De regresso às edições habituais após uma paragem forçada de alguns dias para mudança de fornecedor de serviços de Internet, trago-vos hoje as fotografias da mais recente actividade promovida pelo Blogue Carris com a ascenção ao Pé de Cabril no passado dia 28 de Março.
Esta actividade, devidamente autorizada pelo Parque Nacional da Peneda-Gerês, percorreu seculares trilhos na Serra do Gerês e fez-me regressar a uma zona pela qual já não passava há uns bons anos. A paisagem que o Pé de Cabril nos proporciona, mesmo sem a ascenção ao seu topo, é de cortar a respiração. A Serra do Gerês ergue-se perante nós, altiva, desde a Portela de Leonte até ao Borrageiro. Percorrendo a cumeada com o olhar, vemo-nos perante a imensidão dos espaços.
Não temos as grandes altitudes dos Pirinéus, dos Alpes ou de outras grandes cordilheiras europeias, e fugindo de uma quase artificialidade da Serra da Estrela, a Serra do Gerês provoca ao visitante das alturas as sensações que não se conseguem descrever com palavras. É algo que nos percorre a alma no momento, é um sentir e um estar naquele lugar perante a imensidão, a força da natureza.
Ao contrário do que previramos, iniciamos a caminhada junto do parque de estacionamento da Junceda e passamos logo de seguida pela velha Casa Florestal, entrando no Trilho da Silha dos Ursos. Seguimos em direcção á Tojeira e entramos nos Prados pouco depois. Aqui, o Pé de Cabril passou a dominar a paisagem como um objectivo que nos desafiava.
Chegando ao sopé do grande promontório granítico, e após largos momentos de contemplação transcendental da paisagem, iniciamos a primeira tentayiva de atingirmos o cume. A incursão foi pela face Este, mas a presença de neve e gelo tornaria a progressão muito complicada levando até a uma descida difícil. Foi por este lado que havia atingido o topo do Pé de Cabril pela primeira vez. Voltamos para a face Oeste e procuramos um acesso mais fácil. Este surgiu-nos marcado com mariolas e a subida tornou-se muito mais fácil. Por entre a vegetação rasteira, passando por debaixo de grandes pedras como que transpondo uma passagem secreta para outra dimensão, o caminho para o cume estava coberto em algumas zonas pela neve dos últimos dias e que ainda resistia abrigada pelas sombras do início de uma tímida Primavera.
Após uma ligeira subida, surgiu a confirmação do caminho quando um pouco acima de nós avistamos a via ferrata que abria a passagem para o cume. Com uma hesitação usual da falta de hábito das alturas vertiginosas, conseguimos transpor os metros que nos faltavam e finalmente atingíamos o topo do Pé de Cabril. Mesmo com um céu nublado, a vista abarcava as grandes distâncias. A Serra Amarela, contraforte do Gerês, aguarda a chegada em força das cores primaveris e a albufeira de Vilarinho da Furna desenha um mapa lá em baixo. Olhando para as terras galegas, o olhar percorreu a nacional Mata de Palheiros, destino prometido de uma visita que custa a sair. Cumes, vales, rios e riachos,escarpas e prados marcam a paisagem única que o Pé de Cabril nos proporcionou.
Está já prometido um regresso em Novembro pela Portela de Leonte.
Algumas fotografias...
Fotografia: © Rui C. Barbosa
3 comentários:
Olá rui
Grande caminhada um belo sitio que eu ainda não conheço como muitos outros no PNPG.
Aqueles degraus são uma ferrata? ficam onde ?
abraço e boa pascoa
Miguel
Olá Miguel!
Sim, de facto são a primeira via ferrata no Gerês (e que eu conhaça a única, tendo-me alguém dito que foi a primeira via ferrata em Portugal).
Fica já a escassos metros do cume do Pé de Cabril.
Biba parceiro
Um obrigado por tudo, e que dias como este se repitam por muitos e muitos anos.
Abraço e até breve.
Paulo
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