A costa onde se inicia a verdadeira trepada até às alturas da Serra Amarela, não é fácil e põe à prova a capacidade cardíaca logo nos primeiros 2 km do percurso. O Peito de Gemesura não é para desafiar se duvidamos da montanha, pois ela irá, mais cedo ou mais tarde, cobrar o desafio e de certeza que não somos nós que vamos ganhar!
Subindo em curvas ou por vezes num demoníaco festo, o caminho vai-nos fazer ganhar altitude à medida que a paisagem se afunda atrás de nós e os horizontes se alargam para as serranias geresianas. Por outro lado, as vertentes alcantiladas das profundas corgas levam-nos para um cenário de grandes montanhas. À medida que vamos subindo, a Corga de Gemesura encrespar-se, a serra ganha corpo e a albufeira torna-se num grande lago que desejamos mergulhar a cada pingo de suor, neste dia com o Sol que nos vai queimando a pele!
A primeira grande subida vai terminar no Couto da Aguieira que nos permite um cenário em contra-luz para a Serra do Gerês. À nossa esquerda, elevam-se os altos da Amarela e afundam-se em medonhas corgas que abrigavam Vilarinho da Furna, lá no fundo! Aqui, o caminho vai-nos dar tréguas e desce para a Chã de Baixo (Chão de Baixo), antes de iniciar a subida pela Lomba do Alto para Chã de Cima (Chão de Cima) e empinar-se de novo para a Chã de Mimpereira (Chão de Mimpereira).
Em Chã de Mimpereira encontramos as enigmáticas Casarotas, velhas construções que algumas teorias apontam como sento antigos postos de vigia da quase invisível (daquele ponto) Geira Romana ou os restos de uma velha branda, memória de transumâncias de outros tempos. Creio no entanto tratar-se dos abrigos utilizados pelas gentes de Vilarinho da Furna por alturas das batidas ao lobo, possivelmente em conjunto com os habitantes da Ermida (Ponte da Barca).
Até Chã de Mimpereira segue-se o traçado da GR34 que aqui se deixa para seguir na direcção do Fojo do Lobo de Vilarinho da Furna, testemunho da eterna luta entre Homem e Lobo, e depois prosseguir para a Chã do Muro, ladeando o Alto do Velho Tojo.
Esta parte do percurso é fácil e, mesmo não havendo marcações de GR ou PR, torna-se instintiva a prossecução do caminho assinalado com mariolas. De referir que até este ponto na caminhada são escassos ou mesmo inexistentes os pontos de água e que a nascente existente na área do fojo do lobo pode estar imprópria para consumo.
Na Chã do Muro volta-se a encontrar as marcações da GR34 que subindo para o Couto do Muro vai passar pelo topo da Encosta dos Colados de Araújo, acima do Colado de Araújo e até ao Alto da Casa da Feira e Louriça, o ponto mais elevado da Serra Amarela. Plantado com várias antenas de comunicações e com vários edifícios de apoio, a sombra que estes proporcionam é já muito agradável ao Sol que aquece a paisagem. Neste dia, um frio vento de fazia lembrar que o Inverno há pouco terminou e que os dias na montanha podem ainda ser cruéis!
Neste ponto, e olhando a Norte, apruma-se a imensa Serra do Soajo até perder de vista e notam-se os recortes graníticos da Serra da Peneda.
Baixando da Louriça, segui a estrada florestal até chegar ao marco triangulado de Meiroa e daqui até ao abrigo de Rebordo Feio, regressando depois ao ponto mais elevado da Serra Amarela e iniciando a descida para o Curral de Ramisquedo e marco triangulado de Ramisquedo, passando nas vertentes voltadas ao Vale do Rio Cabril e às fragas e granitos galegos já do outro lado da fronteira. O percurso vai prosseguir pela Chã da Fonte e daqui dirige-se pela Encosta de Ramisquedo, baixando para a Chã de Ramisquedo onde se encontra o Curral de Ramisquedo...
A GR34 prossegue para o Fragão (ponto de água) e depois para a Chã de Porto Covo, seguindo entre a Nascente dos Penedos do Carvalhal Branco (Corga do Estrêlo) e a Chã de Toutas, e flectindo no topo das Colmeias do Galante, vai prosseguir pelo Peito do Chão da Fonte e baixar para as Pardelhas e Porto do Carvalhal, já «nas traseiras» de Vilarinho da Furna.
Devido ao elevado nível das águas na Barragem de Vilarinho das Furnas, tem de se tomar um carreiro dissimulado por entre a vegetação e que se inicia logo após a passagem pelo velho moinho. Devido à sua pouca utilização, é uma luta constante contra a vegetação que o vai invadindo.
Junto da aldeia afundada tomamos o estradão florestal que nos leva de volta ao nosso ponto de partida.
Ficam algumas fotografias do dia...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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