domingo, 15 de agosto de 2021

Um incompreensível caos

 


Há um ano, quando alertei para o lixo e para a «qualidade» do turismo que se cultivava no PNPG e mais propriamente na Serra do Gerês, recebi ameaças e frases por parte de algumas pessoas que referiam que o seu negócio teria ficado afectado e que não teriam meios de como pagar aos seus empregados e dar de comer às suas famílias.

Um ano depois, nada mudou... bem pelo contrário! Estamos bem pior...

O turismo que se pratica no PNPG, ou pelo menos nos seus locais mais procurados e mais selvajamente divulgados, é de uma qualidade medíocre, sem condições a todos os níveis. O Parque Nacional pura e simplesmente não está preparado para receber um fluxo tão grande de visitantes e estes não estão preparados para visitar o Parque Nacional. As Caldas do Gerês não podem parecer as ruas de Albufeira no estio!

O lixo continua a pejar os recantos dos locais mais visitados e a desculpa de que este aumenta porque aumenta o número de visitantes já não serve de justificação para nada! Não, não tem de haver mais caixotes do lixo! Tratem da vossa porcaria! O mesmo acontece no que diz respeito ao número de ocorrências de acidentes. Já não se trata do "síndrome Decathlon", é o "síndrome da parvoíce e estupidez". Temos um trânsito desordenado, caótico e de um estacionamento selvagem e egoísta que nada respeita! Simplesmente, não é admissível que uma família leve as suas cadeiras de praia e a sua mesa para a zona na Fecha de Barjas onde ocorrem a maior parte dos acidentes! Não é admissível que o lixo continue a pejar e a ser a paisagem da Pedra Bela! E o mesmo acontece com os acessos ao Miradouro de Fafião e no Arado! Não é admissível que a Mata de Albergaria seja um caixote do lixo a céu aberto e que a Portela do Homem seja quase um esgoto! Não é admissível mergulhar na Caniçada e sair coberto de óleo!

Ou os agentes turísticos e o PNPG se juntam para encontrar verdadeiras soluções, ou corremos o risco de perder a oportunidade de elevar o nosso turismo a níveis de qualidade internacionais e de termos um verdadeiro equilíbrio entre aquilo que se pode fazer e o que se deve preservar! No fundo, corremos o risco de perder o PNPG!

O que assistimos nos nossos dias no nosso único Parque Nacional é um incompreensível caos; uma preservação de faz de conta; umas portagens que só servem para financiar o ICNF e nada controlam ou restringem; uns especialistas que apelam à tradição, mas que só pretendem dividir com guerrilhas de bairro; uma instituição estatal que não tem capacidade de resposta para as regras que impõe; uma população amordaçada e atada que vai (sobre)vivendo no seu território; e à emergência de grupelhos que (há semelhança de um conservadorismo bacocamente radical dos anos 70) quer destruir o PNPG com as suas ideias radicais de desertificação humana!

Ousemos!

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