terça-feira, 24 de abril de 2012

25 de Abril: manifestação / caminhada contra as taxas do ICNB

Como devem ter percebido, a escolha do dia 25 de Abril não foi inocente para a realização deste protesto. Há 38 anos atrás, Portugal parecia livrar-se de velhos hábitos instalados na nossa sociedade há 48 anos com um regime que oprimia a liberdade nacional e nos mantinha afastados de garantias que para muitos de nós parecem agora adquiridas e fortemente cimentadas.

Porém, uma certa classe dirigente foi-se subrepticiamente infiltrando nos corredores de decisão política e com a sua má formação derivada de anos e anos de desleixo no ensino após a Revolução dos Cravos, acabamos por ser governados por políticos medíocres que levaram o país e a nossa sociedade a um confronto e a uma sensação de insegurança pelo futuro sem precedentes na nossa História como nação.

A taxação dos pedidos de autorização para a realização de passeio pedestres e actividades desportivas nas nossas áreas protegidas é fruto de uma maneira de governar que não tem explicação. E não tem explicação porque o próprio ICNB desconhece as razões de o ter feito e desconhece as regras (planos de ordenamento, cartas de desporto de natureza, etc.) que elaborou, declarando-se assim incapaz de assumir as suas responsabilidades em toda esta questão e tentando apresentar falso e mentirosos argumentos para justificar meses e meses de abusos administrativos que levaram a que muitos simplesmente desistissem de visitar o nosso património natural. Numa classe e num funcionalismo público responsável e de excelência, este tipo de atitudes já se teria auto-flagelado com a sua própria demissão. Porém, e infelizmente, ainda iremos assistir a muitos capítulos nesta novela triste e deprimente...

O que está aqui em causa é a nossa liberdade em caminhar pelas nossas áreas protegidas. Quem o faz, faz de maneira responsável. Quem não o faz de maneira responsável, existem os mecanismos para punir essa irresponsabilidade. Um sistema a funcionar correctamente é assim que actua. Não é exagero dizer que um avó a passear com o seu neto na Mata de Palheiros ou na Mata de Albergaria poderá incorrer numa contra-ordenação ambiental grave (sim, porque alguma mente brilhante decidiu que dar um passeio é mais grande do que pintar um grafiti na Pedra Bela). Não é exagero dizer que fica mais barato passear de carro numa estrada nacional na Peneda-Gerês do que fazer fazer um passeio a pé pela mesma estrada. isto não são invenções ou supostos teóricos, é a realidade com que nos podemos deparar nas nossas áreas protegidas.

Assim, renovo o apelo à mobilização contra este abuso do Estado, contra este abuso do ICNB e contra o abuso de uma classe dirigente que não olha a meios para conseguir o seu objectivo. No dia 25 de Abril junta-te nas Caldas do Gerês pelas 10h30 junto à Colunata, pela luta contra as taxas que o ICNB cobra pelos pedidos de autorização para a realização de actividades de turismo de natureza dentro das áreas protegidas nacionais.

2 comentários:

Carlos M. Silva disse...

Olá
A pretexto do âmago de fundo deste post (acho):
Independentemente da leitura possível que os autores do documentário fizeram e que cada tele-espectador fará,é útil ver e pensar em como muitas coisas mudaram para quase tudo ficar na mesma ou pior,ficando a cada um a responsabilidade de tudo deixar andar! Por quê isto?
Por que hoje,na RTP2,passa um documentário(imagine-se,terá sido moeda ao ar e calhou ser às 02h da madrugada!),'Os Donos de Portugal' que dá uma,não a única explicação, para coisas destas acontecerem ao arrepio da maioria dos cidadãos.
Apenas isto.
Cumprimentos
Carlos M. Silva

Ana B. disse...

Se eu for dar uma caminhada com um grupo de amigos também tenho de pagar??
Já publiquei a manifestação na minha pagina do FB...estou chocada!!!