Com a suspensão da Portaria 1245/2009 muitos já pensaram "porquê participar na marcha do dia 12 de Dezembro"?. Muitos já disseram que esta é uma luta ganha e que o governo vai voltar atrás na sua decisão de taxar as coisas simples.
Puro engano! Talvez por já estarmos tão habituados a mentiras e às manobras dos nossos políticos, por vezes não nos apercebemos das sublimes subtilezas das suas acções. Não acho que a suspensão tenha sido uma acção de bom senso por parte do ministério; foi sim uma simples manobra, uma fuga para a frente que nos faz relembrar o período de calmia e silêncio a que esteve deitado o Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês após os meses primaveris e durante o veraneante estio. Surgiu o período de debate e discussão pública, e fomos surpreendidos por algo que parece quase certo e definitivo. As nossas questões e dúvidas foram sempre respondidas com um seco "...façam por escrito". Pois nesta altura, e após ler uma notícia no Jornal de Notícias que referia que apesar da contestação, o PNPG havia recebido poucas propostas, onde estão essas propostas? Não deveriam ser do domínio público? Não deveria o PNPG facultar o livre acesso às mesmas? Não deveria este processo ser claro e aberto; ser um processo humano e de diálogo?
A Portaria 1245/2009, de 13 de Outubro, vai muito além das nossas reivindicações como forasteiros que têm uma predilecção pelas alturas enquanto têm os pés assentes na terra, ou então o gosto pelas águas enquanto sentem a força das correntes. Esta portaria afecta a vida das pessoas que vivem dentro das áreas protegidas tornando o seu dia-a-dia mais difícil e dando-lhes uma sensação de abandono. Falando de forma específica em relação ao PNPG, duvido que o sonho de Lagrifa Mendes estivesse povoado por rasgos de pesadelo que é agora representado por aquilo que conhecemos do PNPG, de quem o dirige. Estas pessoas de face oculta na longínqua Lisboa, capital de um reino que já não existe, de uma república que se quer respeitante dos seus ideais, desconhecem a realidade de um país não a duas velocidades, mas a uma velocidade... aquela que anda para trás.
Esta é a semana que antecede a «nossa» marcha de protesto. Parafraseando uma frase utilizada por muitos montanhistas, "Esta marcha é de todos! Esta marcha é de ninguém!" Porque sabemos que só a união fará a nossa força, não podemos de deixar de estar presentes em Braga para mostrar que não aceitamos que nos tratem como uma mercadoria, como algo de que se pode dispor como se de um serviço fosse.
Fazemos isto por quem? Fazemos isto por nós. Fazemos isto por aqueles que nos acolhem na sua casa todas as semanas quando calcorreamos quilómetros e quilómetros de montanhas. Fazemos isto pelos que um dia chegarão à Nevosa e quando olharem o horizonte recortado irão pensar em Francisco José da Silva e em Rosa Maria Martins que, não sendo os primeiros a calcorrear a serra representam a humanização da Serra do Gerês e de todas as montanhas nacionais, sendo os primeiros a fixaram-se nas Caldas do Gerês.
Ousemos Lutar! Ousemos Vencer!
3 comentários:
Rui,
Quando se inicia uma luta é sempre com o intuito de a vencer... e é com esse espirito que a começamos e vamos continuar.SE nos Portugueses nos contentamos com pouco... as nossas vizinhas Espanha e França, esses não.
Ja estou a ser bombardeada de mails de solidariedade, sei que os Celtas e a FPEM tambem... Ja falei com França e vao começar a devilguar entre eles, espanha esses ja estao empenhados... e ja tenho planos para mais acções se esta nao chegar, isto tudo claro com a colaboração dos Celtas do Minho e da FPME com quem tenho mantido contactos e se tem revelado incansaveis para alem fronteiras.
Nao vamos baixar os braços com duas tretas, posso até nao ganhar nada mas pelo menos fiz alguma coisa, tentamos...Contrariamente a muitos que poderão eventualmente ficarem sentados a lamentarem-se a vida inteira por não TENTAREM, por não OUSAREM, por não VENCEREM...
Abraço companheiro...VAMOS VENCER...
É isso aí! Não podemos baixar os braços. Estou de acordo com o Rui quando diz que a suspensão é uma simples manobra. Simples e ardilosa, digo eu. Já nos habituamos a este tipo "esquemas" mas caimos sempre no mesmo erro: deixamos arrefecer as coisas. Ora, isto é demasiado grave para deixar-mos arrefecer. Não só pelos que gostam das Montanhas, que passam os seus tempos livres nestes maravilhosos espaços naturais, é também pelos que vivem nestes locais. Temos manter a chama acesa até estas questões estarem resolvidas. Jorge Sousa www.bota-rota.blogspot.com
Rui
A luta desigual que agora é iniciada pela liberdade de calcorrear os "nossos" recantos serranos no único Parque Nacional que temos, sem estar amordaçados pelos abusos de poder, vai ser vencida, porque somos (montanheiros e caminheiros)determinados.
Se os "ventos"nos trazem "recados" saberemos proteger-nos e não exitamos em seguir em frente.
Não podemos continuar a "meter a cabeça na areia" e temos o dever de saber estar, na defesa dos nossos direitos e liberdades.
Não podemos ir em contos "de embalar"; podemos não vencer, mas nunca nos vamos submeter à vontade de interesses ocultos.
Os montanheiros não se lamentam, AGEM e ENFRENTAM a Natureza, mas também sabem enfrentar desafios (des)governamentais.
Sou do GRUCAMO e já passamos a palavra aos nossos conhecidos, mesmo no exterior.
VAMOS EM FRENTE, sem receios e com convicção na defesa da nossa liberdade.Até vencer a força da NOSSA RAZÃO!
Um abraço montanheiro.
Rui Grenha
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