros. Actualmente são visíveis várias estruturas que são facilmente identificáveis. O primeiro edifício surge-nos à nossa esquerda e poderá ter tido uma dupla utilização como armazém e pequeno refeitório na sua parte posterior à qual se tinha acesso por uma entrada na sua extremidade direita. Por esta entrada tinha-se acesso a uma pequena sala que por sua vez dava acesso a um pequeno corredor que conduz a uma outra sala na qual são visíveis sinais de canalizações de gás na parede. O corredor conduz também a uma pequena sala que pode ter servido de pequeno dormitório individual. A pouca distância deste edifício encontra-se uma estrutura que serviria de base a um edifício pré-fabricado e que em tempo foi habitação do responsável pela Mina de Carris (entrevista a António Ribeiro). A estrutura pré-fabricada á muito que desapareceu, mas é ainda visível um pequeno edifício (por vezes confundido com uma pequena capela pela sua estrutura exterior) que serviria de cozinha e que está equipado com uma pequena lareira sobre uma chaminé ainda visível. Na parede são distinguíveis os azulejos que ajudam a concluir tratar-se de uma pequena cozinha para uso individual que serviria também de dispensa. Na parte inferior da casa pré-fabricada localizava-se uma garagem e uma pequena arrecadação na qual poderia estar um pequeno gerador ou um depósito de combustível. Junto à pequena cozinha facilmente se distingue o que seria um depósito de água.

Fotografia © Rui C. Barbosa

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