Saí da Portela de Leonte tomando uma direcção pouco usual seguindo a estrada nacional em direcção às Caldas do Gerês. Após percorrer quase 2 km, e depois de passar pela Cascata de Leonte (Cascata do Leão) e antes de chegar ao Pontão da Cantina, segui por um trilho no lado esquerda da estrada. Encosta a cima vamo-nos dividindo pela Corga do Mourô e pela Costa da Cantina. Caminhando pelo meio do bosque, a paisagem é muito distinta daquela que encontramos ao subir em direcção ao Mourô logo a partir da Portela de Leonte. Tal como ali, é evidente o secular trabalho do homem serrano no cuidado na preparação dos caminhos e no arranjo das calçadas, neste caso já muito degradada devido às chuvas.
O bosque termina e nas costas surge-nos todo o esplendor do Vale do Rio Gerês encimado pelo magestoso Pé de Cabril. Entra-se nos domínios na serra despida; aqui impera o granito interrompido aqui e ali por frondosos carvalhos que marcam os lugares de pequenos prados aproveitados pelo homem do Gerês para o abrigo. O forno do Prado do Tripeirô encontra-se numa posição priveligeada em relação ao vale, tal como uma atalaia que permite a atenção sobre os grandes domínios.
Neste prado flectiu-se para a esquerda saindo assim do trilho bem definido na Folha 30. Caminhando agora na Corga do Mourô, percorreu-se a última centena de metros até ao prado sem grande dificuldade indo se vencendo os pequenos declives e ultrapassando o pequeno riacho num daqueles oásis que nos surpreendem de quando em vez.
Caminhando quase em silêncio interrompido pelo raspar das botas na vegetação ou pelo pisotear na rochas, foi uma grande surpresa ao ver o Mourô sobrelotado com um grupo de cerca de 30 pessoas que percorriam a serrra. É interessante ver que o Parque Nacional é procurado por grupos de grandes dimensões que certamente com o conhecimento do PNPG vão percorrendo os trilhos seculares... Também no Mourô um outro grupo mais pequenoa ia marcando a sua presença... o silêncio da montanha dá-nos a sensação que o som é ampliado... ou talvez não...
Uma pequena paragem junto do forno para retemperar forças depois da debandada geral. Chamdo à contemplação da montanha, o olhar abarca os grandes domínios. Se por um lado o Pé de Cabril tem quase uma presença sempre assegurada, o Pé de Medela dá-me a orientação para futuros destinos na fortaleza de granito.
Com o dia a aquecer, desistiu-se da ida ao Borrageiro e decidiu-se a ida ao Camalhão após a subida até á Chã da Freza. Descendo a encosta percorrendo as voltas do trilho de pé-posto, a hora do repasto e do repouso chegou no Camalhão junto do pequeno forno e dos velhos carvalhos.
O regresso fez-se voltando ao Mourô e descendo directamente para a Portela de Leonte.
Fotografias: © Rui C. Barbosa
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